A agenda de concertos marca a
Colecção RA desta semana. Os
Wire estão em Portugal - ainda hoje, 24 de Novembro, tocam em Lisboa - e os
Tool regressam a Portugal no próximo ano, naquele que é considerado um dos mais esperados eventos da agenda de eventos de
rock e
metal do país. Por isso, temos dois clássicos para escuta e sobre os quais falamos um pouco mais em baixo.
1ª parte:
(1977) Wire - Pink Flag
Os
Wire nasceram em 1976, em Londres. Começaram por ter ensaios intensos de 12 horas, moldando assim o som único pelo qual foram conhecidos logo nos primeiros tempos. O primeiro concerto só acontece a 1 de Abril de 1977, no Roxy Club, na capital inglesa, local de onde foi extraída uma importante compilação que reuniu as actuações de várias bandas de
punk britânicas e na qual estavam os próprios
Wire. Nesse concerto conseguem assinar contrato pela subsidiária da
EMI, a
Harvest, e estavam lançados os dados para a gravação do primeiro disco do grupo.
Pink Flag sai no último mês do importante ano para o
punk, '77, e não chega sequer a entrar nas tabelas de mais vendidos do Reino Unido. E, embora este factor comercial,
Pink Flag foi alvo de inúmeras reedições. A razão para isso: a estreia da banda extravasou as fronteiras do
punk da época, abraçando sons e ambientes atmosféricos, estruturas não convencionais do
punk e apresentando ainda um alinhamento com 21 (!) canções - em que seis nem chegam a um minuto de duração, num disco com pouco mais de 35 minutos de duração. O resultado? Uma imprensa atenta a estes músicos saídos das tradicionais escolas de arte britânicas, assim que
Pink Flag sai para as lojas, e géneros vindouros fortemente influenciados por este registo (
post-punk e
hardcore à cabeça), bem como bandas como
Big Black,
My Bloody Valentine,
Blur,
Joy Division ou
R.E.M.. Ao longo dos anos este álbum tem entrado nas mais variadas e importantes listas de melhores de sempre, embora os
Wire se tenham mantido como uma das mais alternativas bandas saídas de Inglaterra que nunca deu o salto para o
mainstream. Se isto não é um clássico...
CM
2ª parte:
O início dos anos 90 não foi fácil para o
heavy metal. O
grunge tinha afundado de vez e substituído no ecrã da
MTV as bandas de
hair metal dos anos 80 e o género era geralmente visto como coisa do passado - ou até "parolo". Nesse período existiram duas bandas que, quase sozinhas, ajudaram a manter algum interesse e esperança no futuro do
metal: por um lado os
Pantera ao trazerem uma vertente mais extrema dos sons pesados ao
mainstream e por outro os
Tool, que traziam à aspereza do som conteúdo emocional e intelectual. Enquanto até as mais pesadas bandas de Seattle negavam qualquer ligação ao então mal-amado estilo de música, estes dois grupos assumiram-no e garantiram, para o bem e para o mal, a sobrevivência do mesmo.
Undertow, a estreia em
LPs dos
Tool de 1993, é não só um disco desses - um divisor de águas em termos temporais -, como também um importante marco no ressurgimento das linguagens mais progressivas. Temas como
"Prison Sex" são até compostos de forma a soarem anticlimáticos, ou seja - começam com algum ritmo e vão desvanecendo com o passar dos minutos. Desta forma, um grupo que almejava criar música complexa e colocar o ouvinte a pensar tornou-se numa das grandes bandas dos nossos tempo e fez questão de sublinhar o que pretendia logo neste seu primeiro longa-duração.
AB