domingo, fevereiro 22, 2015

Antevisão/Destaques: Programa 225


Depois de um Fevereiro marcado pelo anuncio dos primeiros grandes nomes para a época festivaleira que se segue, deixamos a actualidade de parte e, por mais uma emissão - como sempre a última do mês -, pegamos em dois discos que marcam, também eles, a actualidade rock e ouvimo-los na íntegra numa emissão onde os acrescentamos à nossa colecção! Ruído Alternativo em mais uma emissão especial para ouvir amanhã à noite, a partir das 22h, na Tejo FM!

(1992) L7 - Bricks Are Heavy

A primeira hora do programa está reservada para as rainhas do rock L7. A banda de rock feminino foi colocada na grande malha grunge e, com uma carreira iniciada já em 1985 no punk rock, é com o terceiro disco, Brick Are Heavy em 1992, que atinge a maturidade. Viram-se para o metal, são levadas à boleia do sucesso de grunge e do fenómeno da longínqua e fria Seattle [as L7 são de Los Angeles] e com o hino "Pretend We're Dead", à cabeça, tornam-se num dos porta-vozes do rock no feminino, admiradas por muitos (os Nirvana estiveram sempre presentes) e criam ainda um dos discos da década de 90, para além de uma mão cheia de hinos alternativos. A banda tornou-se numa das grandes influências para todo o rock feminino e passariam largos anos nas graças da crítica que via nelas um rock tão musculado e bom quanto o feito pelos homens, político, negro e bem trabalhado. Sempre com um apelo grunge e um apelo pop que lhe permitiu assumir a coroa.
Carlos Montês

Na segunda parte voltamos as atenções para um disco nacional, no caso Olhos De Mongol, a estreia dos Linda Martini. Se pensarmos em bandas de culto portuguesas, junto ao nome dos veteranos Mão Morta já aparece o do agora quarteto, tal o número de seguidores conquistados ao longo de dez anos de carreira. Tudo começou ainda antes da edição deste trabalho, numa altura em que o myspace era a rede social da moda e uma das favoritas de quem procurava nova música. O EP de estreia trouxe o super-single "Amor Combate", tema que transitou também para Olhos De Mongol. O disco demonstrou o que a banda podia fazer quando era dada uma tela maior, dando asas a peças alongadas de rock exploratório cantadas em português. Daqui para a frente a carreira dos Linda Martini entraria numa fase de crescimento que se mantém até aos dias de hoje, com cada vez mais seguidores atentos da melancolia fado-noise da banda. No entanto, o lugar na memória é assegurado por clássicos como "Amor Combate", "Dá-me A Tua Melhor Faca" ou "A Severa (Ver De Perto)".
André Beda

(2006) Linda Martini - Olhos De Mongol
 
Tudo isto, e muito mais, a não perder amanhã à noiteA partir das 22 horas na Tejo FM em 102.9 FM para toda a região do Ribatejo, Grande Lisboa e Zona Oeste. Ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.

sábado, fevereiro 21, 2015

Colecção RA: L7 - "Bricks Are Heavy" (1992) & Linda Martini - Olhos De Mongol (2006)

Fevereiro, para as emissões do Ruído Alternativo, está prestes a terminar. Como já começa a ser habitual, olhamos para dois discos que marcam a história do rock e preparamo-nos para os dissecar e ouvir na íntegra. Colecção RA: para ouvir neste Domingo, dia 22 de Fevereiro, com os discos dos Bricks Are Heavy (1992) das L7 e Olhos De Mongol (2006) dos Linda Martini.


Elas foram as rainhas na década de 90 e, depois de 16 anos no activo, entre 1985 e 2001, as L7 viriam a terminar. Agora, 13 anos depois, estão de regresso. A banda de Donita Sparks, Suzi Gardner, Jennifer Finch e Demetra Plakas, que deixou um legado de seis discos que marcaram os anos dourados do grunge e dos movimentos de rock feministas, já anunciou datas para a Europa e prepara um novo documentário. Bricks Are Heavy (1992) é o disco onde de grupo de punk passam a banda de metal (com um pé sempre colocado no pântano grunge) e o trabalho que as colocou no mapa do sucesso. As razões deste mesmo sucesso e a história da maior banda de rock no feminino - atrevemo-nos a dizê-lo - para ouvir e compreender na primeira hora do Ruído Alternativo deste Domingo.



