terça-feira, agosto 09, 2011

A Análise: Black Francis - "NonStopErotik"

Saudades dos Pixies? Trompe Le Monde data de 1991 e, desde então, já passaram 20 anos. A insistência da banda em não gravar um novo álbum abre espaço a que os seus integrantes descarreguem a sua criatividade noutros projectos. Os The Breeders e, principalmente, a carreira a solo de Black Francis ganham uma importância vital para os fãs do quarteto de Boston.
Os Breeders sempre fugiram ao universo Pixies, algo que não acontece tanto com Black Francis. O músico trouxe para 2010 NonStopErotik, álbum que, não sendo nenhuma novidade, agarra o que de melhor Black Francis fez ao longo da sua carreira. Este disco traz consigo, para além do melhor que os Pixies fizeram (as eléctricas "Lake Of Sin", "Wheels" e "Six Legged Man"), temas mais despidos, simples e introspectivos como "O My Tidy Sum" e "Wild Son", também familiares para quem conhece a carreira do músico.
NonStopErotik, assim como quase toda a carreira de Black Francis, tem o mérito de ser um álbum agradável de se ouvir. É a formula básica do rock: um riff orelhudo, um refrão que entra na cabeça e um solo (se se justificar). Não há um conceito maior que sirva de linha condutora do disco. É um conjunto de 11 músicas, totalizando cerca de 36 minutos, extremamente agradáveis de se ouvir, sem ter que lhes prestar muita atenção para que as possamos compreender.
Goste-se ou não, temos que tirar o chapéu a Black Francis pela junção de dois simples factores. Número um: a sua carreira a solo e outros projectos seus fora dos Pixies nunca mereceram grande atenção por parte da crítica e do público. Número dois: não seria mais fácil gravar um novo álbum com os Pixes? Certamente que sim, mas, até hoje, não foi isso que aconteceu. Mesmo que a febre das reuniões e dos novos álbuns de bandas extintas há mais de 30 anos estejam mais na moda do que nunca. Só por isso: uma vénia Mr. Francis!
André Beda
Dono e senhor de uma das carreiras mais respeitadas no mundo da música, quer nos Pixies, quer como produtor, Black Francis lança em 2010 NonStopErotik, mais um disco para uma carreira e colecção cheio deles. Para os familiarizados com o universo Pixies, certamente que ouvirão neste registo restos de uma das bandas que mais contribuiu para aquela coisa a que hoje chamamos indie rock, e em boa verdade o fazem. A verdade é que Francis não viaja neste registo para muito longe daquilo que os Pixies foram e são. Mas é bom, para quê mudar?
NonStopErotik é uma amalgama do que Francis já fez e isso, por si só, já é muito bom. Apesar dos refrões serem muitos, a ideia do músico, aqui, certamente não será ser e soar a algo comercial. Black Francis tem o espaço que quer e pode fazer o que quer, não deve nada a ninguém nem ao mundo da música - o que desde logo traz uma liberdade diferente quando ouvimos o disco, e é aí que temos de nos concentrar, na liberdade de Black Francis ("O My Tidy Sum" tem no fundo uma batida de hip-hop/rap de uma drum machine e Francis utiliza a música, dita, clássica como ambiente em muitas das músicas deste disco).
Apesar de o título deste álbum nos remeter a um contexto mais sexual, Francis apresenta-se mais como um romântico de lágrima no canto do olho. Só nas quatros músicas, "Wheels", "Dead Man's Curve", "Corrina" e "Six Legged Man", seguidas umas às outras, é que a guitarra eléctrica assume maiores proporções - Pixies à vista - e é quando o amor menos se sente. O resto é guitarras acústicas e baladas ao piano com espaço para o experimentalismo, que com as seguintes audições dão a perceber o espaço real que ocupam no disco, que é grande por sinal. NonStopErotik é um disco romântico e confesso.
Não deixa de ser surpreendente que, apesar de colocar limites ao seu universo musical, Francis sabe controlar tudo a que tem acesso e aprendeu sem qualquer problema. O futuro para Francis parece não ser apetecível mas não é por isso que no presente ele não deixa de ser um dos génios do rock alternativo e um dos dicionários rock a consultar.
Carlos Montês

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