terça-feira, janeiro 25, 2011

A Análise: Peixe : Avião - "Madrugada"

Mais uma vez os Radiohead invadiram a nossa mente durante breve segundos - é o que dá isto das influências, das referências e do porquê de se ter de explicar porque é que isto é bom ou mau - neste caso é magnífico.
Segundo disco para o grupo de Braga - que a passos largos está a tornar-se nuns Mão Morta versão II no que à carreira, fãs, sucesso e excelência diz respeito -, Madrugada é o sucessor da aclamada estreia 40.02. Pormenores e mais pormenores de boa música num 'por maior' dos Peixe : Avião que podem estar, e com todo o mérito, satisfeitos com os resultados deste seu segundo disco. Todas as esperanças e dados lançados no primeiro disco justificam-se a cada nova música, a cada audição do grupo, a cada nova paixão deste registo. Madrugada é quase a perfeição - se é que isso existe.
Neste segundo registo os Peixe : Avião bebem algum post-punk da ressaca da primeira década deste século e criam hinos instantâneos como "No Jogo Da Quimera" e "Um Acordo Qualquer" - primeiros dois singles escolhidos-, mas também em "Tímida Penumbra" ou "Mudar De Ideias" mostram que este é universo base do disco.
Os convidados são de luxo: para "Fios De Fumo" temos Manuela Azevedo, dos Clã, em que a empatia é audível; e em "Detalhes De um Plano" e "Palavras Que Não Falam" temos o pianista Bernardo Sassetti - um toque clássico na modernidade, vanguardista e ao mesmo tempo vintage (oiçam os teclados 'setecentistas' deste disco) que é a música dos Peixe : Avião.
Exímio trabalho de um grupo de músicos com gosto naquilo que fazem Madrugada é um dos discos de 2010, indispensável para compreender a modernidade da música portuguesa neste novo século. Superior a 40.02, este disco é o caminho e o passo certo para os Peixe : Avião. Falta agora que às suas letras brilhantemente portuguesas se junte o amplo reconhecimento português. Pop directa e brilhantemente esculpida ao pormenor para o coração.
Carlos Montês

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