Exigia paciência, gerou dificuldades, foi adiado cerca de duas vezes, mas Femina, o projecto que (The) Legendary Tigerman, alter-ego de Paulo Furtado, tinha em mente desde 2007 chegou a tempo de ser ouvido no último trimestre de 2009 [o primeiro trimestre de 2009 era a data inicial do lançamento].O projecto consistia em criar um álbum em que cada faixa continha um dueto com uma voz feminina. Daí saíram convites para: Asia Argento, Maria de Medeiros, Peaches, Becky Lee, Rita Redshoes, Lisa Kekaula (The Bellrays), Cláudia Efe (Micro Audio Waves), Phoebe Killdeer (Phoebe Killdeer & The Short Straws), Mafalda Nascimento, Cibelle e o Cais do Sodré Cabaret. O risco de dividir a meias cada faixa de Femina era grande, mas os ingredientes estavam lá: sexo, drogas e rock and roll! Sexo: no modo metafórico [supõe-se], com a presença de mulheres; Drogas: pelo menos, no "tão rockeiro" cigarro que aparece nas fotografias promocionais do álbum; e Rock and roll: Paulo Furtado é um dos grandes músicos portugueses responsáveis pelo dinamismo do rock em Portugal (Tédio Boys, Wraygunn). O resultado disto tudo é um grande álbum! Tigerman criou um registo que vagueia entre a sedução, a velocidade, o "amor feliz" e o "amor infeliz", tendo conseguido ainda o feito de manter uma linha de qualidade musical constante com as várias mudanças de convidadas ao longo do alinhamento. É obra! Depois dos Wraygunn terem um dos melhores discos de 2007, de obterem rasgados elogios em todo o território nacional e de conseguirem sucesso suficiente para fazerem digressões não só em França mas também em Portugal, Paulo Furtado coloca, em 2009, o seu projecto pessoal no mesmo patamar que fora alcançado pelos Wraygunn dois anos antes. Agora com disco disco novo, Legendary Tigerman vai poder ter mais um estímulo para o sucesso de Femina: em 2009 abriu alguns concertos da digressão de Jarvis Cocker, líder dos extintos Pulp, que um dia ouviu um álbum dele em Paris e decidiu convidá-lo para a sua digressão. E, agora que estamos no Inverno, Tigerman vai acompanhar novamente Cocker e poderá apresentar este novo trabalho após um interregno de cerca de três anos sem discos novos no estrangeiro. Sinónimo de muito trabalho e dedicação à música e, principalmente, ao rock, Paulo Furtado é uma das figuras de proa da música portuguesa. Femina confirma, agora a solo, todo esse esforço num dos melhores álbuns do ano. Como alguém um dia disse: "haja tomates para fazer rock em Portugal!" Carlos Montês
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