sábado, novembro 24, 2018

Antevisão/Destaques: Programa 393

A agenda de concertos marca a Colecção RA desta semana. Os Wire estão em Portugal - ainda hoje, 24 de Novembro, tocam em Lisboa - e os Tool regressam a Portugal no próximo ano, naquele que é considerado um dos mais esperados eventos da agenda de eventos de rock e metal do país. Por isso, temos dois clássicos para escuta e sobre os quais falamos um pouco mais em baixo.

1ª parte:

(1977) Wire - Pink Flag

Os Wire nasceram em 1976, em Londres. Começaram por ter ensaios intensos de 12 horas, moldando assim o som único pelo qual foram conhecidos logo nos primeiros tempos. O primeiro concerto só acontece a 1 de Abril de 1977, no Roxy Club, na capital inglesa, local de onde foi extraída uma importante compilação que reuniu as actuações de várias bandas de punk britânicas e na qual estavam os próprios Wire. Nesse concerto conseguem assinar contrato pela subsidiária da EMI, a Harvest, e estavam lançados os dados para a gravação do primeiro disco do grupo. Pink Flag sai no último mês do importante ano para o punk, '77, e não chega sequer a entrar nas tabelas de mais vendidos do Reino Unido. E, embora este factor comercial, Pink Flag foi alvo de inúmeras reedições. A razão para isso: a estreia da banda extravasou as fronteiras do punk da época, abraçando sons e ambientes atmosféricos, estruturas não convencionais do punk e apresentando ainda um alinhamento com 21 (!) canções - em que seis nem chegam a um minuto de duração, num disco com pouco mais de 35 minutos de duração. O resultado? Uma imprensa atenta a estes músicos saídos das tradicionais escolas de arte britânicas, assim que Pink Flag sai para as lojas, e géneros vindouros fortemente influenciados por este registo (post-punk e hardcore à cabeça), bem como bandas como Big Black, My Bloody Valentine, Blur, Joy Division ou R.E.M.. Ao longo dos anos este álbum tem entrado nas mais variadas e importantes listas de melhores de sempre, embora os Wire se tenham mantido como uma das mais alternativas bandas saídas de Inglaterra que nunca deu o salto para o mainstream. Se isto não é um clássico...


CM

2ª parte:

(1993) Tool - Undertow

O início dos anos 90 não foi fácil para o heavy metal. O grunge tinha afundado de vez e substituído no ecrã da MTV as bandas de hair metal dos anos 80 e o género era geralmente visto como coisa do passado - ou até "parolo". Nesse período existiram duas bandas que, quase sozinhas, ajudaram a manter algum interesse e esperança no futuro do metal: por um lado os Pantera ao trazerem uma vertente mais extrema dos sons pesados ao mainstream e por outro os Tool, que traziam à aspereza do som conteúdo emocional e intelectual. Enquanto até as mais pesadas bandas de Seattle negavam qualquer ligação ao então mal-amado estilo de música, estes dois grupos assumiram-no e garantiram, para o bem e para o mal, a sobrevivência do mesmo. Undertow, a estreia em LPs dos Tool de 1993, é não só um disco desses - um divisor de águas em termos temporais -, como também um importante marco no ressurgimento das linguagens mais progressivas. Temas como "Prison Sex" são até compostos de forma a soarem anticlimáticos, ou seja - começam com algum ritmo e vão desvanecendo com o passar dos minutos. Desta forma, um grupo que almejava criar música complexa e colocar o ouvinte a pensar tornou-se numa das grandes bandas dos nossos tempo e fez questão de sublinhar o que pretendia logo neste seu primeiro longa-duração.

AB

Ruído AlternativoDomingo22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui).

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