A Análise: Pearl Jam - "Backspacer"

Segundo os próprios, os Pearl Jam nunca foram um banda de grunge. Na minha opinião até podem ter sido, mas terão deixado de o ser na altura certa. Mesmo a tempo de evitar que a banda se afundasse com o movimento. Tudo isto são aguas passadas, hoje o conjunto de Eddie Vedder é uma das maiores bandas de rock de sempre e prova disso é boa receptividade ao mais recente da banda de Seattle, Backspacer.

Muitos factos poderiam ser referidos acerca deste álbum, mas o que importa salientar é que Backspacer foi o álbum que obteve, logo após ser editado, excelentes reacções por parte dos fãs da banda. Talvez nos últimos 10 anos de Pearl Jam seja difícil encontrar um disco que tenha provocado tão boa impressão entre os fãs. Será que os Pearl Jam chegaram à fase da carreira em que já não é necessário grande esforço para fazer um disco que venda bem? Talvez, mas não é por isso que Backspacer deixa de ser um bom disco.

Se o anterior registo da banda [Pearl Jam, o álbum] traçava uma perspectiva algo negra do estado actual das coisas, não se chamasse o primeiro single "World Wide Suicide", Backspacer parece fazer precisamente o contrário. Talvez os Pearl Jam quisessem que os temas líricos estivessem a condizer com uma atmosfera sonora com influências pop e new wave, mais uma vez a contrastar com o puro rock que se podia ouvir em Pearl Jam. Mudança mais que natural, uma vez que os Pearl Jam foram uma das bandas que mostrou publicamente o seu apoio a Obama como candidato nas presidenciais americanas.

Entre o público, seria dificil conseguir melhores reacções ao álbum. Backspacer consegue agradar não só aos apreciadores de "Even Flow" com as "rockeiras" "Gonna See My Friend", "Got Some", "The Fixer" e "John Guitar", mas também aos apreciadores de "Last Kiss" com a acalmia de "Just Breathe" e "Amongst The Waves".

Por tudo isto, Backspacer, apesar de não ficar para a história como um dos melhores dos Pearl Jam, acaba por marcar o ano de 2009. Boa maneira que os Pearl Jam arranjaram para lembrar que ainda têm milhões de fãs pelo mundo fora.

André Beda

2010 é ano de comemoração do 20.º aniversário dos Pearl Jam, a banda que resistiu à hipotética morte do grunge transformou-se, ao longo de vinte anos, numa das maiores bandas de rock da actualidade. 2009 foi, para além do assinalar da maioridade de Ten, o fantástico e marcante álbum de estreia de 1991 com várias edições de luxo, o ano do lançamento do seu nono álbum de originais, Backspacer.

Três anos após a Pearl Jam - o álbum - a banda de Seattle apresenta um álbum muito menos politizado que o anterior, facto que se deve à eleição de Obama como presidente dos E.U.A. No entanto, não foi este factor que impediu o sucesso imediato de Backspacer.

Este novo disco tem produção de Brendan O'Brien, responsável por trabalhos de bandas como: Stone Temple Pilots, Rage Against The Machine, Incubus, Korn, Papa Roach, Audioslave, Velvet Revolver, The Offspring, Mastodon, AC/DC, Billy Talent, entre outros. O'Brien já trabalhara com os Pearl Jam nos álbuns Vs. (1993), Vitalogy (1994) e ainda em Mirror Ball, interpretado pelos Pearl Jam e Neil Young, e no ano passado juntou-se novamente à banda para mais um álbum de estúdio.

Apesar de parecerem um pouco mais moles na forma como dão força ao seu rock, Backspacer, dos Pearl Jam, apresenta algumas grandes malhas, bem à maneira da linha hard-rock apresentada em "World Wide Suicide", "Life Wasted", "Do The Evolution", "Hail Hail", entre outras.

"Gonna See My Friend", "Got Some", "The Fixer" e "Johnny Guitar" abrem o álbum que, logo com quatro faixas de rajada, deixam o ouvinte sem fôlego. "Just Breathe", mais uma grande balada para uma carreira que tem no seu reportório músicas como "Last Kiss", "Wishlist", "Nothing Man", "Better Man" ou "Black", é a música que se segue, acompanhada pelas também serenas "Amongst The Waves" e "Unthought Known". "Supersonic" teima, e bem, na frase "Supersonic going into my soul", "Speed Of Sound" mostra-se como uma canção de esperança, "Force Of Nature" é comandada por um solo e a acústica "The End", o tipo de canções que sempre resultaram bem na carreira das bandas grunge, fecha mais um álbum que contribui para a estabilização da carreira e do estatuto dos Pearl Jam, numa altura em que nos E.U.A. não têm editora e estão por conta própria.

Backspacer não é a melhor coisa que aconteceu na carreira dos Pearl Jam, mas não deixa de ser um grande álbum de 2009 com o essencial para ser um bom disco. Estão muito perto do patamar onde estão os U2, mas o rock não deixa de ser ponto assente na sua carreira e ainda bem!

Carlos Montês