Por esta altura, o post-rock já não é novidade para ninguém. Isso não invalida que ainda se façam discos interessantes no género, nomeadamente em Portugal. Com um pé nos Mogwai e outro nos Baroness (lá vêm as malditas comparações), os Catacombe produzem um disco que, ainda assim, respira Portugal.
O som de Kinetic está claramente virado para o espaço, mas é apimentado com melancolia tipicamente portuguesa. Quase que é possível ouvir guitarras portuguesas ao longo do álbum. Esta tendência para o espaço, tipicamente prog-rock, fica sublinhada por teclados e sintetizadores que vão aparecendo a espaços, ainda que de forma bastante suave. Como se espera de um disco de post-rock, o feedback de guitarras é uma fatia significativa de Kinetic - um sintoma de que os Catacombe não pretendem limar o som à medida de uma maior aceitação mediática. Isto, se fizer sentido falar em mediatismo em Portugal.
Estará a música instrumental a tomar de assalto os lugares de destaque do panorama rock? Internacionalmente os Karma To Burn despejam álbuns desde o seu regresso e os Mogwai voltaram aos discos em 2011. Em Portugal temos os entusiasticamente destacados Black Bombaim, Aspen e Killimanjaro. Uma janela de oportunidade que se pode abrir para os Catacombe se o caminho for o trilhado por este Kinetic.
André BedaOs Catacombe são, de certeza, um dos projectos com menos exposição nesta lista dos 15 melhores nacionais para o Ruído Alternativo. A banda baseia toda a sua energia num post-rock que nos teima em remeter para sonhos ou viagens espaciais. Se referências serão precisas, coloquem no vosso imaginário Mogwai ou Trail Of Dead. Se mesmo assim não chegar, acresentem uns portugueses The Allstar Project (também um dos melhores de 2011), uns Linda Martini, sem os seus fãs ferverosos e sem o poderio comercial latente que contêm, ou uns Indignu mais pesados (que em 2010 fizeram um brilharete), tudo isto a piscar o olho ao peso e força dos Russian Circles.Kinetic é uma obra que deve ser escutada pelo seu todo - assim como deve ser feito com qualquer álbum dos Pink Floyd -, de forma a digerir todos os andamentos e os sentimentos carregados em cada música. E como a música não vive só da palavra, é fácil perceber que neste trabalho totalmente instrumental os sentimentos latentes pela força que cada nota traz impregnada. Esta, que é a estreia dos Catacombe, pode ser difícil de ouvir mas o desafio que esta música nos coloca é esse: "e se ouvir isto novamente?". Aí, as respostas vão-se diluindo a cada nova escuta e a beleza é revelada aos poucos e poucos. Difícil, aqui, será destacar as suas canções preferidas. Um post-rock belo que pecou pela descrição na promoção. Lá fora já há ouvidos atentos a este disco, que saiu mesmo mesmo no início de 2011, falta agora uma canalização na promoção da própria banda. No entanto, se os Catacombe querem actuar desta forma, fica o culto de 2011: Kinetic.
Carlos Montês
"Os Catacombe são, de certeza, um dos projectos com menos exposição nesta lista dos 15 melhores nacionais para o Ruído Alternativo"
ResponderEliminarMas dessa lista são concerteza os únicos que têm o seu álbum espalhado e reconhecido pelos 4 cantos do mundo ;)
Hey.
ResponderEliminarPois a essa informação não tive acesso, mas sabia que pelo menos eram falados. Daí ter feito o reparo, para induzir totalmente em erro as pessoas: "Lá fora já há ouvidos atentos a este disco,..."
*para não induzur
ResponderEliminarUma grande promessa nacional sem duvida, de salientar que (do que eu vi) ao vivo soam ainda melhores. Excelentes músicos, ficamos a aguardar novidades para este 2012.
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