terça-feira, agosto 09, 2011

A Análise: Deerhunter - "Halcyon Digest"

À quarta tentativa foi dez vez, os Deerhunter alcançaram o sucesso que há muito mereciam e procuravam, e o respeito e a notoriedade que podem alcançar com a sua música, peculiar no mínimo - demorou mas lá chegaram. Halcyon Digest é mais directo que todos os álbuns anteriores (ouvir "Revival") e foi desta que a sua música foi procurada não só pelos esquizofrénicos do mundo da música mas também por todo o mundo indie; de uma ponta à outra todos os independentes e todas as almas, que procuram ouvir o que ninguém ouve nas aparelhagens, tentaram saber afinal quem são os Deerhunter - finalmente.
A banda deu um passo em frente para atingir um maior público, redefiniu as suas canções, estruturou-as e limpou-as de forma a que a sua linguagem passasse melhor ao ouvido, pelo menos. A essência da complexidade e esquizofrenia dos Deerhunter, bem como os sonhos que tentam explorar a cada canção, continua lá, mas a forma como abordaram este disco foi mais direita e directa sem floreados nem rodeios naquilo que tentam transmitir a cada música. O talento aqui é inesgotável - é ouvir o resto da sua discografia que se percebe muito do conteúdo dos Deerhunter -, mas o brilho agora é maior com este novo disco. Apesar da simplicidade aparente o conteúdo é invejável. Uma obra-prima, para quem os acompanha há muito, os Deerhunter apresentam aqui um regresso às décadas de 60 e 70, apesar da difícil tarefa que é defini-las. Certo é que a nostalgia também paira no ar. [Uma nota especial: "He Would Have Laughed" é dedicada ao falecido Jay Reatard.]
As melodias, as letras..., tudo é simples em Halcyon Digest e a beleza do álbum consiste nisso mesmo. O vocalista Bradford Cox revela uma grande dose de humildade neste disco e mostra-nos que no seu génio levitam nomes como os The Beatles, sem medos, e uma pop adocicada e de difícil construção, embora pareça o contrário. O prazer de ouvir música é aqui oferecido e redescoberto pelo e ao maior dos ouvintes de música. Maravilhoso, magnífico, genial, deslumbrante... muitos seriam os adjectivos a acrescentar para descrever este álbum épico, mas a melhor das análises e das descrições será: oiça e verá.
Carlos Montês

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