Numa altura em que os Linda Martini vêem reeditada parte da sua discografia, chega à Colecção RA o LP de estreia do grupo. Olhos De Mongol atingiu, em pouco tempo, o estatuto de clássico dos tempos modernos, com a sua com a sua portugalidade debitada em cima de um rock expansivo e por vezes barulhento. Vindos da cena hardcore lisboeta, os Linda Martini escolheram assim trilhar o seu próprio rumo fazendo o que lhes dá prazer, atingindo o estatuto de banda grande no panorama do rock nacional. Olhos De Mongol traz em si os temas que os tornaram conhecidos e que mais fazem vibrar o público nas suas intensas actuações ao vivo.  Disco que estará em análise na próxima emissão.


quarta-feira, fevereiro 18, 2015

A Análise: Crowbar - "Symmetry In Black"

2014 fica marcado pelo regresso dos nativos de Nova Orleães Crowbar a tempo inteiro, o que não acontecia desde a reactivação dos Down em 2006. Kirk Windstein  deixou o supergrupo em circunstâncias que ainda causam debate entre os fãs, embora as duas partes sempre tivessem agido com cordialidade, e não perdeu tempo em lançar um novo disco do seu projecto de sempre. Symmetry In Black é composto por algumas músicas mais ritmadas da banda, mas sempre sem perder a tradição sludgy do seu som e a tão característica angústia na voz de Windstein. AB

A Análise: Slipknot - "5. The Gray Chapter"

Parados desde a morte do baixista Paul Gray, os mascarados do Iowa regressaram aos discos seis anos depois de All Hope Is Gone. As mudanças não ficaram pelo baixo, uma vez que o carismático Joey Jordison deixou de fazer parte da banda em circunstâncias que ainda causam litígio entre as duas partes. Apesar de toda a turbulência à sua volta, 5. The Gray Chapter tem o mérito de ser um dos discos mais equilibrados dos Slipknot, quase como um elo perdido entre a agressividade pura os dois primeiros álbuns e o melódico Volume 3. AB

A Análise: Machine Head - "Bloostone & Diamonds"

The Blackening (2007) e Unto The Locust (2011) fizeram dos Machine Head a banda de metal extremo com mais sucesso desde os Pantera. Os álbuns, que regressaram às primeiras influências da banda que se perdeu no nu-metal nos anos 90, colocaram uma enorme pressão sobre si. Nenhum dos sucessores atingiu o nível de genialidade de The Blackening, mas o grupo tem encontrado boas saídas desse labirinto. Bloodstone & Diamonds é mais uma prova de quem não tem medo de experimentar, sem se deixar cair no banal e repetitivo. AB

A Análise: Electric Wizard - "Time To Die"

Este disco curiosamente não teve qualquer espaço na actuação dos Electric Wizard no primeiro Reverence Valada. A banda trocou nos últimos anos de baixista e baterista, e Jus Oborn montou uma máquina de construir paredes de som ao vivo. Algo que também passou para Time To Die, álbum lançado pelos britânicos no ano que passou e que mostra que ainda são uma das forças proeminentes no doom mundial. Em plena forma, com mais de 20 anos de carreira em cima, os Electric Wizard continuam a merecer uma crescente atenção por parte do mundo da música. AB

A Análise: Philm - "Fire From The Evening Sun"

Ao longo dos anos, Dave Lombardo, um dos melhores bateristas de sempre do thrash com influências no free jazz, participou nos experimentais Fantômas e agora, novamente liberto dos Slayer, embarcou num projecto verdadeiramente difícil de rotular: os Philm. O sucessor de Harmonic, Fire From The Evening Sun, aposta na mesma fórmula da estreia de 2012: uma mistura de influências que torna impossível de definir a banda num termo. Soa a sludge? A pós-hardcore? A noise? A punk? Soa a tudo isto e mais um milhão de referências. AB

A Análise: Mastodon - "Once More 'Roud The Sun"

