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Vamos por partes: a onda experimentalista, nunca antes vista em projectos de White e a introdução de mais funk, electrónica e até mesmo hip-hop faz-se notar mais ainda. Isto só tem uma explicação, o universo de Alison Mosshart dos The Kills é muito mais preponderante do que qualquer outro projecto em que White tenha colocado o dedo. No entanto não deixa de ser curioso a convergência de todas a ideias e das bandas a que estão colados cada um dos elementos neste disco, tal como na sua estreia. A marca The Dead Weather já entrou na adolescência e mostra agora, ao segundo disco, a sua própria identidade. Os pianos e sintetizadores ganham maiores proporções e experiências é o que não falta por aqui. Tudo isto num surpreendente álbum, despercebido por entre as massas.Há quem apelide este disco de superior há estreia e entenda-se, por bem, que assim o é. Senão vejamos, o rock está mais agarrado a este disco do que ao de estreia, nada destoa e está tudo mais consolidado. A banda despiu-se de preconceitos e numa aparente jam session agarra-se às guitarras, à distorção, à sujidade e a tudo o que lhe é inerente: ambientes negros, instintos primários, elementos crus, à explosão, ao barulho e transforma tudo isso num álbum mais coeso, por impossível que seja. Tudo está escalado. Os órgãos sombrios como nunca e a abordagem é mais directa e concisa. Só "I Cut Like A Buffallo" do disco de estreia se aproxima do espírito imbuído neste disco - e se na estreia já era bom tudo fica ainda melhor ao segundo disco.Não há se quer a tentativa de criação de belas melodias e harmonias, tudo é fruto da espontaneidade, "penso, logo toco" e ás vezes pensar nem parece ser preciso, basta tocar desenfreadamente. O vício deste disco é esse jogo básico em que a banda mergulha. Estes são uns The Dead Weather assustadores e incrivelmente sedutores. Finalmente demarcam-se de maior parte dos projectos inerentes à banda, pelo menos os de Jack White que tanto influenciam a música que este faz em diferentes grupos. Pelo meio há ainda uma luta e sedução entre Mosshart e White dentro da maior luta de todas que é procura de espaço por parte de cada um dos elementos do grupo, tudo saudavelmente audível com gemidos de prazer e gritaria que se farta - rock aos molhos. Isto sim é um super-grupo e um quase quase super-disco, todos assim o desejamos. Cobardes ao não estruturarem impecavelmente cada uma das canções? Não(!), corajosos!
Carlos Montês
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