Depois de colocar a casa em ordem e de dar o devido destaque aos melhores lançamentos de 2015, regressamos à rotina do final de mês nesta casa. Colecção RA a fechar o primeiro mês do ano com a devida homenagem a Lemmy Killmister, falecido no passado dia 28 de Dezembro. Nas duas horas de emissão de Domingo voaremos pelas duas bandas a ele associadas: a partir das 22h do dia 31 de Janeiro, Ruído Alternativo com a audição na íntegra os álbuns Hall Of The Mountain Grill (1974) dos Hawkwind e Overkill (1979) dos Motörhead.
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Na primeira hora fazemos então a retrospectiva do início dos Hawkwind e, especialmente, dos anos de Ian Killmister como baixista do grupo. Ele que foi contratado sem ter qualquer experiência no instrumento mas, por outro lado, o seu gosto por anfetaminas agradava a um dos guitarristas da banda. O ex-rodie de Jimi Hendrix e guitarrista-ritmo amador trouxe assim uma nova abordagem ao instrumento (que, para todos os efeitos e para ele, continuava a ser uma guitarra, só que com menos cordas) e foi parte importante do som dos Hawkwind naquela época. Em época de afirmação, os mestres do space-rock conseguiram vingar com Lemmy ao leme no single que os trouxe à ribalta, "Silver Machine". É também nesta fase que a banda cimenta o seu som e filosofia com o álbum ao vivo Space Ritual e com Hall Of The Mountain Grill, este último que vamos ouvir na primeira parte desta Colecção RA. Curiosamente o que levou Lemmy a integrar primeiramente os Hawkwind, as drogas, foi também o motivo do seu despedimento em 1975. Depois, pegou no título da última música que tinha escrito na banda para nomear o seu novo projecto. O resto já faz parte da história do rock n' roll.
AB
Hawkwind
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Ian Fraser Kilmister (24 de Dezembro de 1945 - 28 de Dezembro de 2015): cabelo comprido, patilhas ligadas pelo bigode, duas verrugas, chapéu estilo cowboy, voz grave e distinta, de microfone ao alto, baixo tocado como se fosse uma guitarra... o roadie de Jimi Hendrix transformou-se numa lenda e não podia sonhar com melhor. Fã de Little Richard e dos Beatles, começou pela guitarra e percorreu o seu caminho em bandas locais até chegar ao baixo dos Hawkwind, onde o aborda como guitarra (afinal nunca tinha tocado num). Com o grupo de psicadelismo põe a voz em "Silver Machine" e transformou em sucesso um banda vinda do espaço movida a drogas. Depois de abandonado, criou a sua banda, e com Fast Eddie Clarke e Philty Animal Taylor, cristalizou-se aí, nessa época, no mundo rock. O power trio juntou o hard rock e o punk e fez um speed metal que seria fulcral para o nascimento do thrash. Lemmy foi o comandante dos Motörhead e com membros a sair e a entrar, manteve-se fiel à sua identidade batalhando pela sua grande causa que foi sempre o rock 'n' roll. Em 22 álbuns de originais (entre EPs, singles, compilações, álbuns ao vivo...), conseguiu a marca de mais de 15 milhões de unidades vendidas e só quando versionou os Metallica (seus discípulos directos) é que viu da academia (Grammys) os aplausos merecidos pelo seu contributo ao rock e ao metal. Escreveu para Ozzy Osborne; escreveu e tocou com os Ramones; formou os Head Cat (supergrupo de rockabilly); esteve com os The Damned, com as Girlschool e com a ícone sexual/punk Wendy O. Williams dos Plasmatics; esteve em Probot de Dave Grohl; fez figurões em diversos videoclips... Enfim,... A figura de Lemmy tem todo um mito à sua volta. Um músico que foi sempre apontado pelos seus pares como «o» verdadeiro 'rock 'n' roll man': o álcool (uma garrafa de Jack Daniels por dia ao longo de mais de 30 anos), as drogas (o speed e o LSD, mas acima de tudo as anfetaminas), o jogo, as mulheres (dizia ter estado com mais de mil), e, claro, o rock 'n' roll! Como o último baterista da banda afirmou, Mikkey Dee, pouco depois da morte de Lemmy Kilmister, aos 70 anos: "os Motörhead eram Lemmy" - e Lemmy era, aliás, é o rock! (acrescento eu).
CM
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