quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A Análise: The Horrors - "Primary Colours"

2009 foi o ano dos The Horrors. Se em Fevereiro passado me dissessem que a banda, senhora e dona de canções como "Sheena Is A Parasite", "Death At The Chapel", "Count In Fives" ou "She Is The New Thing", se iria virar para o shoegaze eu não acreditaria porque em 2007 a banda apresentava Strange House, que vivia do garage punk/rock com um toque sombrio.
Primary Colours é o que podemos chamar a "segunda estreia dos The Horrors", não se assumindo como um novo capítulo na sua carreira mas sim como um novo livro. Oiça-se a sua (verdadeira) estreia [Strange House, 2007] e compare-se com este segundo álbum, é surpreendente!
2009 marca, assim, o regresso de uma banda que adquiriu mais fãs pela sua estética e aparência visual do que pela própria música, o que, apesar de simpático, é surpreendente pois a sua estreia tem qualidade suficiente para se terem feito notar. "É a juventude de hoje..."...
É certo que esta mudança de ares permitiu à banda ganhar uma notoriedade que antes não tinham, tiveram mais vendas, mais elogios por parte de grandes nomes da música (Nine Inch Nails, por exemplo), mais fãs, mais olhos atentos à sua música, mais nomeações para prémios, mas muito do trabalho vem da visão do quinteto e da procura constante de novos sons [afirmaram há pouco tempo que o próximo álbum será virado para a synth pop...].
Rapidamente este novo disco dos The Horrors tornou-se num dos melhores de 2009. "Sea Within A Sea" foi escolhido para primeiro single e levantaram-se logo as bandeiras ao legado de bandas como The Jesus And Mary Chain ou My Bloody Valentine. Curioso será ainda o facto do director dos vídeos promocionais do primeiro e segundo singles deste disco, "Sea Within A Sea" e "Who Can Say" respectivamente, ser Douglas Hart, baixista dos Jesus And Mary Chain.
É claro que um fã de shoegaze se derrete-se a ouvir este disco. O saudosismo perante um género que conquistou muitos corações no final da década de 80 e no início da década de 90 é realçado num disco com "Three Decades", "Who Can Say", "Do You Remember", "I Only Think Of You", "I Can't Control Myself" e "Sea Within A Sea", com destaque na produção de Geoff Barrow, dos Portishead, Craig Silvey e Chris Cunningham.
Ao segundo álbum os The Horrors criam, ao mesmo tempo, um dos melhores de 2009 e uma ode ao shoegaze. Surpreenderam o mundo da música e prometem continuar a surpreender. Assim seja e assim continue.
Carlos Montês

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