quinta-feira, janeiro 14, 2010

A Análise: Os Golpes - "Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco"

Estamos no final de 2008, depois do fenómeno musical criado à volta da editora FlorCaveira, que tem no seu plantel grupos e artistas como: Os Pontos Negros, Tiago Guillul, Samuel Úria, João Coração, B Fachada, entre outros, já se começam a procurar novas bandas para uma "nova vaga" de rock em Portugal e uma banda, em particular, que se assuma como a maior revelação de 2009; revelação interpretada em 2008 pelos Pontos Negros.
De entre as apostas, Os Golpes foram, sem dúvida, a banda que mais vezes fora referida como séria promessa e "vencedora" na categoria de banda revelação do ano 2009. Porém, hoje, com balanço musical de 2009 feito, uma certeza ficou: Os Golpes não conseguiram recriar o mesmo fenómeno transversal que Os Pontos Negros criaram, ponto final.
No entanto, nem tudo está perdido. Com esta procura de novas bandas nacionais tudo indica que, afinal, existem pessoas que olham para a música feita em Portugal!
Os Golpes foram apresentados pela imprensa como algo entre "uns novos Heróis Do Mar e uns The Strokes portugueses”, mas rapidamente tudo se transformou numa grande pressão para a banda que estava numa fase muito precoce da carreira. Pressão essa que os quatro "rapazes" lisboetas, Nuno dos Golpes, Pedro da Rosa dos Golpes, Luís d'Os Golpes e Manuel Fúria dos Golpes, não aguentaram.
"A Marcha Dos Golpes", cartão de visita de Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco, o álbum de estreia d'Os Golpes, cheio referências, não desapontou mas não conseguiu o mesmo efeito que o single “Contos De Fadas De Sintra A Lisboa” d'Os Pontos Negros, pelo que à partida foi mais difícil chegar a mais ouvintes; isto para muita gente é a mesma coisa que o fracasso. Tal impediu sucesso comercial deste disco, o que só demonstra, também, os erros de marketing deste álbum.
"O Canto", "O Arraial", "Fogo Posto" ou "Embarcadiço" são bons exemplos do que é feito este álbum, no entanto, pelo meio do trabalho parece que a banda se perde do seu rumo: as faixas instrumentais mais parecem falta de inspiração do que uma tentativa de mostrarem os seus dotes musicais. À primeira audição pode parecer agradável mas com o tempo apenas estão a "empatar" o ouvinte e talvez seja este o "podre" que fez com que as críticas ao álbum não fossem tão positivas como inicialmente se esperava na estreia d'Os Golpes.
Mas nem tudo é mau, Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco permitiu à banda uma agenda preenchida, com principal destaque para a sua actuação no Optimus Alive!09, que marcou o início do festival. Tarefa difícil para uma banda pouco conhecida pelo público presente no palco secundário do festival, mas, mesmo assim, na linha da frente da assistência, chegou-se a ouvir fãs a cantar de cor muitas músicas da banda.
Contudo, este álbum merece também referência no ano 2009 pela sua história. Os Golpes, juntamente com Os Tornados e os Doismileoito, continuaram a dinamizar o percurso deixado pelos Pontos Negros em 2008. Apresentaram mais uma vaga de boa música portuguesa e cantada em português [!], o que é de salientar e salutar!
Está de boa saúde a produção nacional e recomenda-se!
Carlos Montês

2 comentários:

  1. Tivessem os Golpes metade da promoção dos Pontos Negros (Universal) e teriam chegado bastante mais longe. E olhe que o disco apenas saiu em Maio.

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  2. Caro Carlos Montês:
    1. A editora dos Golpes é a Amor Fúria, e não a Florcaveira.
    2.Os Golpes não são Lisboetas.

    Quanto ao resto... o disco esgotou em 6 meses.
    Nada mal para um "erro de marketing", ãh?

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