quarta-feira, janeiro 20, 2010

A Análise: Bizarra Locomotiva - "Álbum Negro"

Formados em 1993 por Rui Sidónio e Armando Teixeira, os Bizarra Locomotiva foram, ao longo de todos estes anos, um fenómeno essencialmente underground da música nacional. Fieis à sonoridade industrial que sempre os caracterizou, a banda consegue [finalmente] uma repercussão assinável em relação ao seu trabalho.
Com a ilustre participação do amigo de longa data Fernando Ribeiro (Moonspell) no tema "O Anjo Exilado", que certamente contribuiu para que o álbum chegasse a mais pessoas, Álbum Negro chega após Ódio, o último registo de originais dos Bizarra lançado já no longínquo ano de 2004. Não se pode dizer que a estratégia não resultou: quando muito boa gente já perguntava onde se teriam metido os Bizarra Locomotiva eis que chega ás lojas Álbum Negro.
A recepção por parte do público dificilmente poderia ser melhor: os que já conheciam a banda ficaram agradados com um regresso em grande, por outro lado, os que tiveram no ano passado o primeiro contacto com a música da banda ficaram surpreendidos com o poderio sonoro demonstrado. O Álbum Negro não se ficou por dentro das fronteiras nacionais e saltou à vista de algumas das mais importantes publicações musicais europeias.
Todo o alarido à volta deste trabalho tem razão de ser: pioneiros numa sonoridade electrónica e pesada no nosso país, os Bizarra Locomotiva [apesar de já terem passado muitos anos desde a sua estreia] lançaram no ano passado um dos melhores discos da sua carreira. Liricamente a sempre complexa forma de exprimir impressões de Rui Sidónio marca presença e sonoramente o álbum está tão denso como nunca outro álbum dos Bizarra esteve antes. Basta ouvir músicas como "Egodescentralizado", "O Anjo Exilado", "Sufoco De Vénus" e "Êxtases Doirados". Apesar da intensidade destes temas, continua a haver espaço para estucadas sonoras secas como "A Procissão Dos Édipos".
Deixo aqui um sério aviso a quem ainda não ouviu o álbum: há grandes hipóteses de ficarem extremamente viciados. Longa vida aos Bizarra!
André Beda

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