Os Mastodon parecem apostados em fazer crescer o seu som tanto como o número de fãs. Alguns dizem, sem fugir muito à verdade, que Once More 'Round The Sun e o seu antecessor The Hunter aproximaram-os do mainstream, mas a verdade é que o seu som está cada vez mais complexo de descrever, incorporando um número de influências que se estendem dos gurus King Crimson, até aos contemporâneos Alice In Chains e Deftones. Once More 'Round The Sun tem o delicioso factor de nos deixar a pensar o que irão os Mastodon fazer a seguir... AB

A Análise: 1000mods - "Vultures"

Provando que o stoner-rock influenciou bandas um pouco por todo o mundo, e não apenas nos Estados Unidos, Inglaterra e Suécia, da Grécia chegam os 1000mods,  grupo que começou a ser conhecido pela semelhança entre o timbre do seu vocalista e John Garcia. Depois de uma série intensiva de concertos e de um certeiro Vultures, lançado no ano passado, os 1000mods mostraram que podiam vencer pela sua própria fórmula, que consiste em ora apresentar músicas que são longas jams e viagens sonoras, ora apostando em curtas descargas de energia directas ao osso. AB

A Análise: Truckfighters - "Universe"

Da Suécia chega mais um fenómeno underground, os Truckfighters, afastados dos LPs desde 2009. No período entre os dois mais recentes trabalhos da banda foram lançados diversos EPs, splits e compilações, com a passagem de cinco bateristas (em substituição do fundador Andreas von Ahn). Universe, que tanto se fez esperar, não desilude, e até consegue trazer algumas novidades. Isto impede os Truckfighters de repetir até a exaustão a fórmula que os levou a ser uma das maiores forças do stoner-rock europeu. AB

A Análise: Blues Pills - "Blues Pills"

Em 2014 os suecos Blues Pills estrearam-se nos LPs com o registo homónimo. Este disco veio confirmar tudo o que de melhor se esperava da jovem banda, cujas origens estão nos já estabelecidos Radio Moscow: malhas de blues rock clássico que servem de cama à voz algo soul de Elin Larsson. O revivalismo psicadélico continua assim num lugar de destaque na cena rock actual, muito por culpa de jovens músicos que dão o seu toque de modernidade a estilos muito mais velhos que eles próprios. AB

A Análise: Witch Mountain - "Mobile Of Angels"

Os Witch Mountain, são nome emergente na cena doom norte-americana que tinha a particularidade de ser liderado por uma senhora. Uta Plotkin saiu da banda logo após deste Mobile Of Angels, mas não sem antes deixar um dos registos mais aclamados do ano que passou. Melodias alongadas, pesadas e um voz de toada épica (por vezes gótica) são a fórmula que trouxe, finalmente, algum reconhecimento a este interessante colectivo. A acompanhar daqui em diante. AB

A Análise: Animals As Leaders - "The Joy Of Motion"

A fazer as delicias dos shreders deste mundo desde 2009, os Animals As Leaders chegam ao pico da sua carreira, até agora, com o terceiro disco The Joy Of Motion. Num mundo da música que ainda muito dividido no binómio "técnica versus emoção", este disco não nos obriga a escolher um lado, pois apesar das harmonias quase matematicamente compostas, é inegável a beleza das melodias criadas. Quem disse que não era possível haver música tecnicista com emoção? AB

A Análise: Thomas Giles - "Modern Noise"

Se os Between The Buried And Me já incorporam uma mistura ecléctica que inclui o prog rock, a solo, o líder do grupo, Thomas Giles aproveita para mergulhar mais nessa vertente, para além de experimentar a electrónica. Depois de Pulse - a estreia a solo -, bem recebida em publicações onde os Between The Buried And Me ainda não tinham espaço, chega Modern Noise. Menos controlado pelas máquinas que o anterior, mas com o experimentalismo em larga escala que vale, desde já, uma boa posição para uma carreira a solo duradoura. AB

A Análise: Opeth - "Pale Communion"

