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Musicalmente falando, há espaço para um pouco de tudo neste disco: nunca violinos e distorção de guitarra juntos tinham feito tanto sentido. Porém, Into The Ivory Tower não é apenas mais um disco barulhento. Há nele melodias semi-celestiais que nos transportam para outra dimensão. Nesses momentos, e por vezes até nos mais abrasivos, parece um álbum vindo de outro planeta. Como uma viagem cósmica plena de diferentes sensações sonoras. Referência especial ainda para o baixo, que se ouve com facilidade, mesmo com tamanha quantidade de distorção de guitarras, não se limitando a ser o carril rítmico do disco. É parte integrante do produto final. No final de rodar o disco, não podemos dar por perdidos os 53 minutos em que os Allstar Project colocam à prova as suas capacidades musicais, tendo criar algo fora do ordinário. E esse, meus amigos, deveria ser o objectivo de toda a musica.
André BedaApaixonar-se pela música instrumental nem sempre é fácil. A falta de uma voz, de um refrão ou de uma mensagem por vezes dificulta o processo de entendimento de uma canção. Pensar dá trabalho. No entanto, no reverso da medalha da música instrumental temos esta como uma fonte rica de inspiração à imaginação e vice-versa. As imagens que são criadas não são nítidas, os videoclips e histórias mentais que se criam são sempre diferentes e a fantasia e o sonho agradecem. O post-rock, no meio disto tudo, é um dos oásis desta matéria quase alucinogénica. Transforma o rock em música com tons clássicos e põe-nos a viajar.
Em Portugal, esta língua, que já leva umas duas décadas de desenvolvimento, tem sido claramente bem recebida. Os Linda Martini estão no trono (com uma veia punk/hardcore bem demarcada), enquanto nos últimos anos despontaram os Indignu e os Catacombe, nomes a consultar. No entanto, desde 2001 que é o super-grupo 'quase mistério' The Allstar Project que tem usado e abusado do dicionário post-rock em Portugal, mostrando-se como conhecedores absolutos das entranhas do género. Depois Your Reward… A Bullet (2007), o álbum estreia do conjunto, e de dois EPs (dedicados às ilhas das Berlengas e à Morte), Into The Ivory Tower é o nome do novo álbum. Trabalho que lhes rendeu, finalmente, os aplausos e o reconhecimento merecidos por toda a comunidade indie/alternativa nacional.Obrigatória nos nos auscultadores de um melómano, os Allstar cresceram como grupo neste segundo disco. A engrenagem entre os músicos está melhor, a qualidade de execução, captação, gravação e produção estão soberbas e o resultado só poderia ser um grande disco; para 2012 e para este novo século da música portuguesa. Detalhado, minucioso e pormenorizado, tudo sinónimos que demonstram o imenso potencial, talento e brilhantismo dos ilustres despercebidos Ramon, Nuñez, Sawyer, Velásquez e Paco. Viagens sonoras equiparadas às dos Mogwai ou Explosions In The Sky - a/o playlist/saco em que os críticos estrangeiros - que já os conhecem - os colocam. Um disco que vale pelo seu todo e que ganha a cada nova audição. Uma banda de culto para estimar e conhecer.
Carlos Montês
Em Portugal, esta língua, que já leva umas duas décadas de desenvolvimento, tem sido claramente bem recebida. Os Linda Martini estão no trono (com uma veia punk/hardcore bem demarcada), enquanto nos últimos anos despontaram os Indignu e os Catacombe, nomes a consultar. No entanto, desde 2001 que é o super-grupo 'quase mistério' The Allstar Project que tem usado e abusado do dicionário post-rock em Portugal, mostrando-se como conhecedores absolutos das entranhas do género. Depois Your Reward… A Bullet (2007), o álbum estreia do conjunto, e de dois EPs (dedicados às ilhas das Berlengas e à Morte), Into The Ivory Tower é o nome do novo álbum. Trabalho que lhes rendeu, finalmente, os aplausos e o reconhecimento merecidos por toda a comunidade indie/alternativa nacional.Obrigatória nos nos auscultadores de um melómano, os Allstar cresceram como grupo neste segundo disco. A engrenagem entre os músicos está melhor, a qualidade de execução, captação, gravação e produção estão soberbas e o resultado só poderia ser um grande disco; para 2012 e para este novo século da música portuguesa. Detalhado, minucioso e pormenorizado, tudo sinónimos que demonstram o imenso potencial, talento e brilhantismo dos ilustres despercebidos Ramon, Nuñez, Sawyer, Velásquez e Paco. Viagens sonoras equiparadas às dos Mogwai ou Explosions In The Sky - a/o playlist/saco em que os críticos estrangeiros - que já os conhecem - os colocam. Um disco que vale pelo seu todo e que ganha a cada nova audição. Uma banda de culto para estimar e conhecer.
Carlos Montês
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