sexta-feira, janeiro 15, 2010

A Análise: Mundo Cão - "A Geração Da Matilha"

2007 marcou a estreia dos Mundo Cão, projecto com raízes desde 2001, que tem como vocalista Pedro Laginha, actor de profissão, que se introduziu nas lides musicais com alguma estranheza por parte do público. No entanto, este factor não foi problema para a banda que viu o público e a imprensa musical renderem-se ao seu álbum de estreia homónimo, transformando-se num fenómeno de culto nacional.
As comparações com os Mão Morta eram óbvias, afinal Adolfo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, assinara todas as letras do debute do grupo, mas lá fizeram o seu caminho: muitos concertos e festivais e um Globo de Ouro em 2007 como banda revelação.
Já no ano passado, os Mundo Cão, lançaram A Geração Da Matilha, desta vez com letras divididas por Adolfo Luxúria Canibal e Valter Hugo Mãe. Um disco, segundo a banda, de "amor e ódio" mas muito mais brilhante que o disco de estreia. A banda que diz ser "formada em Braga" apresentou neste segundo álbum um conjunto de canções com bastante potencial para fazer parte de muitas playlists de MP3s e iPods de muitos fãs e ouvintes comuns. Rapidamente nos rendemos à forma acústica de músicas como "Dá-me Amor Ou Ódio" e "Logo Agora (Maldade Pura)", ou à força imposta em "Amantes Sem Sal", "Como Um Cão" e "Tu Não És Princesa".
As letras, essas, já sabemos que são altamente cuidadas, e pelos autores destas não é preciso dizer mais nada do que: poderosamente profundas, muito trabalhadas mas que facilmente se retêm na memória. Quanto à música esta está muito mais desinibida, mais homogénea e mais poderosa, o que, com o passar do tempo e ao segundo álbum, permitiu a Pedro Laginha ganhar muito mais confiança na interpretação das palavras que transbordam neste trabalho.
Ao segundo álbum os Mundo Cão até podem continuar a ser uns "pequenos Mão Morta", mas um ouvinte mais atento vê que este projecto é muito mais solarengo e de melhor digestão do que os Mão Morta. No mínimo pode servir de ponte para a descoberta de um grupo de 25 anos oriundo de Braga, mas de pressa se percebem as diferenças deste dois projectos. Os Mundo Cão apenas tiveram um grande padrinho no mundo da música: Adolfo Luxúria Canibal.
Que continuem com este caminho ascendente quando apresentarem o terceiro álbum ao país. A banda pode muito facilmente ascender a patamares de bandas como Xutos & Pontapés, Da Weasel ou, mesmo, Mão Morta. Têm o potencial para isso mas a tarefa exige muita insistência e trabalho.
Carlos Montês

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