sexta-feira, janeiro 22, 2010

A Análise: The Mars Volta - "Octahedron"

Se bem se lembram, os Mars Volta tinham um álbum que mereceu o destaque do Ruído Alternativo em 2008. Mais um ano, mais uma review mas os Mars Volta voltam a marcar presença. Um bom sinal.
Octahedron é um álbum radicalmente diferente de The Bedlam In Goliath em todos os sentidos. A maior parte das músicas que compõem este álbum poderiam muito bem ser as que ficaram de fora do registo do anterior por não encaixarem no ritmo alucinante imposto pela banda em The Bedlam In Goliath. Devido ao facto de Omar Rodriguez-Lopez querer um álbum mais calmo e específico ficaram de Octahedron o saxofonista Adrián Terrazas-González e o guitarrista Paul Hinojos, sendo que as únicas guitarras que podemos ouvir neste disco são as de Omar Rodriguez-Lopez e de John Frusciante, colaborador de longa data dos Mars Volta. Para além deste facto Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala afirmaram que este era o registo dos The Mars Volta mais próximo do formato acústico.
Convém referir que nesta altura os The Mars Volta já são vistos como um dos projectos de rock alternativo mais atractivos. Talvez esse facto, aliado às mentes Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala não pararem de criar música, tenha contribuído para o lançamento de dois registos num curto espaço de tempo. Houve a preocupação de que o primeiro single não fosse um corte brusco com o som de The Bedlam In Goliath, daí a escolha inteligente de "Cotopaxi". Quanto ao resto do álbum, o ritmo é bastante mais baixo que no seu antecessor, mas a qualidade mantém-se lá. Octahedron é fruto da vontade da banda em explorar diversas formas de abordar o seu rock tipicamente psicadélico e contém grandes músicas com: "Cotopaxi", "Since We've Been Wrong", "Teflon" e "Desperate Graves".
A estratégia de editar este disco quando as pessoas ainda estavam a ressacar The Bedlam In Goliath é que pode não ter sido a melhor. Afinal os Mars Volta já têm um carreira suficientemente sólida para poderem intervalar os seus álbuns de dois em dois ou mesmo de três em três anos. A proximidade entre os dois últimos trabalhos da banda foi prejudicial a Octahedron, que passou bem mais despercebido que o seu antecessor. Facto que não preocupa Omar Rodriguez-Lopez, que está mais interessado em mostrar ao mundo tanta música quanto possível, não só nos Mars Volta mas também nos seus muitos projectos paralelos. E os melómanos agradecem!
André Beda

Se em 2008 a palavra de ordem era a velocidade, em 2009 deixa de o ser.

Desde 2003, com o álbum de estreia, que os Mars Volta vão criando uma assinalável base de fãs de "esquizofrénicos", e com cinco álbuns na carreira, só escaparam os anos 2004 e 2007, a banda de Omar Rodríguez-López e de Cedric Bixler-Zavala volta, em 2009, após o sucesso transversal de The Bedlam In Goliath, a produzir mais um álbum experimental e progressivo, saído duma das bandas de referência na década que terminou.

Os El Grupo Nuevo De Omar Rodriguez Lopez, mais um dos grupos surgidos à volta de toda a inspiração que a dupla Bixler-Zavala e Rodríguez-López dispõe, tinham editado em 2009 o seu álbum de estreia e um mês depois, e como se não tivessem satisfeitos com o que tinham feito, os Mars Volta voltam a lançar novo álbum. Isto só mostra que existem dois homens a que não se pode negar talento, disponibilidade e qualidade no tipo de música que criam: psicadélica, progressiva e experimental; algo que já acontecesse desde meados dos anos 90 mas só com afirmação por parte do público e da imprensa na primeira década deste novo século.

Octahedron foi o nome dado ao sexto álbum da carreira dos Mars Volta, mais uma vez produzido por Omar Rodríguez-López, que difere desde logo na rapidez impressa no seu alinhamento, excepção feita às mais velozes "Cotopaxi" e "Desperate Graves".

"Since We've Been Wrong" abre magnificamente este álbum e antevê o que se pode ouvir nas músicas seguintes: tempo para reflexão, pormenores irresistíveis, complexidade, bizarria, letras permanentemente cuidadas, mas, essencialmente, e mais uma vez refiro, a inexistência de velocidade comparando com o antecessor.

Apesar de mais despercebido do que o antecessor para a maioria do público, Octahedron recebeu, da crítica musical, uma onda de elogios bem melhores do que The Bedlam In Goliath - um dos melhores de 2008. Isto só mostra o distanciamento entre público e a imprensa musical. No entanto, nem todos os melómanos deixaram escapar este novo trabalho dos Mars Volta que consolida a banda como uma das melhores do mundo no género progressivo, psicadélico e experimental.

Carlos Montês

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