Rock progressivo, onde andaste tu durante tantos anos? Certamente que foste vivendo no underground. Nos últimos anos o seu espírito ressurgiu naquilo a que muitos chamam de post-rock, o primeiro rótulo a que são sujeitos os Crippled Black Phoenix. No entanto, a atmosfera sonora de I, Vigilante até nos remete mais para o imaginário do início do rock progressivo. O álbum está recheado de toneladas de distorção, é certo, mas a introdução de instrumentos vai muito para além da guitarra, bateria e baixo tão característica das bandas de rock. Juntem a isso teclados, sintetizadores, banjos, guitarras dobro e saws e têm a receita para o som dos Crippled Black Phoenix.
Apesar do passado dos elementos da banda incluir passagens por Mogwai e Electric Wizzard, o colectivo britânico tem passado ao lado da crítica mundial. Nem seria justo que a banda estivesse num patamar mais elevado de reconhecimento somente pelo background dos seus músicos. I, Vigilante é uma obra que requer, por si só, uma maior atenção. Nele os Crippled Black Phoenix procuram encontrar os limites da sua criatividade, o que num grupo recheado de multi-instrumentistas talentosos só poderia resultar num enorme álbum.
I, Vigilante é, até agora, o canto de cisne de uma banda de rock progressivo britânica que não se envergonha dos pioneiros do género (como muitos se envergonharam) e faz-lhes neste trabalho a devida homenagem. Apesar de tudo isto, colocam os olhos no futuro e não se limitam a repetir o que já foi feito. Dêem uma oportunidade a esta banda e não vão querer outra coisa nos próximos dias.
André Beda
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