segunda-feira, janeiro 31, 2011

A Análise: Drill - "Free Ride"

De todos os discos destacados pelo Ruído Alternativo, Free Ride é o menos conhecido. De qualquer forma, qualquer um podia ter descarregado o disco ao longo de 2010, já que os Drill disponibilizaram uma música para download gratuito por mês.
Gravado e produzido pela banda, Free Ride tinha como objectivo dar um mês inteiro a quem fez o download de uma das faixas para a digerir. Uma tentativa de romper com todo o imediatismo que se vive no mundo da música actualmente, penso eu. De qualquer forma, fazer um trabalho deste tipo pode criar o típico problema: Free Ride poderia não parecer um álbum, mas sim uma compilação de músicas que os Drill gravaram ao longo do ano passado. Contudo, neste disco, isso é algo que não acontece.
Não, Free Ride não é um disco convencional, a começar logo pela duração: quase uma hora, algo quase impensável nos dias de hoje. Outro dos pontos onde não é convencional é na adição de elementos algo estranhos no tipo de música no qual os Drill estão inseridos. O melhor exemplo disto mesmo acontece na faixa inicial "No More, No Sleep", onde na recta final encontramos um instrumento de sopro a entrar de forma completamente desgovernada pela música. Um número artístico que acaba por resultar bastante bem. No capitulo do que não é convencional no disco importa ainda referir a forma como este foi gravado: um computador e quatro microfones. Nada mais.
Tudo isto mostra bem quão grande é a vontade de fazer música que os Drill possuem. Sendo uma banda pequena, não se ficaram a lamentar das condições (ou melhor, da falta delas) existentes em Portugal para se fazer música. Talento e um pouco de arte do "desenrascanço" é quanto baste para se fazer um disco.
Voltando à música, há que dizer que estes três rapazes estão entre o que de melhor se faz no "rock viril" no nosso país. As referência óbvias de Black Sabbath e Kyuss resultam em riffs electrizantes como os de "The Race", "WIKWIGT", "Bird In A Cage" e "Allong The Way". Mas também há espaço para as melodias simples de rock em "Try" e "A Question". Está em Free Ride um bom exemplo do que se pode fazer quando, mesmo com poucos meios, a vontade de fazer música supera tudo o resto.
André Beda

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