Tantas vezes criticados por diversos motivos, pelo seu anti-clericalismo radical, por terem deixado para trás o thrash em algumas fases da sua carreira, os Slayer são, ainda assim, a banda dos intitulados The Big 4 que menos cedeu a pressões do mercado discográfico. Para eles os grammys e outros prémios não têm qualquer tipo de interesse: Tom Araya, Kerry King, Jeff Hanneman e Dave Lombardo nasceram para agradar ao seu público, especialmente ao vivo.
Apesar das críticas, algumas até bem legitimas, a verdade é que, depois daquilo a que se pode chamar a fase nu-metal da banda (álbum Diabolus In Musica, de 1998), os Slayer têm vindo a encontrar o seu rumo. Apesar não serem uma novidade em termos de sonoridade, God Hates Us All e Christ Illusion são álbuns de qualidade superior. Apesar da febre revivalista do thrash metal já durar há alguns anos, nenhum álbum dos Slayer tinha saído nas condições que World Painted Blood saíra: em pleno estado de euforia por parte dos seguidores do estilo, com o álbum do regresso à antiga sonoridade dos Metallica editado há um ano, Endgame dos Megadeth lançado cerca de um mês antes e uma série de figurantes de altíssima qualidade como Overkill, Exodus e Heathen também com novos álbuns para chegar. Infelizmente, dos álbuns que acabei de referir, só o dos Heathen me pareceu passar mais despercebido (por questões obviamente relacionadas com a dimensão da banda). Falhanço em termos de marketing?
Pode ser o caso, mas o Ruído Alternativo também serve para chamar a atenção para estes casos de aparente injustiça e, por isso, não receamos afirmar que World Painted Blood é um disco obrigatório na discografia de qualquer metaleiro que se prese. Este disco é composto por onze faixas, nenhuma delas extensa, algo que vai tomar cerca de 40 minutos da vossa vida. Este é precisamente um dos aspectos que eu mais aprecio na abordagem dos Slayer: ouvir um disco destes senhores é algo imediato, um experiência alucinante causada pelas músicas curtas e tocadas a uma velocidade estrondosa. Quando se chega ao fim de um [bom] álbum de Slayer só apetece perguntar "Já acabou?".
As músicas deste disco, e de outros, abrem ainda espaço a outra crítica que é constantemente feita: os Slayer andam a adaptar a mesma música diversas vezes ao longos da sua carreira. Até admito que isso aconteça pontualmente, é impossível ouvir "Playing With Dolls" e não pensar em "Seasons In The Abyss". São uma banda de metal com uma vertente muito inclinada para o hardcore, que, como qualquer outra vertente do punk, deixa pouco espaço a grandes inovações e variações sonóras.
Sim, são uma banda com pouca melodia, que nem sempre soa bem ao vivo e que tem um universo lírico pouco vasto. Estes factores fazem com que os Slayer sejam uma banda que se goste ou, por outro lado, se odeie. Para quem gosta aqui está mais uma excelente proposta: um álbum "à Slayer"!
[A Review 2009 está terminada. Em breve vai ser colocado o epílogo da mesma, fiquem atentos! Mais uma vez peço desculpa pela demora, afinal já andam aí listas dos melhores de 2010, mas nem sempre tenho o tempo que gostaria de ter para dedicar ao Ruído Alternativo. Abraço.]
André Beda
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