sexta-feira, dezembro 09, 2011

A Análise: I Am Kloot - "Sky At Night"

A folk tornou-se nos últimos anos um dos bons e sagrados refúgios para o público e para o encontro de boa música. Aquela necessidade de música directa ao coração vinda da terra tornou-se essencial para os ouvintes e assim tem correspondido o mercado tal como a imprensa, apresentado aqui e ali boas propostas de boa música e de tempo bem passado.
Sky At Night é já a quinta viagem, em disco, dos I Am Kloot, banda de Manchester que também se confunde no indie que reina nas ilhas britânicas. Vindos de uma divisão menor àquela a que estamos habituados, o ambiente dos I Am Kloot é todo é pintado em tons de açúcar, guitarra acústica ao colo e ainda com espaço para instrumentos clássicos: violinos, piano e órgão. A dor, o romance, a esperança e a escuridão transparecem na voz de John Bramwell, que também nos vai sussurrando ao ouvido, bem como em todo o ambiente envolvente neste disco. O trio caminha todo para o mesmo rumo e numa excelência arrasadora produz um disco brilhante, sem espaço para o mainstream. Aqui tudo tem de ser digerido com a calma de antigamente e não abordado como música do "mastiga e deita fora". Um culto e um segredo prontos a serem descobertos e que devem ser ouvidos com alma.
Calmo, dócil, envolvente, delicado... tudo qualidades para um disco arrebatador. Aquecer o coração e acalmar o corpo com suavidade são de extrema importância em Sky At Night. Não há urgência aqui, a urgência é ouvir o disco, a urgência é apreciar canções como "Lately", "Northern Skyes", "Fingertips", "Proof" ou "Radiation" e deixar-se levar. Incrivelmente bem orquestrado, todos os músicos, os coros e os instrumentos adicionados a cada música não são arrancados a ferro, aparecem com uma naturalidade tal como fizessem desde sempre parte da natureza do trio I Am Kloot.
Introspectivo? Sim. Sincero? Sim. Romântico? Idem aspas. O sucesso e o reconhecimento que merecem chegou da mesma forma como todo o disco cresce a cada audição. Apesar de afastados da divisão principal do Reino Unido, a verdade é que de uma inocente primeira audição passamos a uma paixão sem limites a cada nova incursão pelo disco. Parece fácil? Sim, mas só o é quando o ouvimos. É difícil de fazer algo tão enorme bem como de descrever a emoção que é ouvir um disco como este. Aplausos calorosos.
Carlos Montês

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