quarta-feira, janeiro 27, 2010

A Análise: Wolfmother - "Cosmic Egg"

Depois da auspiciosa estreia em 2005, e depois de Andrew Stockdale ter perdido os seus dois companheiros de banda pelo meio, os Wolfmother regressaram no ano passado aos discos. Cosmic Egg é assim o sempre difícil segundo disco, ainda mais difícil depois do furor à volta do seu antecessor.
São certamente a maior banda de hard rock surgida na ultima década. A boa receptividade que o álbum homónimo dos Wolfmother recebeu entre público e crítica não fazia prever que o futuro da banda ficasse comprometido: em 2008 Miles Heskett e Chris Ross, membros fundadores do grupo, deixam os Wolfmother em conflito com Andrew Stockdale. A verdade é que Stockdale reergueu a banda e, muito provavelmente, Cosmic Egg é um disco à sua imagem.
Cosmic Egg chegou ás lojas bem mais "de mansinho" do que o seu antecessor, apesar de este ser o primeiro disco de originais da banda em quatro anos, intervalo algo invulgar entre o álbum de estreia e o segundo álbum da banda. A verdade é que o "burburinho" à volta dos Wolfmother durou até à data do lançamento de Cosmic Egg, que não foi esquecido pela maior parte do público. Embora a banda não tenha caído no esquecimento, a reacção do público a este disco em nada se compara à euforia aquando o lançamento de Wolfmother. Também as críticas por parte da imprensa não foram tão consensuais como no álbum de estreia da banda australiana.
Em termos de sonoridade, Cosmic Egg tem o mérito de não ser uma cópia do seu antecessor. A banda aparece neste disco com uma sonoridade ainda mais pesada e com um baixo mais notório, principalmente nos solos que introduzem "California Queen" e "Sundial", com um bom trabalho de Ian Peres, por vezes a fazer lembrar Geezer Butler nos seus tempos áureos nos Black Sabbath [agora também nos Heaven & Hell]. Cosmic Egg é, pelas influências variadas que Stockdale mistura, um disco capaz de agradar a metaleiros ["10,000 Fet"], fãs de hard rock ["California Queen"], fãs de stoner rock ["Cosmic Egg"] e até fãs de rock psicadélico ["Cosmonaut"].
Seria hipócrita dizer que os Wolfmother passaram com distinção o teste do difícil segundo álbum. Não que Cosmic Egg seja inferior a Wolfmother, bem pelo contrário: não apresenta tantos altos e baixos como o primeiro disco e até é mais abrangente em termos de estilos. O problema é que a falta de um single como "Woman" ou "White Unicorn" faz com que o disco não atraia tantos ouvintes. De qualquer forma esta é a prova que os Wolfmother estão aí para ficar e são, neste momento, a banda que mostra os novos caminhos do hard rock.
André Beda
Ao contrário da grande maioria das bandas que cedem música para este tipo de negócio, os Wolfmother foram e são uma banda muito para lá de "Joker & The Thief", a música que se popularizou num anúncio de uma marca de carros. Para além da qualidade evidenciada no primeiro registo a banda ainda teve direito a prémios, músicas em diversos jogos, filmes e séries; um início de carreira muito auspicioso.
Em 2005, a banda australiana lançou para o mercado do seu próprio país o seu álbum de estreia homónimo. Cerca de cinco meses depois a banda, constituída na altura por Andrew Stockdale (vocalista e guitarrista), Chris Ross (baixo e teclados) e Myles Heskett (baterista), vira Wolfmother - o seu primeiro álbum - ser editado nos E.U.A. e na Europa, altura esta em que foram catapultados para o sucesso mundial. Com elogios por parte da imprensa e uma entusiástica admiração por parte dos fãs, os Wolfmother conseguiram desde 2005 a 2008 obter o sucesso de apenas de um único álbum, facto que merece atenção.
A espera de quatro anos por novo material dever-se-á ao abandono do baixista e do baterista dos Wolfmother em 2008, sendo substituídos por Ian Peres (baixo e teclados) e Dave Atkins (bateria), sendo adicionada ainda mais uma guitarra com Aidan Nemeth. A demora foi muita, e isso reflectiu-se na visibilidade do grupo com este segundo álbum, mas mesmo assim conseguiram um álbum que agradou aos fãs mais incontornáveis do grupo e que merece destaque no ano que passou.
Cosmic Egg é um álbum que mais uma vez mostra a palete de influências de Andrew Stockdale: Led Zeppelin, Kyuss, Black Sabbath, Queens Of The Stone Age, Jimi Hendrix, AC/DC... Um álbum com a sua própria alma e corpo. Uma explosão intensa de géneros como hard rock, stoner rock, blues-rock e até heavy metal que agoira muito sucesso na carreira do Wolfmother. Estes géneros não chocam neste disco combinando na perfeição, permitindo à banda agradar a gregos e a troianos.
Este álbum tem os elementos essenciais para ser considerado um dos mais sólidos discos de 2009. Para deixar água na boca recomendo a audição bem alta de: "California Queen", "New Moon Rising", "Sundial", "10,000 Feet", "Cosmic Egg" e "Phoenix", puro rock & roll!
Carlos Montês

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