Quinto álbum a solo - segundo nas luzes da ribalta - V de Tiago Guillul é um dos mais refrescantes disco de 2010. Descomprometido, sem pressões nem pressas, dois anos após a IV, de 2008, Guillul mostra-nos como aproveitar da melhor forma o sucesso alcançado - depois da imprensa se ter focado na sua editora e principalmente na religião envolta: juntou amigos d'Os Pontos Negros, Samuel Úria, Quim Albergaria (Paus, ex-The Vicious Five) ("São Sete Voltas Para A Muralha Cair") e ainda uma das suas referências nacionais, Rui Reininho dos G.N.R., entre outros, e fez mais um disco a solo para sua carreira.
Tiago Guillul não é um músico perfeito, rapidamente o ouvinte toma consciência disso. Mas como a música boa não foi só feita pelos grandes músicos, Guillul dá, mais uma vez, a volta à questão com um registo com algum humor e sem preconceitos. A premissa deste disco é isso mesmo: liberdade. Guillul, produtor do seu próprio disco e dono da sua própria editora, fez em V o que quis, um bom álbum, e teve o que mereceu: uma maior exposição mediática, aplausos e mais público.Aqui temos rock descomprometido de "São Sete Voltas Para A Muralha Cair", ou de "Nabucodonosor" (com Rui Reininho); rock mais agarrado à pele com "Canção Para O Doutor Soares" ou "Barreiro Rock City" (com Nick Nicotine); ou ainda espaço para algumas experiências com "A Febre Em 1993" ou "Nem Um Só Cabelo Será Perdido" (com Heber Marques e Ruben Alves).2010 é o ano de Guillul. Para além de V, o músico conseguiu colher os frutos de mais de 10 anos ligado à música. V é uma fusão feliz de muitos géneros: rock, electrónica, folk, punk e muito mais. Não é para ouvidos duros nem para preconceituosos quadrados da música. Mostra que também com a língua portuguesa se faz boa música e é um raro exemplo de simplicidade e de desapego ao sucesso musical. Faz falta gente e música assim. Que a vaga continue.
Carlos Montês
Carlos Montês
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