quarta-feira, agosto 10, 2011

A Análise: No Age - "Everything In Between"

Em parte, caso idêntico ao dos Deerhunter, 2010 marca a edição de mais um álbum de originais por parte dos No Age, banda que é recusada por parte da imprensa, aparentemente, a estar nas bocas do mundo mas que regressa, e muito bem, ao mundo indie, no sentido mais literal da palavra, após o burburinho criado em volta de Nouns de 2008. Na altura Nouns espantou meio mundo, com suas viagens, agora os No Age alcançam estatuto e sucesso, à sua medida, à medida do que lhes é dado.
Vamos por partes, os No Age são uma dupla: Dean Allen Spunt (baterista e vocalista) e Randy Randall (guitarrista) - e que dupla! Duas pessoas aqui conseguem fazer mais ruído - no bom sentido da palavra - que o quadro normal de uma banda, vocalista, guitarrista, baixista e baterista. Se em Nouns a dispersão da sua música era onde estava a beleza e o encanto dos No Age, com Everythin In Between uma clara tentativa de reunir as ideias, de as aclarar e a convergência das músicas tornam-se no seu novo encanto. Limaram as músicas, impuseram-lhe os limites e o equilíbrio normal do punk sem nunca perderem a linha frenética e de energia que os caracteriza desde sempre. As guitarras tornaram-se mais expansiveis e menos excêntricas e souberam tirar o proveito de uma visão mais sóbria perantes as suas próprias músicas.
Como sempre, o batalhar entre o punk, o noise e o shoegaze são o pontos de partida para Everything In Between, mas desta vez tudo é mais directo. Não será preciso ter um grande estômago para a ouvir as graciosas "Glitter", "Depletion" ou "Valley Hump Crash", e todo o resto do alinhamento. Sonic Youth, Ramones ou My Bloody Valentine são, evidentemente, as maiores influências aqui, e, mais uma vez, que influências! Tudo bons motivos para nos deixarmos inundar pelos No Age que, contrariamente ao seu próprio nome, ganharam mais peso e idade na sua música - aquilo a comummente chamamos de maturidade.
A emoção na interpretação das músicas de Everything In Between transpira-se, o que é sinónimo de prazer por parte dos músicos aquando da gravação do álbum. E se eles se divertem a fazer o que fazem porque não nos divertirmos também e começamos a audição de um dos álbuns e de uma das bandas que a crítica independente tanto aclama e que a Sub Pop, sim aquela editora que reinou no início da década de 90 com nomes como Mudhoney, Nirvana ou Soundgarden, nos oferece? Se a isto tudo juntarmos as suas influências, das maiores, das mais respeitadas e das mais preponderantes do mundo do rock, temos aqui um disco perfeito para se saborear. As cartas estão dadas agora é ver os No Age crescerem no seu próprio mundo.
Carlos Montês

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