sábado, junho 24, 2017

Antevisão/Destaques: Programa 334

'Mil nove e noventa e sete'. O grunge estava a moribundo e o metal procurava novas saídas, com o nu metal aí porta. No entanto, houve quem experimentasse como nunca. Este Domingo, o Ruído Alternativo faz o voo até esse ano e repesca dois discos que marcaram duas facções, o rock alternativo e o metal: um trabalho que mostrou que os Radiohead eram bem mais que uma "Creep", e uns Paradise Lost à frente do seu tempo que não tiveram medos em experimentar. Falamos de OK Computer e One Second, ambos de 1997, que este Domingo merecem a nossa atenção em Colecção RA!

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(1997) Radiohead - OK Computer 

O passado deles não foi fácil. Depois de formados em Inglaterra em 1985, só em 1993 é que os Radiohead lançaram o seu primeiro álbum. No entanto, houveram uns visionários que, apenas com uma demo do grupo, decidiram assinar um contrato com a banda - e logo para seis discos! Falamos na EMI que apenas pediu que a banda alterasse de nome - antes eram conhecidos por On A Friday -, e, com o tempo, trouxeram ao mundo um dos projectos mais desafiadores da música actual. Pablo Honey nunca convenceu, mas lá foi vendendo, mesmo com a "Creep" a fazer chorar o maior dos durões - culpas para a MTV; The Bends mostrou que afinal estes não eram um grupo de one-hit wonders, com quatro singles certeiros e incontornáveis e um som próprio; mas foi com OK Computer que a imprensa "se calou", depois de um dia os ter chamado de demasiado cobardes para serem uma banda de rock. A verdade é que o rock até ficou num plano secundário com este disco, mas as experiências e o atrevimento valeram aos Radiohead a imortalidade. Gravado, essencialmente, numa casa nobre inglesa do século XVI, este trabalho sem fórmulas chegou a número um no Reino Unido - o primeiro dos britânicos - e conseguiu a posição mais alta nas tabelas norte-americanas; e a partir daqui a banda nunca mais foi a mesma. Está aqui um estrondoso disco de uma banda que chegou aos grandes e nunca mais de lá saiu, sem nunca se vergar aos jogos desta indústria.
CM

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(1997) Paradise Lost - One Second

Se em 1997 houve quem pensasse que One Second era uma mudança radical no som dos Paradise Lost, o que diriam se soubessem que este era apenas a ponta do iceberg da revolução musical no seio da banda? Vindos de dois discos clássicos e que definiram o som do metal gótico - Icon (1993) e Draconian Times (1995) - os britânicos operam uma viragem em direcção ao rock gótico guiado por sintetizadores e, por vezes, muito próximo da synth pop. Com alguns dos membros da banda com o cabelo cortado e com um som impregnado de elementos electrónicos, começavam em 1997, e com One Second, as comparações com os Depeche Mode. Um passo arriscado para uma banda que tinha acabado de se estabelecer na cena heavy metal, mas que até faz todo o sentido quando olhamos à evolução do som dos Paradise Lost: death metal nos primeiros lançamentos e uma crescente e constante suavização de vozes e guitarras de disco para disco. Quem não arrisca não petisca, diz a sabedoria popular. A partir de One Second, o grupo começa a ser presença assídua em rádio e televisão - basta lembrar que até há bem pouco tempo a única forma de ver o videoclip de "Say Just Words" no YouTube era através de uma gravação do nosso saudoso Sol Música. Para quem pensou que One Second era uma mudança demasiado radical, deve ter sido difícil ver os Paradise Lost entrar pela electrónica a dentro em Host (1999) e de ver que Belive In Nothing (2001) e Symbol Of Life (2002) tinham um som semelhante ao primeiro. Uma fase que tem tanto de rica como curiosa e que revisitamos no próximo programa.

AB

Ruído AlternativoDomingo22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui).

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