Apesar de quase completamente abandonados pelos fãs de primeira instância, os suecos Opeth continuam a colocar a crítica em alvoroço a cada novo disco. O novo som prog parece a fórmula encontrada pela banda para não se repetir, abrindo um novo caminho de criatividade que dura desde Damnation (2003). Pale Comunion tem, desde logo, o mérito de ser um digno sucessor do já excelente Herritage (2011), mas entra nesta lista pelo que vale: menos experimental que o antecessor e mostra que, mesmo pelos caminhos mais convencionais, os Opeth são ímpares. AB

A Análise: The Shrine - "Bless Off"

Oriundos de Los Angeles, bem perto do centro da revolução stoner-rock que varre o deserto desde os anos 90, os The Shrine são olhados com renovado interesse ao terceiro disco. A fórmula da banda mergulha numa das mais primordiais origens do estilo: o punk-metal dos anos 80 de bandas como os DRI e dos Corrosion Of Conformity, misturado com a dose certa de fuzzBless Off é um registo fora da lei, cheio de malhas punk imersas num banho de psicadelismo. O resultado é deliciosamente exploviso. AB

A Análise: Antemasque - "Antemasque"

Os Antemasque, a nova aventura dos ex-homens fortes de At The Drive-In e The Mars Volta (Omar Rodríguez-López e Cedric Bixler-Zavala), estavam desde cedo condenados a ser comparados com os referidos projectos. Contando ainda com os préstimos de Flea e Dave Elitch, também eles ex-colaboradores dos The Mars Volta, a verdade é que os Antemasque não se preocuparam minimamente em afastar-se do som electro-progressivo-post-hardcore que deu fama aos seus membros. Porque o haveriam de fazer? Já tínhamos saudades deste frenesim. AB

terça-feira, fevereiro 17, 2015

A Análise: Code Orange - "I Am King"

hardcore, o metalcore, o deathcore [e outros] gozam, desde os 00s, de um sucesso nunca visto, com a net a ter a sua cota-parte [estes estilos underground vão surgindo nas tabelas de vendas]. Ao segundo disco, os Code Orange deixam cair Kids de Code Orange Kids e são assombrosamente maturos, chegando aos tops. Os sinais de agigantamento estavam na estreia Love Is Love/Return To Dust (2012) e são agora soberbos: em I Am King experimentam, juntam mais sludge e tornam-se góticos. Épico e definidor. CM

A Análise: Odonis Odonis - "Hard Boiled Soft Boiled"

O trio canadiano Odonis Odonis aprimorou o seu auto-denominado "industrial surf gaze" ao segundo tiro: Hard Boiled Soft Boiled. Colocam o volume no máximo e tecem o seu som nas malhas do rock industrial com muito noise e um espírito punk vincado. A guitarra, o baixo e a bateria criam a parede sonora desta fusão explosiva que se torna singular com sintetizadores e drum pads. O disco ferve, recupera e dá uma nova roupagem a alguns temas já consagrados ao vivo (de EPs e singles antecessores), e transporta-nos para um concerto ao vivo, numa sala a barrotar, quente e suada. CM

A Análise: White Lung - "Deep Fantasy"

O Canadá tem sido um país de onde têm surgido muitas das boas propostas do rock nos últimos tempos. Os White Lung 'rockam' que se farta e têm em Deep Fantasy o ponto mais alto de uma carreira que conta já com três discos. Há muita música com velocidade superior à permitida pela lei e é com este disco que os White Lung se transformam numa proposta séria e a ter muito conta no panorama do punk rock actual. Mish Way não olha a meios neste disco, arrisca e grita à brava, num punk desgovernado mas com cabeça, tronco e membros. Explosivo. CM

A Análise: Royal Blood - "Royal Blood"

Se houve uma banda sensação, essa foi os Royal Blood. Em ano de regresso dos seus 'pais', os Death From Above 1979, o duo britânico pega numa bateria e num baixo e de surpresa toma de assalto as tabelas de música, surgindo-se como a tábua de salvação do rock de 2014. Royal Blood é a estreia que junta o hard-rock e o blues a um punk com um enorme apelo dançável, tal como já tinham feito os DFA1979. Isto deu em divertimento garantido, a música cola-se ao ouvido e não é de esperar algo menos do que um abanar de corpos. CM

