sábado, dezembro 10, 2011

A Análise: The Dead Weather - "Sea Of Cowards"

Ao segundo disco quase que desapareceram da cena central da música mas a imprensa continua aplaudir um dos projectos de Sir Jack White (ex-The White Stripes e The Raconteurs) que junta também, entre outros, Alison Mosshart (The Kills). Ainda nem um ano tinha passado sobre a estreia Horehound e 2010 já nos trazia Sea Of Cowards, álbum gravado em tempo recorde, como já é apanágio do universo de White. Algo inexplicável foi o desaparecimento quase espontâneo da maior parte dos seus ouvintes bem como dos destaques meritórios e que lhes deveriam ter feito, mas não vamos por aí. Na altura da eleição dos melhores discos de 2009 por parte da equipa do Ruído Alternativo os The Dead Weather marcaram presença com a sua estreia e agora voltam à nossa lista por razões lógicas e explicadas já a seguir. Na altura começava a minha análise com a seguinte frase: "Quem parta para este álbum à espera de um somatório dos vários projectos de que fazem parte os elementos desta banda, acertou", e o mote continua o mesmo, no entanto é de notar que a marca The Dead Weather já se faz notar.
Vamos por partes: a onda experimentalista, nunca antes vista em projectos de White e a introdução de mais funk, electrónica e até mesmo hip-hop faz-se notar mais ainda. Isto só tem uma explicação, o universo de Alison Mosshart dos The Kills é muito mais preponderante do que qualquer outro projecto em que White tenha colocado o dedo. No entanto não deixa de ser curioso a convergência de todas a ideias e das bandas a que estão colados cada um dos elementos neste disco, tal como na sua estreia. A marca The Dead Weather já entrou na adolescência e mostra agora, ao segundo disco, a sua própria identidade. Os pianos e sintetizadores ganham maiores proporções e experiências é o que não falta por aqui. Tudo isto num surpreendente álbum, despercebido por entre as massas.
Há quem apelide este disco de superior há estreia e entenda-se, por bem, que assim o é. Senão vejamos, o rock está mais agarrado a este disco do que ao de estreia, nada destoa e está tudo mais consolidado. A banda despiu-se de preconceitos e numa aparente jam session agarra-se às guitarras, à distorção, à sujidade e a tudo o que lhe é inerente: ambientes negros, instintos primários, elementos crus, à explosão, ao barulho e transforma tudo isso num álbum mais coeso, por impossível que seja. Tudo está escalado. Os órgãos sombrios como nunca e a abordagem é mais directa e concisa. Só "I Cut Like A Buffallo" do disco de estreia se aproxima do espírito imbuído neste disco - e se na estreia já era bom tudo fica ainda melhor ao segundo disco.
Não há se quer a tentativa de criação de belas melodias e harmonias, tudo é fruto da espontaneidade, "penso, logo toco" e ás vezes pensar nem parece ser preciso, basta tocar desenfreadamente. O vício deste disco é esse jogo básico em que a banda mergulha. Estes são uns The Dead Weather assustadores e incrivelmente sedutores. Finalmente demarcam-se de maior parte dos projectos inerentes à banda, pelo menos os de Jack White que tanto influenciam a música que este faz em diferentes grupos. Pelo meio há ainda uma luta e sedução entre Mosshart e White dentro da maior luta de todas que é procura de espaço por parte de cada um dos elementos do grupo, tudo saudavelmente audível com gemidos de prazer e gritaria que se farta - rock aos molhos. Isto sim é um super-grupo e um quase quase super-disco, todos assim o desejamos. Cobardes ao não estruturarem impecavelmente cada uma das canções? Não(!), corajosos!
Carlos Montês

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