Com o final de mais um mês à vista, o Ruído Alternativo faz regressar à antena a rubrica Colecção RA com mais dois discos para ouvir e conhecer melhor. A primeira parte traz Cão!, o primeiro longa-duração dos Ornatos Violeta que comemora 20 anos, e na segunda parte chega Back In Black, sucesso maior dos AC/DC que ouvimos em memória de Malcolm Young. Dois álbuns sobre os quais falamos um pouco em baixo.
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(1997) Ornatos Violeta - Cão!
"Quero mijar, agora quero mijar", começa assim um dos discos mais icónicos saídos da música da década de '90 portuguesa. Algumas rádios recusaram-se a passar "Punk Moda Funk" - o primeiro single de Cão! que abre o álbum -, mas o talento e criatividade dos cinco amigos/músicos do Porto foram grandes o suficiente para superar essa dificuldade. Este é um trabalho onde outros temas também se destacam: "Bigamia", "A Dama Do Sinal", "O Amor É Isto", "Mata-me Outra Vez" ou "Débil Mental", e a juntar está ainda Manuela Azevedo, vocalista dos Clã que participa em dois temas da estreia dos Ornatos. Um álbum que representa a essência dos primeiros anos do grupo: uma mistura de rock, funk, pop, punk e até o jazz ou o ska, que foi cativando a crítica e o público. Porém, o percurso até este capítulo de 1997 foi longo: a banda nasceu em 1991; viu outro nome (Suores Dos Reis, num trocadilho com o nome da escola onde estudavam); teve outro vocalista e outros elementos na sua formação; participou em vários concursos (entre eles o Música Moderna do Rock Rendez Vous de 1994, onde a banda ganhou o prémio de originalidade); e passearam em França onde viram os Red Wing Mosquito Stings que mudou a sua perspectiva enquanto banda. No entanto, a atitude dos Violent Femmes foi sempre o denominador comum, algo que os levou a bom porto. Embora o concerto que os levou a assinar pela Polygram/Universal só tenha sido assistido por seis ou sete pessoas, Cão! lá nasceu e os Ornatos escreveram uma das páginas de ouro da música portuguesa. "E o punk moda funk um dia vai voltar", assim vaticinaram e assim voltou com este marcante álbum.
CM
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Quando em 1973 Malcolm Young formou com o seu irmão mais novo, Angus, os AC/DC, estaria longe de imaginar um dia vender 50 milhões de cópias de um só disco. É esta a escala do sucesso de Back In Black, o segundo álbum mais vendido de sempre, ficando apenas atrás de Thriller de Michael Jackson. No entanto, o sétimo LP dos australianos foi gravado num contexto no qual o êxito seria difícil de prever. No final de Fevereiro de 1980 a banda, que em 1979 tinha finalmente dado o salto em termos de notoriedade com Highway To Hell, via o seu carismático vocalista Bon Scott morrer. Menos de dois meses depois, Malcolm e Angus escolheram Brian Johnson como substituto e os AC/DC partem para as Bahamas para gravar um novo álbum. Entre caranguejos a passear no soalho de madeira do estúdio, tempestades tropicais, um sino de 910 quilos feito de encomenda para o tema "Hells Bells" e uma banda insegura quanto ao seu futuro, nasceu um disco incrível. Uma ode ao rock and roll puro e duro, despido de artifícios e directo ao osso, como dizem os "bifes". Um trabalho que vai rodar bem alto no programa de amanhã para celebrar a vida e música do guitarra ritmo da instituição AC/DC.
AB
Ruído Alternativo: Domingo, 22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui).
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