A Análise: Parquet Courts - "Sunbathing Animal"

2014 foi um ano de muito trabalho para os Parquet Courts. Lançaram o terceiro disco de originais Sunbathing Animal e ainda tiveram tempo para a edição de outro disco, Content Nausea com o pseudónimo Parkay Quarts. O primeiro acabou por ser o maior destes dois onde a promessa cumpre-se. Aqui estão uns Parquet Courts à procura de diferentes saídas para aquilo que poderia ser mais do mesmo. Punk e garage rock de diferentes tonalidades, o mais fresco da actualidade. Basta ouvir "Sunbathing Animal", "Instant Disassembly" ou "Bodies". CM

A Análise: The Wytches - "Annabel Dream Reader"

Desde 2011 apontados como uma das mais excitantes bandas vindas das ilhas de sua majestade, os The Wytches andavam desde 2013 a aumentar as expectativas sobre disco de estreia com o lançamento de EPs e singles. De quarteto passaram a trio e 2014 trouxe a sua estreia, Annabel Dream Reader, que transporta parte do legado dos Nirvana [basta reparar no baixo à la Bleach]. À música de Cobain é acrescentada uma considerável dose de negridão e o garage rock na dieta. As melodias colam-se ao ouvido e a música imediata. Eficaz. CM

A Análise: Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra - "Fuck Off Get Free We Pour Light On Everything"

Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra é comprido nome do grupo canadiano que no ano passado lançou o seu sétimo disco de originais: Fuck Off Get Free We Pour Light On Everything. Este é um disco que apresenta uns seis longos temas onde o post-rock é a base onde o experimentalismo dá asas à sua criatividade. Os cinco elementos cantam e tocam diversos instrumentos, mostrando a liberdade vivida no seio do grupo. A atmosfera é única, expansiva e o caos reorganizado e moldado, transformando-se numa peça única e épica. CM

A Análise: Have A Nice Life - "The Unnatural World"

Dan Barrett e Tim Macuga são o duo motor dos Have A Nice Life que no ano passado lançaram o tão aguardado sucessor da estreia Deathconsciousness (2008). The Unnatural World surge após uma espera de seis anos e responde e corresponde a um crescente nicho que surge à volta do grupo. A sua imagética está cada vez mais gótica como ambiental, mas são o shoegaze, o noise e o post-rock que ganham mais espaço no seu som. Toda esta equação fica completa com umas pitadas de drone e industrial que tornam o som do duo cheio e envolvente. CM

A Análise: Hookworms - "The Hum"

Desde que os Tame Impala subiram na hierarquia do rock que o psicadelismo tem ganho uma nova vida, o género que moldou a década de 60. Por isso mesmo, encontram-se sempre boas e novas propostas. O britânicos Hookworms são um dos mais recentes exemplos que, ao segundo disco, The Hum, deram o primeiro grande salto. O caldeirão, para além do inevitável psicadelismo, contém ainda muito noise, e drone e krautrock em doses q.b. Uma célula viva de: Hendrix, Zeppelin, Doors e Neu!. CM

A Análise: Eagulls - "Eagulls"

Os Eagulls personificam parte do legado da música britânica e, ao disco de estreia homónimo, são uma das muitas respostas à pergunta: 'ao que poderiam soar os Joy Division se não tivessem terminado?'. O quinteto de Leeds (Inglaterra) coloca os Joy Division como influência maior no sem som e adiciona-lhe outras referências/coordenadas brit: My Bloody Valentine ou The Who - uma palete de cores que, logo ao primeiro tiro, resulta e que muito tem de auspicioso. Eagulls cumpriu as expectativas de 2013 e tem tudo para crescer. CM

A Análise: Cloud Nothings - "Here And Nowhere Else"

Se Attack on Memory (2012) despontava uns Cloud Nothings para os escaparates, 2014 não tirou os holofotes do grupo que pôs o punk e o post-hardcore na ordem do dia. Here And Nowhere Else conseguiu manter a banda na mó de cima; um disco que é mais conciso que o antecessor e que pisa o pedal do acelerador, de uma banda que tem constantemente um pé no emo rock [uma coisa maldita para muitos]. Ao terceiro disco os Cloud Nothings não caem no esquecimento e a sua música continua a ser motivo de celebração. Quem diria? CM

