sábado, fevereiro 27, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 270

Como prometido - e obrigatório -, não poderíamos de deixar de passar dois discos de David Bowie, após o seu desaparecimento a 10 de Janeiro passado, numa Colecção RA. Uma carreira recheada e inventiva da qual escolhemos dois álbuns díspares para ouvir e conhecer na íntegra. Sendo assim, este Domingo ficamos com o maior disco de Bowie, The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), de tons glam [rock], para a primeira parte, e 1.Outside (1995), de tons industriais e experimentais, para a segunda. Dois grandes capítulos da vida de David Bowie para recordar nesta emissão especial do Ruído Alternativo. [Para recordar a Emissão Especial do RA dedica a toda a carreira de Bowie, na sua vertente rock, é seguir este link]
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 (1972) David Bowie - The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars

O disco maior da carreira de David Bowie traz consigo um conceito: Ziggy Stardust é o novo Cristo, um extraterrestre andrógena, que vem dar uma mensagem de esperança à Terra, condenada a apenas mais cinco anos de existência - à beira do apocalipse. Um alien/messias hipersexualizado, bissexual e símbolo da estrela definitiva do rock - um "Starman". Em 1972, todo este contexto, numa era dourada para o glam rock, colocou Bowie na imprensa constantemente - chegando o próprio a assumir-se, segundo aquilo que é veiculado, como bissexual, numa terra de conservadores e de sua Majestade. O activismo LGBT foi, por isto, parte presente nas ideias de David Bowie que conseguiu arrastar os Spiders From Mars para este imaginário [convertidos ao uso de roupas provocantes com a ideia de "sacar miúdas"]; conseguiram chocar o público e não faltou strip nem a simulação de sexo oral em palco que comprovariam tais pensamentos. Todavia, The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And Spiders From Mars é muito mais do que isto. Com o glam rock com a primeira grande plataforma para a criação de personas por parte de Bowie, aqui, o músico colocou definitivamente outras experiências para lá da música rock, pondo em prática no palco todas as artes performativas que admirava, com especial referência para o teatro. The Rise And Fall... é muito mais do que a somatória da electricidade com o glam, a folk, o rock 'n' roll e a cultura mod, transformando-se no clássico maior de David Bowie - referido em inúmeras listas de melhores álbuns de sempre até aos dias de hoje. Foi um exercício excepcional, onde até houve uma encenação em palco da morte do personagem central desta peça, Ziggy Stardust. Criou-se um culto; foi uma das antecâmaras do punk rock; foi... único.
 CM

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(1995) David Bowie - 1.Outside

Na segunda parte entramos de cabeça em 1.Outside, o disco que fez verdadeiramente Bowie entrar nos anos 90, após algumas falsas partidas. Trabalhando de novo com Brian Eno, os dois conseguem um disco que é, para começar, sonoramente diverso: junta o contemporâneo rock industrial com a linguagem intemporal do jazz e ainda lhes junta alguns momentos de spoken-word. Depois, há toda uma narrativa surreal na qual o disco se baseia, nascida a partir do diário de Nathan Adler. Nela, em 1999, tinha-se vulgarizado o fenómeno Art Crime, no qual se assassinavam pessoas e mutilavam-se corpos para fins artísticos. Cabia a Adler, como autoridade, decidir quais das peças eram arte e quais eram apenas "lixo", como referido no disco. Ao longo de 1.Outside acompanhamos a investigação ao homicídio de uma rapariga de 14 anos, ao mesmo tempo que nos são apresentadas as várias personagens desta trama. O conceito deveria ter transvasado este disco, dando origem a mais dois, a lançar até 1999, dando a Bowie a oportunidade única de explorar o sentimento da viragem do milénio patente na humanidade por esses anos. Tal acabou por não acontecer, mas das últimas vezes que falou com Brian Eno, falou-lhe da sua vontade de dar uma nova roupagem ao disco e trazê-lo de volta. Acabou por já não ter tempo para tal. Apesar de ser um disco sem paralelo na sua carreira, 1.Outside é a obra que melhor representa a essência de David Bowie: a constante insatisfação com o seu som e a incessante procura de novas sonoridades.
AB

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Tudo isto, e muito mais, a não perder Domingo à noite na Tejo FMA partir das 22h nos 102.9 FM para ou Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.

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