Endgame marca o regresso aos discos por parte dos Megadeth, apenas dois anos após a estreia do seu antecessor United Abominations. Este disco marca também uma nova fase na carreira dos Megadeth, com os primeiros riffs e solos de Chris Broderick no grupo a fazerem-se ouvir em Endgame, e também com a entrada do baixista de longa data da banda, David Ellefson, que esteve afastado desde 2002.
É impossível falar deste álbum sem fazer uma referência ao ambiente que se vive hoje em dia no seio dos Megadeth. Se a formação da banda já era fortíssima, com a entrada do talento de Broderick só tem a ganhar e o próprio Ellefson veio trazer alguma da mística de volta aos Megadeth, visto que é um elemento histórico da banda. Depois há o elemento Dave Mustaine, o motor de sempre do grupo californiano, que se tornou cristão ao fim de tantos anos (e até parece que levou David Ellefson consigo à missa, uma vez que o baixista também se afirma cristão). Mustaine deve estar tão arrependido dos seus pecados que até já fala com todas as pessoas com quem estava, digamos, "chateado". E reparem bem que a lista não é nada pequena: James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett, David Ellefson, Chris Poland, Rikki Rachtman, Kerry King, Tom Araya, os Pantera e Mike Muir.
Poderia-se pensar que esta aparente paz que reina no mundo dos Megadeth poderia trazer um disco com temas diferentes dos que encontramos em United Abominations, algo que mostrasse mais esperança, mas os Megadeth enganaram-nos bem. Os temas centrais de Engame continuam a ser guerra e músicas de protesto servidas por um enredo com riffs e solos alucinantes. A este nível há que referir que o talento de Broderick veio colmatar aquilo que sempre faltou a Mustaine: melodia. Dave é um autentico talento em bruto: muito rápido mas nada melódico. De resto, nem se nota que hoje o líder dos Megadeth é um respeitável cristão, tal a agressividade demonstrada ao longo do disco.
Depois de tentativas falhadas, no final dos anos 90, de tentar suavizar a música dos Megadeth com elementos electrónicos à mistura, o grupo encontrou definitivamente o seu estilo: muitos solos, linhas de baixo e de bateria bastante simples, álbuns com músicas rapidíssimas, com uma ou outra mais introspectiva, interpretadas pela voz de Dave Mustaine, que em estúdio ainda não nos deixou ficar mal.
É importante também referir que alguns podem afirmar que as músicas de Endgame são, por norma, mais rápidas que as de United Abominations, o que não andará muito longe da verdade, pondo de parte as mais introspectivas "44 Minutes" e "How The Story Ends". Algo que poderá contribuir para a popularidade do disco é o facto de este ser apresentado por singles muitos bons e com algum potencial, pelo menos, televisivo: "Head Crusher" e "The Right To Go Insane", algo que faltava gritantemente em discos como The System Has Failed e United Abominations. Em suma: não é o melhor que os Megadeth já fizeram, mas não é por isso que deixa de ser um dos melhores lançamentos do ano passado.
André Beda
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