sexta-feira, julho 30, 2010

A Análise: Kreator - "Hordes Of Chaos"

Hordes Of Chaos marca o regresso aos álbuns por parte dos germânicos Kreator, quatro anos após o bem sucedido Enemy Of God. Este disco continua na linha do seu antecessor, embora com menos elementos de death metal melódico à mistura, e é mais uma prova, como se fossem precisas mais provas, de que há thrash metal para lá da Bay Area.
Muitas vezes considerados por público e crítica como os "Slayer europeus", semelhanças à parte, os Kreator merecem muito mais que este rótulo. Tal como bandas com Exodus e, já este ano, os regressados Heathen, os Kreator lutam por dar uma sonoridade mais moderna ao thrash metal, tentando fugir a revivalismos exagerados nos quais tanto muitas bandas históricas como novas caras do género tantas vezes caem.
Apesar do velho continente ser considerado o berço de muitos géneros musicais, no que toca particularmente ao rock e ao metal, o thrash metal sempre foi visto como um produto muito americano. Não obstante do facto do género ter nascido, efectivamente, nos Estados Unidos, bandas europeias do género como Sodom, Acid Drinkers, Destruction e os próprios Kreator caem muitas vezes no esquecimento.
Falando concretamente de Hordes Of Chaos, Mille Petrozza afirmou que este tinha sido gravado no formato "live tapping", com pouco trabalho de produção, algo que já não acontecia desde Pleasure To Kill de 1986. Apesar de toda a nova roupagem e do som mais moderno, a forma como o disco foi gravado acaba por revelar uma genuinidade assinalável em todas as suas músicas. Algo que não acontecia, sem sombra de dúvidas, na fase mais experimental da carreira dos Kreator quando, entre 1992 e 1999, tentaram introduzir elementos góticos e industriais no seu som. Algo relativamente recorrente em bandas com tantos anos de carreira. Afinal os Kreator andam na estrada à coisa de trinta anos.
Hordes Of Chaos é uma viagem de 38 minutos, mais fácil de digerir do inicialmente se possa pensar, isto apesar de em todo disco os Kreator não tirarem o pé do acelerador (não se deixem enganar pelo inicio melódico de "Amok Run"). Com muitos solos à mistura, alguns deles bem melódicos e quase todos bem pertinentes, há que destacar o trabalho do baterista Jürgen Reil, músico que esteve afastado da banda oriunda de Essen durante quatro anos, tendo voltado em 1997 para ajudar a trazer de volta a sonoridade mais agressiva dos Kreator.
Não sendo, de todo, mau experimentar novas sonoridades, este disco pode ser a prova de que é desta forma que os Kreator continuaram a agradar aos seus seguidores, principalmente aos mais puristas. Afinal Hordes Of Chaos chegou a entrar na tabela norte-americana de álbuns mais vendidos e por lá se manteve durante duas semanas, muito por causa do single "Hordes Of Chaos (A Necrologue For The Elite)" que esteve em alta rotação em alguns canais de música. O que não deixa de ser um facto apreciável para uma banda que não tem uma sonoridade propriamente acessível ao ponto de vender milhões e milhões de discos. Venham mais destes!
André Beda

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