Fazem em 2011 trinta [!!!] anos de carreira, mas continuam a ser uma das bandas mais influentes do que se faz na actualidade. O Sonic Youth serão certamente uma das bandas que ficará na história do rock, por bons motivos. A banda nova-iorquina lançou em 2009 The Eternal, um disco dedicado a Ron Asheton.
Mestres de bandas como Dinosaur Jr., Pixies, Nirvana e muitas outras, os Sonic Youth adicionaram em 2006 um novo membro à banda: o baixista Mark Ibold, conhecido pelo seu trabalho nos Pavement. Este novo membro entrou para a banda na digressão de promoção ao álbum Rather Ripped, o antecessor de The Eternal, e veio permitir que Kim Gordon agarrasse na sua guitarra [a terceira dos Sonic Youth].
Ao ouvir The Eternal percebemos bem porque são os Sonic Youth considerados uma das bandas mais importantes da história do rock. Na sonoridade dos Sonic Youth estão elementos que podem ser considerados como a base de estilos com o grunge, post-rock e até indie rock, o que os torna uma banda visionária: afinal faziam na década de 80 o que viria a ser moda no início da década de 90, no caso do grunge, e na actualidade, no caso do indie rock e post-rock.
Apresentado somente pelo single "Sacred Trickster", que teve direito a vídeo promocional, as vendas de The Eternal não traduzem nem um pouco o que significa este disco. Apesar não terem feito um álbum que se possa dizer que tenha sido um conjunto de lixo musical, há muito que não se sentia que os Sonic Youth continuam a funcionar bem em conjunto. As músicas cantadas pelas vozes ora de Kim Gordon, ora de Thuston Moore, ora de Lee Ranaldo, ora dos três ao mesmo tempo revelam grande cumplicidade entre os elementos da banda. A sonoridade bem post-rock do disco, na maioria da suas faixas com muita distorção, é outro dos aspectos que faz de The Eternal um disco deve ter dado gozo à banda gravar. Depois há ainda a atmosfera de distorção em música como "Leaky Lifeboat", "Poison Arrow" e "What We Know" entremeada com a aparente acalmia de "Malibu Gas Station" e "Antenna".
The Eternal foi o primeiro disco da banda lançado pelo selo da Matador Records, com quem assinaram contrato em 2008. Este facto deverá ter contribuído para a postura mais recatada de uma banda que tinha por habito gravar três videoclips por disco lançado. Quem se continua a interessar pela carreira dos Sonic Youth não deixou de ouvir The Eternal por causa disso e pôde constatar a qualidade de um dos discos mais sólidos da carreira da banda.
André Beda3 anos volvidos e temos novo álbum dos Sonic Youth. Depois de Rather Ripped, os Sonic Youth apresentaram, em 2009, o seu 16.º trabalho de originais que marca a estreia na sua nova editora a Matador Records. Um disco que dedicam a Ron Asheton, guitarrista dos The Stooges, falecido em Janeiro de 2009. The Eternal, após uma longa carreira de 28 anos, é mais um dos sólidos álbuns na discografia do grupo nova-iorquino, que apesar de não ser um dos pontos mais altos da sua carreira - ouvir Daydream Nation (1988), Goo (1990) e Dirty (1992) -, marca a sua forma e qualidade após tantos anos nestas andanças. Este disco mostra o corpo de umas das bandas mais influentes da história do rock. As vozes da dupla Thurston Moore e Kim Gordon conseguem viajar sem medos ao longo de toda a distorção, experimentalismo e pormenores de que está repleto The Eternal. Com ruído quanto baste, este trabalho é mais frio que outros mas muito seguro e eficaz na forma como é recebido por quem o ouve. Para um fã do género ou da banda, é mais um grande álbum que desperta a imaginação e os sentidos, já para um ouvinte menos atento a este tipo de música poderá ser o início de uma paixão com a distorção e todo o tipo de música e bandas capazes de trabalhar com tal ousadia. Capaz de agradar a gregos e a troianos, The Eternal, sem deslumbrar, é um passo seguro e consistente para uma carreira que decerto merecerá rasgados elogios e um olhar atento daqui a umas décadas pelos nossos descendentes. Não é para todos.
Carlos Montês
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