Kasabian já não engana ninguém: é selo de qualidade garantida. Este
West Ryder Pauper Lunatic Asylum é a maior prova dada do talento da banda britânica. Grande disco!
Durante a década passada fomos sistematicamente bombardeados com "paletes" de bandas vindas das ilhas de sua majestade, umas melhores que outras. Nunca fui dos maiores entusiastas desta vaga de bandas da chamada brit-pop, mas se houve banda que me saltou à vista foram precisamente os Kasabian com o seu álbum de estreia, lançado em 2004. Sem querer ser injusto com as bandas que vou referir, pois uma delas até lançou um excelente álbum este ano, os Kasabian faziam algo diferente da pop-rock orelhuda dos Arctic Monkeys ou da pop dos Kaiser Chiefs - duas das bandas mais publicitadas na altura. Mais ou menos na mesma altura em que tomei contacto com o primeiro álbum dos Kasabian chega Empire, que não recebeu tanta atenção como o álbum homónimo, mas ainda assim confirma o talento do quarteto britânico.
O primeiro sinal do que aí vinha foi o EP Fast Fuse, embora na altura ninguém soubesse que ali moravam duas amostras do novo álbum dos Kasabian ["Fast Fuse" e "Thick As Thieves"], até porque a promoção feita ao EP foi péssima o que acabou por se reflectir nas vendas. O próximo passo a dar era o lançamento de "Vlad The Impaler", em Março de 2009, que assustou muito boa gente. Este tema tinha instrumentalização electrónica como nenhum outro tema dos Kasabian havia tido até à data. West Rider Pauper Lunatic Asylum acaba por chegar às lojas em Junho desse ano.
Talvez "Vlad The Impaler" não tenha sido o melhor cartão de visita do álbum, uma vez que West Rider Pauper Lunatic Asylum é muito mais que esse single. Os Kasabian acabam por fazer um álbum de rock psicadélico no século XXI que não envergonha o passado do género. Não envergonha e, por outro lado, traz o género às gerações mais jovens, que não viveram na altura de Jimi Hendrix, Cream etc. A verdade é que os Kasabian acabam por fazer três álbuns diferentes uns dos outros - estes já não são os Kasabian que lançaram em 2004 o seu álbum de estreia. Em West Rider Pauper Lunatic Asylum a mudança acaba por ser maior pois lá estarão músicas completamente diferentes daquilo que os Kasabian já fizeram, tais como "West Rider Silver Bullet", "Vlad The Impaler" e "Secret Alphabets".
Apesar de tudo, este é o álbum dos Kasabian que vendeu menos até hoje. Acaba por ser normal, pois a sonoridade de West Rider Pauper Lunatic Asylum é menos acessível do que a dos seus antecessores. De qualquer forma West Rider Pauper Lunatic Asylum deverá ter um lugar guardado num cantinho da história do rock dentro de alguns anos.
André BedaCom muita sinceridade vos digo que West Ryder Pauper Lunatic Asylum, o terceiro álbum de estúdio dos Kasabian, assustou-me no início, e não foi pelo nome. Para um fã da banda desde a primeira hora e do primeiro álbum, como eu, "Vlad The Impaler", disponibilizado para download gratuito no site da banda três meses antes do lançamento do álbum, assustou-me pela linha que a banda impôs nesta música, em particular. Era ainda mais electrónica do que o habitual e a entoação muita britânica da letra estavam afastar-me deles, apesar de reconhecer o mérito da letra desta música: "Get loose get loose", frase várias vezes repetida no refrão, enfeitiça qualquer um. No entanto, o meu maior medo era a perca da identidade rock na música dos Kasabian. E, como se veio a revelar, tal não aconteceu.
Demorei cerca de um a dois meses a dissecar o terceiro álbum dos Kasabian. Percebe-se que 2009 é o ano da afirmação mundial dos Kasabian com este novo West Ryder Pauper Lunatic Asylum e a evolução de Kasabian (2004) - o álbum - até este novo trabalho, passando por Empire (2006), é de assinalar. Valeu a pena esperar mais um ano do que é normal!
Os quatro singles até agora escolhidos para promover o álbum, "Vlad The Impaler", "Fire", "Where Did All The Love Go?" e "Underdog", são permanentes orgasmos musicais presentes neste álbum de enorme qualidade. A fusão da electrónica com o rock, algum psicadelismo à mistura e algum sentido pop na interpretação das músicas, revela uns Kasabian sem preconceitos, cheios de inspiração e a justificar uma carreira que, desde o álbum de estreia, tenta fazer exactamente isso: aperfeiçoar uma fórmula que desde sempre é sua, o rock mais a electrónica.
Há quem diga que os Kasabian irão ocupar o lugar deixado pelos Oasis - que deixaram os palcos e álbuns em 2009 - muito pela voz de Tom Meighan, vocalista dos Kasabian, muito semelhante ao timbre de voz de Liam Gallagher, dos Oasis, e à pala de músicas como "Take Aim", "Thick As Thieves", "Ladies And Gentlemen, Roll The Dice", "Secret Alphabets" ou "Happiness", mas os Kasabian mostraram, com clareza, que conseguem trilhar o seu próprio caminho no Reino Unido e no resto do mundo. O sucesso e a crítica a West Ryder Pauper Lunatic Asylum não o escondem.
Como um anúncio de televisão dizia: se poderíamos viver sem o novo e último álbum dos
Kasabian em 2009?
"Podíamos, mas não era a mesma coisa." Carlos Montês
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