De Florida (E.U.A.) surgiu em 2010 um dos discos que mais surpreendeu o mundo indie no ano que passou. A estreia dos Surfer Blood, com Astro Coast, transformou-se numa agradável surpresa, apesar de terem sido mais destacados na imprensa do que no seio do público.Lançado logo no início do ano, Astro Coast teve uma pontaria certeira ao deitar cá para fora "Swim". Ao dicionário já amplamente conhecido do indie rock actual temos aqui post-punk, new wave e espaço ainda para algum tribalismo na percussão (efeitos Vampire Weekend), para além de uma linha clássica e épica nas vozes - ingredientes para um single bem escolhido, bem como em todo o álbum. O reverb e o delay também assumem algumas proporções neste disco e até alguma shoegaze invade o disco.A banda foi perspicaz o suficiente, se calhar ingenuamente, para juntar num só disco todas as tendências e mais algumas da primeira década do século: indie, rock, surf rock, pop, dream pop, tentativa de tribalismo, limpeza de guitarras, distorção q.b., tom épico... um mão cheia de valores seguros que tornam os Surfer Blood num pequeno resumo da década, apesar do exagero desta mesma expressão. Pode soar a uma pequena grande imitação, em dez músicas, mas num mundo da música que ora a originalidade ora a falta dela são casos para se apontar o dedo, basta apenas fechar os olhos e seguir em frente com a audição deste álbum.Ambição e pretensões são coisas que não faltam neste disco, mas consideremos a estreia dos Surfer Blood como um primeiro grande passo de ingenuidade no mundo da música; daqui para a frente, ou seja ao segundo álbum será o verdadeiro tira-teimas. Até lá que nos deixemos apaixonar por este álbum de indie puro e duro. Todas a bandas queridas e as coqueluches do indie dos últimos anos estão aqui à mercê de uma audição. Depois de ouvido tirem as vossas conclusões deste caldeirão frutuoso, mas lembrem-se, e esqueçam-se, por momentos, que isto já foi dito, feito e reescrito.
Carlos Montês
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