A Análise: Angel Olsen - "Burn Your Fire For No Witness"

St. Vincent ou Sharon Van Etten tiveram um 2014 em grande, mas, há falta de espaço, foi Angel Olsen quem se destacou no Ruído. A cantora norte-americana assaltou o ano passado com o seu segundo disco de originais a solo, Burn Your Fire For No Witness. O cruzamento de linguagens (folk, rock, country, psicadelismo e indie) assenta que nem uma luva à voz de Angel Olsen que trata de colocar diversas camadas na sua música ou de despi-la por completo, apresentado-a numa moldura lo-fi singular. Angel Olsen pede uma audição imediata. CM

A Análise: Spoon - "They Want My Soul"

Referência actual no indie rock, os Spoon têm trabalhado como poucas, de disco para disco, para a afirmação como uma das maiores bandas actuais. Há 22 anos nesta coisa da música e já com oito discos, They Want My Soul é o mais recente capítulo dos texanos que prima pela frescura e integridade, embora a pausa de quatro anos. Com este disco forma-se um belo trio de grandes discos dos Spoon: They Want My Soul junta-se aos seus dois antecessores imediatos, Ga Ga Ga Ga Ga (2007) e Transference (2010). Obrigatórias: "Rent I Pay" e "Inside Out". CM

A Análise: Real Estate - "Atlas"

Projecto norte-americano que aqueceu corações em 2014, os Real Estate lançaram Atlas depois de um muito bem recebido Days (2011). Desde de 2009 que a banda, a cada novo longa-duração, amealha mais fãs e mais rasgados elogios - afirmando-se como uma das melhores bandas actuais onde o indie rock se cruza com a pop delicada. Ao segundo disco, Days, a banda saltou para a Domino Records e atingiu o sucesso e, ao terceiro, com Atlas (também pela Domino) está consumada a imortalidade: os Real Estate colocaram-se na fila dos melhores da década.  CM

A Análise: Amen Dunes - "Love"

O nova-iorquino Damon McMahon lançou em 2014 um dos mais belos discos do ano. Love é o terceiro disco de originais do seu projecto Amen Dunes que foi alvo da atenções por parte da imprensa dedicada ao underground e de um público indie habituado à procura de novos tesouros. Um álbum expansivo e calmo que representa um passo em frente para Amen Dunes. Rock lo-fi, com um alma pop muito forte, e que representa da melhor forma a orquestra emocional de McMahon. O título é ambicioso, o resultado é intenso e Love... "is love". CM

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Podcast: Programa 224 (15 de Fevereiro de 2015)

1ª parte:

Programa 224 - Ruído Alternativo (2015-02-15) 1ª Parte by Ruído Alternativo on Mixcloud



2ª parte:

Programa 224 - Ruído Alternativo (2015-02-15) 2ª Parte by Ruído Alternativo on Mixcloud

A Análise: The War Ond Drugs - "Lost In The Dream"

Slave Ambient (2011) já tinha deixado boas indicações quanto ao futuro dos The War On Drugs: aparecer nos melhores do ano repete-se, mas as doses, desta vez, são astronómicas. A razão é Lost In The Dream (primeiro sem Kurt Vile) que colocou o projecto de Adam Granduciel no céu em 2014. A sua depressão de dois anos pós-tour, o americana rock de Springsteen ou Petty e o seu toque de 'indie meets kraut' são os ingredientes deste som, onde os teclados e os sintetizadores ganham mais peso. Há falta de mais: vibrante, maravilhoso, prodígio, genial... CM

A Análise: Eyehategod - "Eyehategod"

Tivemos que esperar 14 anos pelo quinto álbum dos Eyehategod, mas há que dizer que valeu a pena a espera. O registo homónimo do colectivo de Mike Williams e Jimmy Bower é um dos mais fortes da banda e o melhor elogio que lhe podemos fazer é que cheira a Nova Orleães a cada esquina, nunca deixando cair em mãos alheias o som característico da cidade sulista. O último registo sonoro do baterista Joey LaCaze, falecido em 2013, traz de volta uns quarentões com o ouvido apurado, num pico de criatividade que dá nova vida aos Eyehagod. AB

sábado, fevereiro 14, 2015

Antevisão/Destaques: Programa 224

Mais um Domingo, mais uma emissão onde a actualidade rock/metal é o prato principal. O Ruído Alternativo está de regresso com mais um programa amanhã à noite, a partir das 22h, na Tejo FM!

