1ª parte:Clica aqui para ouvir numa nova janela2ª parte:Clica aqui para ouvir numa nova janelaDados:
- 29/Julho/2012
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2ª parte:
Tão difícil como fazer um segundo álbum que corresponda as expectativas de uma estreia auspiciosa é fazer o sucessor de um daqueles discos que, por norma, só se fazem uma vez na vida. Não é exagero, The Blackening é mesmo o OK Computer da carreira dos Machine Head. Safaram-se? No final, é justo dizer que os Machine Head saíram desta encruzilhada com mestria. Este tipo de álbuns referidos em cima resultam em duas únicas saídas: ou a banda fica acomodada ao som desse disco e repete-o até à exaustão (olá AC/DC!), ou pensa que a partir daí tem crédito para fazer o que lhe der na cabeça (olá Radiohead!). Apesar da segunda opção ser a mais interessante para quem realmente gosta de música, os Machine Head encontram uma terceira saída: abrem algum espaço a novas ideias, mas mantêm o ADN do seu som.
Desde que o homem produz música que há música de intervenção. Independentemente do momento em que é feita, esta acaba por ser sempre pertinente, e é-o ainda mais neste momento. Parece Que Vai Chover d'Os Dias De Raiva chega mesmo a tempo da nuvem negra que paira sobre o mundo, mas é muito mais que crítica política. É um disco que põe o dedo na ferida e aponta defeitos ao que hoje é considerado socialmente banal.Os Dias De Raiva, o nome diz tudo sobre o som e as temáticas abordadas pela banda de Carlão e companhia. Esta forte crítica ao momento social há pouco referido é sublinhada pela agressividade do punk hardcore - para que não restem dúvidas em torno do nome da banda. Tudo o que fora prometido no EP de estreia, editado pela iniciativa Optimus Discos, é confirmado em Parece Que Vai Chover. Temos nesta nesta banda um caso sério de genuinidade aplicada à música.Passando um pouco ao lado da componente instrumental trazida por músicos de créditos mais que firmados, analisemos as temática líricas. Apesar dos assuntos corriqueiros (como o Facebook ou a senhora que fala muito alto ao telemóvel), a escolha das palavras não é a mais óbvia e directa: é crua e violenta ou delicada e cuidada quando tem de o ser. De resto, esta componente lírica fica bem ao nível do que Carlos Nobre nos tem habituado ao longo dos anos. Os temas "Benzodiazepinas" e "Sanguessuga" deverão constar entre as letras mais pessoais alguma vez escritas por ele.Para a história fica mais um grande álbum do rock nacional. Uma edição de autor dos próprios Dias De Raiva para nos lembrar quão difícil é fazer música em Portugal.
Segundo longa-duração para um dos grupos mais excitantes do rock underground nacional. As referencias dos Allstar Project situam-se algures entre os complexos e diversos universos do post-rock de do shoegaze. Apesar destes dois rótulos primarem pela continua exploração intensiva de cada tema, que tem como resultado (normalmente) faixas mais longas daquelas a que estamos habituados na música popular de massas, Into The Ivory Tower é o primeiro trabalho onde a banda realmente se deixa levar por esse espírito de jam. O primeiro onde baseiam toda a sua musica na complexidade do seu som, despido de algo mais que criação musical sem barreiras. Como em qualquer grupo instrumental, refrões pegajosos não entram na equação. Até poderia ser uma desvantagem, mas nestes tempos que vivemos já se pode falar num renovado interesse pela música puramente instrumental - facto que coloca os Allstar Project na crista da onda. Aliás, Into The Ivory Tower não passou ao lado da crítica (boas críticas em consagradas publicações nacionais), nem ao lado do público (20º lugar na lista de melhores de 2011 para os leitores da revista Blitz).
Quatro anos e algumas mexidas na formação depois, os W.A.K.O. - We Are Killing Ourselves - regressaram aos discos. Ao contrário de algumas bandas de metal, valem (e muito) ao vivo, mas ouvir um disco dos W.A.K.O. é uma experiência que não deve ser colocada de lado. Numa altura em que estamos a "importar" bandas como Suicide Silence, Darkest Hour, Bring Me The Horizon e afins, impõe-se que se dê mais atenção ao que se faz cá dentro. Isto antes que os W.A.K.O. tenham de passar pela embaraçosa situação de rebentar primeiro no estrangeiro do que no próprio país. E não pensem que é exagero, apenas aguardem para ver.
Por vezes, temos carinho por uma banda não só pelo seu som, mas também pela sua atitude. A banda O Bisonte não se contém nas palavras, não fossem eles oriundos do Porto, mas a sua atitude não se limita a chamar os bois pelos nomes. Ofereceram o álbum para download gratuito e querem ganhar a vida a tocar ao vivo. Sem qualquer tipo de artifícios, Ala mostra bem a garra de uma banda formatada para tal.Apesar de ser um concurso que tem como objectivo vender uma marca, o Rock Rendez Worten tem o mérito de nos ter revelado alguns grandes talentos, inclusivamente fora do espectro do rock. Dentro dessa mesma área os Bisonte foram os vencedores de 2010. Quem viu David Lobão na final absoluta não ficou indiferente à energia do magricelas com uma t-shirt dos Sonic Youth. Apesar deste tipo de concursos fazer pouco mais do que revelar talentos (o que já não é nada mau), serviu perfeitamente aos Bisonte, criando algum frenesim à volta de Ala. Justificado? Sem dúvida.Riffs e voz são cuspidos furiosamente e atingem-nos como um comboio a alta velocidade. A parelha rítmica (bateria e baixo) também é pródiga em pormenores deliciosos. De alguma forma, os ovnis deste disco são "Imóvel" - uma quase assumida balada - e "E Depois Do Adeus". Os Bisonte deram a este tema uma roupagem que nem Paulo de Carvalho se lembrou de dar, apesar das mil e uma versões que já fez dele. À primeira audição estranha-se, mas depois entranha-se mesmo.Se todo o rock cantado em português do novo milénio continua a parecer algo insípido para muitos, deviam dar uma oportunidade a O Bisonte. Uma banda genuína e sem especiais necessidades de atenção ou hypes. Uma banda sem merdas, portanto.
