sábado, dezembro 10, 2011

A Análise: Tom Petty And The Heartbreakers - "Mojo"

Para quem não vive só dos novos artistas, os saídos deste novo milénio, ou simplesmente de hypes, 2010 revelou-se um ano de regresso ao nosso baú de memórias. Tom Petty juntou-se, oito anos depois de The Last DJ, aos seus The Heartbreakers e assim voltou à boa forma, como à ribalta, com Mojo, o álbum que nos presenteou no ano que passou - e ele já tem 60 anos!
Décimo segundo álbum na discografia dos Tom Petty And The Heartbreakers este álbum está longe daquele rock pintando em tons de pop que a banda nos oferecera nos seus dourados anos 80. Puramente blues-rock e com a electricidade que baste, Mojo converte-nos. O regresso às origens é óbvio logo à primeira música, "Jefferson Jericho Blues". Os solos e riffs estão de volta à tona continuando também de mãos dadas com o espírito romântico de um dos maiores galãs da cena musical norte-americana do século passado. As baladas fazem-se ouvir por aqui: "First Flash Of Freedom", "The Trip To Pirate's Cove", "No Reason To Cry" ou "Lover's Touch", são alguns dos bons exemplos da primazia romântica de Petty e dos companheiros quando ao coração querem falar - experiência não falta. O jazz também vai invadido muitos dos ambientes do disco, com o piano e violão a postos ("Running Man's Bible", "Let Yourself Go" ou "High In The Morning", ora jazzy ora e bluesy) e até algum bom humor e esperança descem a Mojo ("U.S. 41" ou "Candy"). Muitos solos são de arrepiar e a versatilidade é abundante. De alma claramente rock temos as certeiras "I Should Have Known It" e "Takin' My Time", onde os Heartbreakers mostram a sua veia mais rock e mais suja mas com extraordinária confiança - o peso da idade também toca neste disco.
A narrativa de Petty é extremamente clara quanto à interpretação das letras diz respeito e a sensação de total lucidez em Mojo é evidente. As histórias são muito importantes neste disco não abafando a total nudez dos sons de cada instrumento, revistos ao pormenor sem que plástico possam parecer. Este é o disco de regresso à boa forma de Petty e dos Heartbreakers, que nos últimos tempos pareciam meio perdidos nas suas crises de meia ou maior idade. Um bonito presente a uma carreira consolidada lá para lados das Américas que nos deixa a sensação de dever cumprido. Independentemente do que possam ou não fazer daqui para a frente uma coisa é certa: Tom Petty And The Heartbreakers com Mojo ganham e 're-ganham' o respeito e o seu pequeno lugar na história do rock - mesmo que se trate de poucas linhas. Agradecimentos feitos.
Carlos Montês

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