Wire

Este é mais um programa com uma componente forte de actualidade, com destaque para muita música nova e muitos concertos anunciados para Portugal. Podem desde já contar com: 13th Floor ElevatorsCourtney BarnettWireThe Black WizardsFaith No MoreVenom, e muito mais! E ainda, como sempre, as notícias que marcam o universo rock/metal.

Venom
 
Tudo isto, e muito mais, a não perder amanhã à noiteA partir das 22 horas na Tejo FM em 102.9 FM para todo Ribatejo. Ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

A Análise: Sun Kil Moon - "Benji"

Mark Kozelek trouxe-nos um dos mais belos discos da década. Os seus Sun Kil Moon chamaram muitas das atenções de 2014 para Benji, álbum que conta com participações de pessoas do seu seio, como Steve Shelley (ex-Sonic Youth). Ao sexto disco Sun Kil Moon mostra o seu íntimo, veste-se de um negro gasto e vivido e faz música honesta e espantosa. Um disco de folk rock incontornável, a que ninguém escapou e estranhamente familiar [ouve-se a guitarra portuguesa]. Tudo isto é magnífico. CM

A Análise: Pallbearer - "Foundations Of Burden"

Em 2012 os Pallbearer romperam pelas listas de melhores do ano com a sua excelente estreia Sorrow And Extinction. Chegados ao difícil segundo álbum, Foundations Of Burden, rebentam com a escala em 2014 que não só está ao nível da estreia, como a supera em diversas vertentes. Uma fresca abordagem ao doom, embora algo diferente e mais épica que a dos Yob, este é um disco estratosférico e capaz de chamar o mais diverso público a uma sonoridade com a qual dificilmente se identificaria. AB

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

A Análise: Swans - "To Be Kind"

A cada novo disco os Swans têm deixado meio mundo a seus pés, desde a sua ressurreição em 2010. O estatuto a que chegam com o passar do tempo é enorme quando o comparamos com o alcançado no início da sua carreira, tidos como influência mas sem uma correspondência real quanto ao sucesso. Com My Father Will Guide... (2010) e The Seer (2012) Michael Gira & Cia. já ganhavam ao seu próprio passado, mas é com To Be Kind que têm o maior sucesso de sempre. Arte e engenho em mais um disco excitante e desconcertante. CM

A Análise: Cynic - "Kindly Bent To Free Us"

Formados em Miami em 1987, os Cynic contam apenas com três álbuns, algo que se explica por um período de separação que durou 12 anos. Durante o tempo que vai de Focus (1993) a Traced In Air (2008) a banda apurou o seu som, cada vez mais progressivo quando comparado com o death metal que praticavam no começo da carreira. Em Kindly Bent To Free Us o som dos Cynic atinge a maturidade sendo completamente diferente do que já tinham feito. Mais uma banda pesada que em boa hora se deixou seduzir pelos encantos do ressurgido progAB

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

A Análise: Ty Segall - "Manipulator"

Ty Segall despontou para as massas (e para o respectivo sucesso) em 2014, quando já conta com seis anos dedicados à música profissional com incontáveis registos. O salto deu-se com Manipulator, sétimo na sua conta a solo, que levou uns nada comuns 14 meses a ser completado, resultando num disco mais sólido e concentrado. Este é álbum que servirá de referência maior para a carreira de Ty que viveu sempre na sombra e que colocou aqui toda a sua proliferação e excentricidade à prova sem nunca perder toda a alma da 'sua garagem'. CM

A Análise: Yob - "Clearing The Path To Ascend"