Há uns anos que Coimbra parece marcar passo quanto ao surgimento de novas bandas rock. Se até 2007 (sem precisão alguma) a terra dos estudantes era tida como a capital do rock em Portugal, nos últimos cinco anos (sem precisão outra vez) é Barcelos que tem batalhado por esse estatuto. E se a terra do galo mais famoso de Portugal não é já o centro nacional desta música dos diabos, para lá caminha. É de lá que têm surgido muitas das novas propostas para o rock nacional: Black Bombaim, Aspen, Killimanjaro, The Glockenwise, entre outras.
São um dos projectos portugueses mais excitantes dos últimos anos e estaríamos longe de imaginar, por alturas do lançamento de Gold, que o futuro dos Men Eater poderia tornar-se numa enorme e cinzenta nuvem de incerteza. Se ficarem por aqui, e embora não seja algo propriamente bonito de se dizer, graças a este Gold deixam um legado de três grandes álbuns. Por outras palavras, toda a sua discografia.
De novo nos melhores do ano. Os Sean Riley & The Slowriders tiveram em 2011 uma missão complicada: fazer um disco tão bom quanto Only Time Will Tell de 2009. Aproveitando a aclamação e rendição da crítica ao seu segundo disco, a banda de Coimbra não perdeu muito tempo e apressou-se a canalizar as energias no novo disco (o terceiro). Poderia pecar pela rápida colocação no mercado e ter-se transformado numa compilação de lados b do antecessor - o que não aconteceu. Mas é do mesmo baú que a banda vai buscar as ideias.Continuam a cena de rock 'n' folk, mas desta vez limparam, limaram e deram ainda mais lustro às canções. It's Been A Long Night apresenta-se como o lado mais brilhante e esperançoso do disco anterior. Esta é a resposta à típica pergunta que assalta todas as bandas da indústria discográfica: "a que soam os Sean Riley & The Slowriders?" Resposta: "a isto, a este álbum". A orquestração continua a ser ponto assente no som de Sean e dos Slowriders, que continuam a presentear-nos com música límpida e incrivelmente simples. Esta lufada de ar fresco que são os Sean Riley & The Slowriders, a cada disco que lançam, continua a ser surpreendente.E a surpresa teima e não desaparece: "se isto não tivesse rótulo lusitano apostaríamos que eles são da América profunda". Bob Dylan, Neil Young e Nick Cave continuam a ser o pai, o filho e o espírito santo da banda [ordenar como mais convier] e a música apresentada pelo quarteto é categórica.
Quem disse que Portugal não é capaz de fazer música tão boa ou melhor do que a que vem lá de fora?... Pensem em São Francisco de 2001 e façam uma viagem até a Alcobaça, dez anos mais tarde. Uma década depois da estreia dos norte-americanos Black Rebel Motorcycle Club (BRMC), que se juntavam a um movimento revivalista do rock (tido na altura como morto) com os Strokes e White Stripes, é de Leira que surge um dos irmãos mais novos, os Sidewalkers. A banda estreou-se no ano passado com Black Room Feel, a crítica aplaudiu e ainda tiveram direito a uma tour nacional - é obra para os dias que correm!Indie rock à descrição com a cicatriz carregada do rock 'n' roll negro dos BRMC que já se fazia notar com o EP de 2009 dos Sidewalkers. A FNAC já lhes tinha colocado o rótulo de "talento", a Antena 3 já os rodava e a sua música já era banda sonora de uma curta-metragem. Tudo isto antes de Black Room Feel. Um disco que confirmou a banda como um dos mais prepotentes grupos de rock portugueses. Um trio composto por Emanuel Severino, Renato Caetano e João Jerónimo que à formula, onde constam os inevitáveis BRMC, acrescentam o hard rock e a força motora de uns The Cult e ainda chamam para si a ressaca do post-punk, (re)vivida desde o início do novo século. Rock em tons de negro capaz de colocar muitas bandas norte-americanas e britânicas em tons de vermelho - de vergonha.
Ao fim de quatro anos o Ruído Alternativo termina a sua viagem na Rádio Cartaxo. No próximo Domingo, dia 29 de Julho, vai para o ar uma emissão especial onde André Beda e Carlos Montês realizarão uma conversa informal à volta dos 10 discos que marcaram as suas vidas. Na primeira parte ouvir-se-ão as escolhas de Carlos Montês e na segunda de André Beda.Duas horas que marcam o fim deste ciclo de quatro anos, numa emissão absolutamente a não perder! Em 102.9 FM para o Ribatejo e para todo o mundo em radiocartaxo.com!2ª parte:


2ª parte:
Começando por pôr tudo em pratos limpos, faça-se a apresentação dos Heavenwood: começaram em 1996, lançaram desde então quatro álbuns e são a segunda banda portuguesa de metal com mais sucesso a nível internacional, logo a seguir aos Moonspell. Como se fazia adivinhar, Abyss Masterpiece foi bem recebido no estrangeiro e, desta vez, também em Portugal. Talvez tenha sido o álbum dos Heavenwood que mais deu que falar dentro de portas.