Numa era em que o sludge está, mais do que nunca, na moda, convém não esquecer os clássicos e 2010 fica marcado por mais um álbum dos Melvins. Ao longo dos anos os Melvins foram destilando riffs e criatividade numa carreira profícua em lançamentos. Neste The Bride Creamed Murder regressam à boa forma, depois de alguns anos fora da rota dos grandes álbuns. Aqui podem escutar-se influências de outros projectos de Buzz Osborne, como a abordagem vanguardista dos Fantômas. O trabalho de estúdio também é evidente, principalmente no uso feliz da distribuição stereo e do maior trabalho em coros e ecos.
Tal como em outros lançamentos, os Melvins vivem e respiram riffs arrastados e, ao mesmo tempo, cativantes. Ao contrário do que acontecia em Nude With Boots (2008), nota-se uma maior atenção aos detalhes, perceptível até em interlúdios como "Hospital Up" - uma espécie de free jazz esquizofrénico. O tema seguinte "Inhumanity And Death", bem poderia ser resultado de uma sessão em estúdio dos Fantômas ou System Of A Down, dadas as repentinas mudanças de ritmo da música, provando que os Melvins não se desviam da linha experimental pela qual sempre pautaram a sua carreira. O culminar deste experimentalismo é a versão de "My Generation", original dos The Who, que muita gente não imaginaria nesta roupagem "estilo down-tempo meets drone".
Após um The Bride Screamed Murder apresentado neste termos, só podemos desejar aos Melvins mais uns longos anos de ligação à música. Não nos importamos que lancem um álbum por ano, queremos é que todo o trabalho criativo da banda nos chegue aos ouvidos. O rock and roll agradece.
André Beda
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