sábado, janeiro 30, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 266

Colecção RA regressa ao fim de Janeiro, fazendo, com dois discos em audição, a homenagem que o Ruído Alternativo devia a Lemmy Killmister. O astro do rock desapareceu no final de Dezembro e, depois das já agendadas emissões especiais, não esquecemos a perda. Primeira parte com Hall Of The Mountain Grill (1974) dos Hawkwind em destaque, e na segunda hora Overkill (1979) dos Motörhead. A vida e parte da obra de Lemmy para conhecer nesta emissão especial.

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 (1974) Hawkwind - Hall Of The Mountain Grill

Antes de ser tornar uma figura conhecida à escala global nos seus Motörhead, Lemmy fez parte de um dos conjuntos mais influentes e, de alguma forma, injustiçados da história da música moderna. A imagem dos Hawkwind não se distanciava muito dos seus pares da época (vide história do rock progressivo), mas a música e o imaginário estavam mais à frente. Foram o grupo fundador da estética e imaginário space-rock, trazendo uma proposta algo diferente do psicadelismo. A sua história é um constante vai-e-vem de músicos, algo que em 1972 permitiu a entrada de Lemmy no grupo - um tipo sem qualquer contacto prévio com as quatro cordas que foi contratado para o posto de baixista. Abordava o instrumento como uma simples guitarra, riffando e fazendo harmonias em vez de tocar notas soltas, apanágio dos baixistas naquela altura. É durante a sua fase na banda que os Hawkwind saem do obscurantismo, primeiro com o single "Silver Machine" (cantado por ele) e, pouco depois, com o disco ao vivo Space Ritual - um resumo da música e imaginário do grupo em palco. No que a LPs diz respeito, para além de Doremi Fasol Latido (1972) e Warrior On The Edge Of Time (1975), participou no incontornável Hall Of The Mountain Grill: uma obra levemente inspirada no trabalho do amigo da banda Michael Moorcock (escritor ligado à ficção científica), vista como o pico de forma dos Hawkwind. Apesar de ter deixado a sua impressão digital no som e sucesso dos Hawkwind, Lemmy seria despedido em 1975 por problemas relacionados com drogas. Depois, por conta própria, seguiu em frente para escrever mais páginas da história do rock com os Motörhead.
 AB

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(1979) Motörhead - Overkill

Depois de pegar no título da última música escrita a bordo da nave dos viajantes dos espaço Hawkwind, Lemmy forma os Motörhead. Deixando para traz o psicadelismo, os primeiros tempos na nova banda foram difíceis. Encontrou a formação clássica (Lemmy Kilmister, Fast Eddie Clarke e Philty Animal Taylor), com quem fez um brilharete, e o power trio estreou-se com um álbum em homónimo em 1977 que não dá muito nas vistas (é muito bluesy e ainda ligado ao rock/hard mais clássico que caracterizava aquela época) - só o single "Motörhead" traz algum retorno à banda. Mudam de editora e chegam finalmente chegam à sua época dourada. É a partir de '79 que a revolução começa, construindo desde logo um set clássico de quatro discos que ficaria na história e seria ainda o manual de instruções para toda a comunidade metaleira que haveria de crescer ainda mais pouco tempo depois. São esses quatro discos: Overkill (1979), Bomber (1979), Ace Of Spades (1980) e Iron Fist (1982), juntando-se a estes ainda um quinto, desta feita ao vivo, de nome No Sleep 'Til Hammersmith (1981) que lhes valeu um número um no Reino Unido - neste trabalho ao vivo mostram a fibra dos Motörhead em palco, o sítio onde sempre destacar-se-iam. Em Overkill a banda constrói pela primeira vez a sua marca sonora, registando aí a sua fórmula: velocidade + peso; que é como quem diz, punk + metal/hard rock que os levou ao speed metal e a um legado importantíssimo para as gerações futuras. Os Motörhead serão para sempre lembrados a partir deste álbum, onde usam um bombo duplo na bateria, e se os próprios não tivessem existido o rock e o metal não seriam os mesmos. Colocaram o volume no máximo, tiveram sempre um travo blues (um toque de humildade que os impediu de esquecer as suas próprias influências), influenciaram milhares de bandas que vieram depois, foram pioneiros e anos antes já faziam aquilo que os Nirvana iriam repetir anos mais tarde: juntar os punks e os metaleiros no mesmo lugar. E como o Lemmy diz no final do documentário com o seu nome, de 2010: "Don't forget us: we are Motörhead and we play rock n' roll!".

CM

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Tudo isto, e muito mais, a não perder Domingo à noite na Tejo FMA partir das 22h nos 102.9 FM para ou Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.

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