quinta-feira, dezembro 07, 2017

Emissão Especial: Zé Pedro (1956-2017)

Ficámos sem palavras há precisamente uma semana...

Infelizmente, para quem está atento a esta coisa da música, esta era uma notícia esperada, mas nunca ninguém está preparado para a receber. E no dia 30 de Novembro ela lá chegou... No entanto, o país, Portugal, soube corresponder a esta notícia da melhor forma - dentro da tristeza que foi recebê-la. O país emocionou-se com a partida de Zé Pedro, o actual Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, já prometeu uma homenagem nacional ao músico, e, este post, é publicado poucas horas depois da Assembleia da República aprovar por unanimidade um voto de pesar pelo seu falecimento, com um aplauso de pé.

Zé Pedro, fundador e guitarrista dos Xutos & Pontapés, morreu. O maior ícone e figura do rock 'n' roll nacional deixou-nos, mas o seu espírito e legado ficam para sempre.

Este Domingo, 10 de Dezembro, o Ruído Alternativo tem reservado um programa antológico sobre a vida, a carreira e a música de Zé Pedro, com os Xutos à cabeça, mas não só! Temos Palma's Gang, Maduros, Ladrões Do Tempo, e muito mais!

na véspera de Natal que se aproxima, olharemos de novo para a obra que o "gajo mais porreiro do rock nacional" deixou, com uma Colecção RA com dois importantes discos dos Xutos & Pontapés para ouvir.

Esta é a nossa homenagem a Zé Pedro.


Zé Pedro morreu aos 61 anos, este que ao longo de mais de 35 anos foi a imagem da banda que arrecadou o título de maior grupo nacional.

A história de Zé Pedro começa com um interrail que mudou a vida do homem que no Cartão de Cidadão assina como José Pedro Amaro dos Santos Reis. Conheceu o punk e depois de ser manager dos Faíscas, uma das primeiras bandas de punk em Portugal, decide criar a sua própria banda. No final de 1978, nascem os Beijinhos & Parabéns que rapidamente mudam o nome para Xutos & Pontapés - também estes um dos primeiros grupos da primeira vaga do punk nacional.

O caminho até ao estrelato foi longo. Só no final da década de '80 é que os Xutos começaram a ver um sucesso até então nunca visto - colocaram tantos hinos na história da música portuguesa que não temos espaço para os enumerar aqui...

Até que na década de '90 surgem os primeiros problemas no seio do grupo de Almada. Os Xutos chegaram a pensar em terminar, mas permaneceram juntos - e ainda bem. Entretanto, Zé Pedro fez nascer o sucessor do Rock Rendez Vous, o Johnny Guitar, mítico espaço de espectáculos que ajudou impulsionar uma nova vaga de bandas em Portugal.

Com o virar do século, os Xutos tornaram-se na maior banda portuguesa, actuando nos maiores palcos e festivais nacionais, percorreram o país de lés a lés, e Zé Pedro, depois de vários problemas com drogas e o álcool, torna-se numa das caras mais mediáticas na luta contra a toxicodependência e o abuso de álcool.

Zé Pedro foi ainda DJ e radialista, esteve nos Palma's Gang (com Jorge Palma, Flak e Alex, dos Rádio Macau, e o seu companheiro de armas nos Xutos, Kalú); esteve nos Maduros e n'Os Cavacos; em 2011, lançou uma compilação em nome próprio onde participa na música de outros projectos; e formou o super-grupo Ladrões Do Tempo (com Tó Trips, dos Dead Combo, Samuel Palitos, d'A Naifa e ex-Censurados, Paulo Franco, dos Dapunksportif, e Os Dias De Raiva, e Dony Bettencourt), com os quais lançou dois discos, um de originais e outro de tributo a Lou Reed gravado ao vivo.

A 4 de Novembro de 2017, Zé Pedro pisou pela última vez um palco com o seus Xutos & Pontapés. Foi o Coliseu de Lisboa onde foi ovacionado naquilo a que podemos chamar, aos olhos de hoje, a despedida de um dos grandes de Portugal.

Até sempre, Zé Pedro.

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Ruído AlternativoDomingo22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui). 

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