Começando por pôr tudo em pratos limpos, faça-se a apresentação dos Heavenwood: começaram em 1996, lançaram desde então quatro álbuns e são a segunda banda portuguesa de metal com mais sucesso a nível internacional, logo a seguir aos Moonspell. Como se fazia adivinhar, Abyss Masterpiece foi bem recebido no estrangeiro e, desta vez, também em Portugal. Talvez tenha sido o álbum dos Heavenwood que mais deu que falar dentro de portas.
Abyss Masterpiece poderá muito bem resumir a aceitação gozada pelos Heavenwood fora de portas. O universo da banda é bastante próximo ao dos Moonspell, o que não deixa de ser curioso: os dois casos de exportação mais bem sucedidos do metal nacional têm tudo a ver com o universo gótico - algo que, ainda mais curiosamente, é tipicamente britânico. Entrando na perigosa, mas útil, área das comparações, podemos definir os Heavenwood como uns Paradise Lost orquestrados, dada a quantidade de arranjos que vamos encontrando no disco, dando-lhe uma sonoridade ainda mais negra.
Ainda assim, nenhum arranjo orquestral se compara à introdução de voz feminina de "Leonor", que poderia muito bem ter sido retirada de um filme de Hitchcock. Este tom gótico é apimentado com grandes doses de peso, emprestadas por guitarras fortes e vozes poderosas. No entanto, há sempre a outra face da moeda, com muitos refrões arquitectados com base em vocais limpos.
Mais uma vez, é preciso que uma banda faça pela vida lá fora para que seja reconhecida no seu próprio país. Refira-se que foi este o caminho que os Moonspell fizeram. Os Heavenwood recolhem agora alguns dos frutos do trabalho que vêm desenvolvendo ao longo dos anos e, quem sabe, poderão um dia gozar de uma popularidade que gozam hoje os próprios Moonspell. Temas como "Once A Burden" e "Winter Slave" fazem-nos esperar o melhor desta banda.
André Beda
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