quarta-feira, janeiro 27, 2010

A Análise: Them Crooked Vultures - "Them Crooked Vultures"

A banda de sonho que Dave Grohl começou a formar em 2005 lançou no final do ano passado o seu disco de estreia. Them Crooked Vultures é assim o primeiro disco fruto da colaboração de Grohl com Josh Homme e John Paul Jones.
Logo à partida, este seria um disco que criaria muitas expectativas, mas a verdade é que foram ainda maiores quando se soube que os nomes dos intervenientes eram John Paul Jones, o eterno baixista dos Led Zeppelin; Dave Grohl, ex-baterista dos Nirvana e fundador dos Foo Fighters e Josh Homme, homem que teve a brilhante ideia de ligar uma guitarra a um amplificador de baixo, criando assim a sonoridade stoner rock nos Kyuss e homem forte dos Queens Of The Stone Age. Durante algum tempo falou-se que os Them Crooked Vultures estariam à procura de um vocalista, havendo rumores que Homme tentou levar Mike Patton para o deserto. A inclusão de Patton neste projecto seria o que Jorge Jesus gosta de chamar "uma faca de dois gumes": por um lado era bom que não fosse Homme a cantar, para evitar comparações, que se revelaram inevitáveis, com os Queens Of The Stone Age, por outro a sonoridade dos Them Crooked Vultures teria de ser um pouco diferente para que a voz de Patton encaixasse.
Em Outubro saía a primeira amostra do disco, "New Fang", e assustei-me. Não era bem o que estava à espera dos TCV, por isso a partir desse momento deixei de criar expectativas em relação a este disco. E foi bastante melhor assim, pois quando o disco saiu fiquei completamente rendido, apesar de ainda achar "New Fang" a música mais fraca do disco, numa escolha para single que, para mim, foi infeliz.
De resto, cada um dos Vultures dá o seu melhor no disco: Dave Grohl, sem a exuberância dos tempos de Nirvana ou de Songs For The Deaf, dá excelentes linhas rítmicas em músicas como "Elephants" e "No One Loves Me & Neither Do I"; Josh Homme em bom plano nível vocal e com alguns riffs estrondosos como em "No One Loves Me & Neither Do I" e "Gunman" e John Paul Jones com boas linhas de baixo e a recuperar a tradição de fazer orquestrações pelo meio de um álbum de rock [algo que já havia feito nos Led Zeppelin] em faixas como "Bandoliers", "Reptiles" e "Scumbag Blues".
Posto isto, o álbum de estreia dos Them Crooked Vultures foi um dos discos que teve entrada directa para as listas de melhores do ano. Algo perfeitamente justificado. Há quem diga que o disco soa a Era Vulgaris, o último dos Queens Of The Stone Age. Não digo que não, mas Them Crooked Vultures vai para muito além do som seco de Era Vulgaris, quer pela qualidade dos músicos envolvidos, quer pelo risco que seria se Homme fizesse nos Them Crooked Vultures uma cópia de algo que já tinha feito. A recepção da maior parte do público foi boa e a crítica também aplaudiu o registo de estreia da banda que ainda pode passar por Portugal. Fiquem atentos.
André Beda

Dou-vos três razões para a escuta obrigatória deste álbum: Josh Homme, Dave Grohl e John Paul Jones.
Desde 2005 que já se falava de um projecto que reuniria os três nomes, em cima referidos, num super grupo que poderia surpreender o mundo da música e capaz de acelerar os corações mais rockeiros do planeta. Ei-lo, então, em 2009.
Chegou-se a dizer que Mike Patton, dos Faith No More, poderia elevar o trio a quarteto, mas tudo não passaram de rumores, e, em Novembro de 2009, os Them Crooked Vultures lançaram, para regalo de todos, o seu álbum homónimo de estreia. Um disco que merece atenção de todos no ano que passou.
A excitação e os espasmos não eram para menos, ver três grandes vultos da história do rock mundial no mesmo projecto só poderia resultar nisso, ou não estaríamos a falar de nomes tão incontornáveis como: Josh Homme (Kyuss, The Desert Sessions, Queens Of The Stone Age e Eagles Of Death Metal), Dave Grohl (Nirvana, Foo Fighters e Probot) e John Paul Jones (Led Zeppelin).
Todo o apetite musical que daí resultara fora saciado com pequenos excertos de músicas espalhados na Internet pela banda e o resultado final correspondeu perfeitamente aos pequenos e fantásticos trechos musicais disponibilizados perto do último trimestre do ano passado.
Todos sabemos que a criação de um super grupo cria muitas expectativas na imprensa musical e no público, afinal reunir tanta genialidade num só disco "deveria corresponder, invariavelmente, a uma obra-prima", mas a verdade é que muitas vezes - para não dizer todas - as expectativas sobrepõem-se, em larga escala, ao resultado final, daí o seu menor sucesso, o que nem sempre corresponde à qualidade apresentada. Por vezes, os egos dos génios desses grupos também se metem pelo meio e, normalmente, é preciso alguma persistência para que os resultados surjam e para que não se acabem tais projectos. No entanto, com os Them Crooked Vultures tudo parece diferente.
Logo para começar a idade deve ter ajudado um pouco: Grohl e Homme são velhos fãs de Jones e a imagem que sai cá para fora é de respeito e de divertimento, não de luta pelo seu espaço na banda. Para além disto, o álbum caiu no goto da imprensa e assistimos, assim, a um dos melhores de 2009.
Them Crooked Vultures - o álbum - apresenta-nos canções capazes de nos fazer lembrar os imensos projectos de cada um dos elementos do trio. Queens Of The Stone Age (era Grohl na bateria - Songs For The Deaf)", este álbum recai muito nos ambientes que Josh explora nos seus projectos, no entanto também os Led Zeppelin de Jones estão cravados na música deste projecto. Um olhar para as carreiras dos três elementos da banda com uma piscadela ao futuro da sua música, principalmente na música dos projectos e álbuns futuros de Homme.
Pode não ser a obra-prima que todos esperavam, mas músicas como "No One Loves Me & Neither Do I", "Mind Eraser, No Chaser", "New Fang", "Elephants", "Scumbag Blues", "Bandoliers" ou "Gunman" mostram o poder da união de três grandes nomes da música mundial, que transformam os Them Crooked Vultures num dos projectos mais marcantes de 2009 e da década de 2000. Nós agradecemos.
Carlos Montês

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