terça-feira, janeiro 26, 2010

A Análise: Alice In Chains - "Black Gives Way To Blue"

Um dos maiores regressos, não só do ano passado mas da história do rock em geral, foi o dos Alice In Chains. Depois da morte de Layne Staley, em 2002, a banda voltou a juntar-se em 2006 e convidou William DuVall para vocalista/segundo guitarrista. Depois de muitos concertos pelo mundo fora, alguns com ilustres convidados como Phil Anselmo, Sebastian Bach e James Hetfield, a banda editou no ano passado Black Gives Way To Blue.
Este disco caiu bem entre público e crítica, algo que se adivinhava difícil pois a banda substituiu Layne Staley, um dos mais carismáticos vocalistas da história do rock, pelo pouco conhecido William DuVall dos Comes With The Fall. A árdua tarefa foi superada, uma vez que Jerry Cantrell assumiu maior protagonismo nos vocais, na maior parte das vezes em duo, e quando a voz de DuVall aparece sozinha podemos confirmar este rapaz tem um óptimo registo vocal.
Inevitável será falar na carreira pré-DuVall dos Alice In Chains. Se Black Gives Way To Blue é um disco completamente diferente do seu antecessor, Alice In Chains de 1995, o mesmo já não poderemos dizer se compararmos o novo disco da banda com Dirt e, especialmente, Facelift. Neste disco os Alice In Chains recuperam a sonoridade do primeiro disco da banda, com riffs pesados e, por vezes, acelerados. É bom relembrar que em 1990, data da edição de Facelift, nem os Alice In Chains sabiam da existência de um tal de grunge. Como tal, Black Gives Way To Blue não é um álbum de grunge deslocado no tempo, é, isso sim, um bom álbum de hard rock.
É notório que o passado da banda não foi esquecido: podemos ouvir Facelift em "Last Of My Kind" [com William DuVall a solo nas vozes], Dirt em "Check My Brain", Alice In Chains em "Your Decision" e até há espaço para novas aventuras como "A Looking In View". Quem também não foi esquecido foi Layne Staley, a quem os Alice In Chains dedicam o seu novo disco.
A recepção a Black Gives Way To Blue prova que os Alice In Chains e o seu novo vocalista William DuVall passaram com distinção pelo teste. O teste era ainda maior para DuVall que tinha entre mãos a responsabilidade de estar no lugar de um dos mais brilhantes intérpretes da história do rock, Layne Staley. Sem ser uma cópia de Staley, DuVall superou as expectativas de todos com uma excelente prestação ao longo do disco. Agora é tempo de promover Black Gives Way To Blue "nas calmas", já que a banda ainda terá muito tempo para dar ao mundo da música algo de bom.
André Beda

Já todos sabemos a história dos Alice In Chains; resumindo: saídos de Seattle nos anos 90, conquistaram o mundo com o seu som tipicamente grunge e em 2002 viram o seu vocalista, Layne Staley, falecer, quando o ano de lançamento do seu último álbum era 1995.

Em 2004, começaram a circular rumores de que os Alice In Chains tinham voltado a tocar juntos, e o ano seguinte daria razão a esses rumores com os Alice de regresso aos palcos com vários vocalistas convidados. Estes espectáculos transformariam-se em digressões e assim foi até 2007, ano em que confirmaram que estavam a gravar novo material. Nesse mesmo ano apresentaram, oficialmente, William DuVall como novo vocalista da banda - este que também surgira em anteriores espectáculos do conjunto norte-americano.

Após tanta espera, eis que em 2009 os Alice In Chains lançam o seu novo e quarto álbum de originais.

Com a troca de vocalista é normal que cresça uma desconfiança por parte dos ouvintes, afinal a voz é algo inimitável a 100% e a identidade de uma banda, normalmente, é transformada com tal substituição; se ainda fosse guitarrista ou baterista, ninguém notaria... No entanto, no caso dos Alice In Chains podemos afirmar que a identidade não mudou nada, ou quase.

William DuVall já se tinha mostrado ao vivo como um dos melhores sucessores de Layne Staley, sem acusar muita desconformidade quanto à voz do seu antecessor, e, para além disso, desde o terceiro trabalho dos Alice In Chains que Jerry Cantrell, guitarrista da banda, se assumia cada vez mais como segundo vocalista da banda e não como uma voz de "coro". Isto, juntamente com saudosismo e qualidade evidenciada, foram factores determinantes para o sucesso deste novo álbum dos Alice In Chains.

Black Gives Way To Blue é a continuação de uma carreira que estava em plena fase de ascensão [1990-1995]. O som continua pesado e "riffalhento", como já nos apresentaram antes. Cantrell assume-se ainda mais como vocalista da banda, apesar DuVall ter sido encarregue de tal função e de ainda ter um espaço pequeno como vocalista quando comparado com Staley. No entanto, a participação de DuVall como vocalista e guitarrista, é muito bem-vinda neste álbum.

Músicas como "All Secrets Known", "Check My Brain", "Last Of My Kind", "Acid Bubble" e "Lesson Learned" mostram que o próprio legado dos Alice In Chains não fora esquecido, 14 anos depois do último disco de originais. Toda a sua forma, vigor e energia estão descritos em Black Gives Way To Blue e não será errado dizer que este álbum é mais pesado que os anteriores.

Os Alice In Chains mostram que continuam a saber escrever e criar grandes canções e baladas acústicas, como tinham feito antes - ouvir "Your Decision" [mais uma grande balada para a sua carreira], "When The Sun Rose Again" e "Black Gives Way To Blue" [com a improvável participação de Elton John no piano].

Com o regresso e com este novo álbum, os Alice In Chains mostram toda a sua (nova) fibra. A avaliar pelas críticas musicais, qualidade e maior dinamismo não lhes falta [ouvir "A Looking In View"]. O público cada vez mais aplaude o sucesso da banda e os fãs cada vez mais se apaixonam pelas músicas.

Black Gives Way To Blue é claramente um dos melhores discos do ano, marca 2009 pelo regresso fantástico de uma das bandas que marcou a década anterior e mostra que William DuVall, que vem dos desconhecidos Comes With The Fall, é um grande músico, capaz de dar um novo brilho à banda e de criar estabilidade.

Sucesso à vista e sejam bem-vindos novamente.

Carlos Montês

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