Mais um Domingo e mais uma Colecção RA dedicada a dois músicos que desapareceram nos últimos tempos. Dale Griffin, baterista dos Mott The Hoople, e Jimmy Bain, baixista dos Rainbow, faleceram, e aproveitaremos, na emissão de amanhã à noite do Ruído Alternativo, para rodar os discos All The Young Dudes (1972) dos primeiros, e Rising (1976), dos segundos. Uma emissão especial de homenagem a este músicos a não perder.
Foi David Bowie quem mudaria o rumo da carreira dos britânicos Mott The Hoople, uma banda moribunda e à beira do fim entre 1971 e 1972. O camaleão, nas vésperas do seu épico The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), propõe à banda continuar junta e oferece-lhes um tema - o jogo, esse, mudará para sempre. Os Mott The Hoople rasgam contrato com a Island Records (que tinha assinado os quatro primeiros discos da banda) e juntam-se à CBS (embora todo o nevoeiro à volta deste novo contrato com a editora). Tiram o manager Guy Stevens da produção (o homem que deu o nome definitivo ao quinteto e que apostou neles no início de carreira), colocam David Bowie na produção e tudo fica diferente. O hard rock latente no grupo é reduzido, e os Mott The Hoople transformam-se numa banda glam com cheiros country e pop. A tal música oferecida por Bowie foi "All The Young Dudes", tema que também deu o nome ao álbum dos britânicos em 1972 (o quinto da carreira) e que se transformou em algo muito maior do que os próprios Mott The Hoople. "All The Young Dudes" virou um hino da década de 70, hino da era glam, hino da juventude (embora fale do apocalipse) e hino gay; um símbolo maior da geração pós-hippie que não esqueceu o legado anterior ao mencionar os Beatles e os Stones na sua letra. A canção maior que dá nome ao disco de 1972 dos Mott The Hoople conseguiu ainda mais: conquistou um lugar na lista das 500 canções que moldaram o rock 'n' roll para o Rock And Roll Hall Of Fame - impressionante! E se tudo isto não bastasse, resta dizer que este disco de 1972 virou um sucesso de vendas, com a crítica a aplaudi-lo - algo nunca vivenciado na sua plenitude pelos Mott The Hoople. Um facto que alavancou o resto da carreira dos britânicos até ao seu fim, um pouco atabalhoado. O álbum All The Young Dudes marcou uma época, é símbolo de uma geração e a sua música é eterna. Nem todos podem gabar-se disto.
CM
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Na segunda parte voltamos as atenções para Rising, o disco mais celebrado da carreira dos Rainbow. Para ele, Ritchie Blackmore monta uma formação de luxo com Ronnie James Dio na voz, Jimmy Bain no baixo, Cozy Powell na bateria e Tony Carey nas teclas. Juntos atingem o som pretendido por Blackmore quando fundou o grupo: rock épico com muita inspiração da música clássica. À direção musical apontada pelo guitarrista, juntavam-se ainda as letras de Dio, inspiradas no seu imaginário centrado na fantasia. Tudo somado e tínhamos um disco e um som ímpares em 1976, numa das primeiras aproximações ao imaginário e estilo do vindouro power metal e dos outros movimentos neo-clássicos. A inovação de Rising só foi devidamente apreciada décadas depois, passando mesmo um pouco ao lado da própria banda na altura - apenas dois temas entraram no set ao vivo dos Rainbow. Ainda assim, houve um efeito prático imediato: dar o primeiro gosto do sucesso à banda, que só seria superado com a viragem comercial operada por Blackmore e Roger Glover nos anos 80. Deste período de ouro e deste disco incontornável ficam para a história temas com "Starstruck" e, principalmente, "Stargazer" - um tema épico sobre um feiticeiro que tenta construir uma torre até ás estrelas e um dos momentos mais saudados de Dio, Blackmore e companhia. Rising, uma obra ímpar dos Rainbow para descobrir em Colecção RA.
AB
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Tudo isto, e muito mais, a não perder Domingo à noite na Tejo FM. A partir das 22h nos 102.9 FM para ou Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.
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