Mais de quatro décadas depois dos Black Sabbath terem lançado as bases do doom, este goza agora de uma popularidade ímpar na sua história, deixando de lado a expressão popularizada pelos Saint Vitus: "music made by loosers for another loosers". Clearing The Path To Ascend, dos Yob, aposta numa vertente mais expansiva e exploratória, um disco que ascende a uma hora de duração e contém apenas quatro faixas. Menos virados para os sons mais primitivos e abrindo espaço a mais devaneios a tender para o prog. Uma aposta ganha. AB

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Podcast: Programa 223 (8 de Fevereiro de 2015)

1ª parte:

Programa 223 - Ruído Alternativo (2015-02-08) 1ª Parte by Ruído Alternativo on Mixcloud



2ª parte:

Programa 223 - Ruído Alternativo (2015-02-08) 2ª Parte by Ruído Alternativo on Mixcloud

A Análise: Godflesh - "A World Lit Only By Fire"

Os Godflesh, banda influente da música industrial, foram um gigante adormecido entre 2002 e 2010. Se os primeiros anos da reunião foram tímidos em avanços e compromissos, 2014 encheu-nos os ouvidos com dois novos lançamentos: o EP Decline & Fall e o LP A World Lit Only By Fire, o primeiro em 13 anos. Um dos regressos mais aclamados do ano que mostra uma banda renascida e não apenas reciclada. Ritmos mecânicos e implacáveis que dão uma nova vida ao industrial. AB

A Análise: Beck - "Morning Phase"

O looser boy vai no décimo-segundo álbum de originais e recupera [novamente] a reputação de um dos maiores e mais criativos compositores da actualidade. O sucesso é menos eufórico do que o de outrora, mas Morning Phase perfila-se, desde já, como um dos mais importantes títulos da discografia de Beck. O irmão mais novo de Sea Change (2002) afasta-se do experimentalismo e do ecletismo musical e pinta-se num folk rock harmonioso e generoso. Uma peça de arte sinónimo de maturidade, simplicidade e beleza. CM

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

A Análise: Foxygen - "...And Star Power"

Já há 10 anos nas lides musicais, e depois de dois discos mais ou menos despercebidos, os californianos Foxygen dão um passo muito largo na ambição ao terceiro disco. A banda atirou-se para um álbum duplo (com quase hora e meia de duração) e em ...And Star Power colocam-se ainda mais no goto da imprensa. Há ainda um conceito livre sobre uma banda ficcional, os "Star Power", e a ousadia não poderia ser maior. Um álbum dividido em quatro partes onde o rock é experimentado até às últimas consequências e onde os resultados são assombrosos. CM

A Análise: Wovenhand - "Refractory Obdurate"

Desde 2001 que David Eugene Edwards faz dos Wovenhand o seu laboratório de experiências musicais, misturando sonoridades como a folk, o country, o punk e o industrial. Refractory Obdurate é já o sétimo disco deste que começou por ser um projecto paralelo, mas que acabou por se tornar no centro das atenções de Edwards depois do fim dos 16 Horsepower, fazendo-o crescer até agora. Este é o disco mais pesado dos Wovenhand e a sua melhor proposta, misturando uma imensidão de estilos que o torna impossível de rotular fora do lato "alternativo". AB

sábado, fevereiro 07, 2015

Antevisão/Destaques: Programa 223

Está no adro mais uma emissão onde a actualidade rock/metal é o prato principal. O Ruído Alternativo está de regresso com mais um programa amanhã à noite, a partir das 22h, na Tejo FM!
Dave Matthews Band

Este é mais um programa com uma componente forte de actualidade onde podem contar no menu com: Dave Matthews Band, Miss Titan, Turbowolf, Füzz, Napalm Death, Corrosion Of Conformity, e muito mais! E ainda, como sempre, as notícias que marcam o universo rock/metal.

De lembrar ainda que o Reverence Festival Valada 2015 (Cartaxo) já divulgou as datas para este ano e que o Ruído Alternativo estará, mais uma vez, ao lado deste festival que decorre à beira Tejo nos dias 27, 28 e 29 de Agosto. Podem consultar o evento no Facebook aqui.


Corrosion Of Conformity
 
Tudo isto, e muito mais, a não perder amanhã à noiteA partir das 22 horas na Tejo FM em 102.9 FM para todo Ribatejo. Ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.