Uma das maiores reinvenções musicais do ano passado teve o carimbo dos canadianos Black Mountain. É impossível ouvir Wilderness Heart sem pensar "isto é velho, mas soa a novo". É certo que rock psicadélico está de volta aos ouvidos de muita gente neste novo século e que já ouvimos as mais variadas interpretações do género que os artistas têm feito. A dos Black Mountain não será a mais surpreendente, mas é a que mais se aproxima do conceito original e que consegue actualizar a sonoridade sem a modificar excessivamente.
Estamos aqui a falar em psicadelismo, mas os Black Mountain vão beber a muitas outras paragens. Ao longo de Wilderness Heart vamos ouvindo harmónicas características do música country, músicas aceleradas e riffs pesados (herança do heavy-metal) e até uma certa pitada de rock progressivo. Muitas já foram as bandas de rock que usaram e abusaram das harmonias vocais fora dos refrões, sendo talvez o maior exemplo o dos Alice In Chains. Nos Black Mountain quase todos os temas deste álbum são cantados em dueto, mas encontramos uma voz feminina. E ainda dizem que o rock é só para homens. O que é certo é que a inovação resulta bem em termos gerais.
Até agora parece que as minhas escolhas para melhores discos de 2010, apesar de algumas até serem bandas novas, constituem um qualquer revivalismo dos anos 60 e 70 e isto tem uma razão de ser: o funcionamento cíclico da industria musical reflecte-se também na criação musical. Daqui a bem pouco tempo estaremos a ouvir bandas de rock altamente influenciadas pelos anos 90.
André Beda
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