quarta-feira, agosto 01, 2012

Ruído Alternativo N'"O Povo Do Cartaxo" - Epílogo

Foi a 19 de Novembro de 2010 que iniciámos a nossa aventura pelo jornal local O Povo Do Cartaxo. Pela nossa própria iniciativa desafiámo-nos a escrever quinzenalmente sobre música para esta publicação. Foram 20 artigos para cada um dos elementos da equipa do Ruído Alternativo, sempre bem recebidos pelo director do jornal Jorge Eusébio.
Ao longo de quase dois anos, cada um dos membros do Ruído Alternativo, André Beda e Carlos Montês, construíram um espaço de opinião onde tentaram demonstrar os seus pontos de vista sobre toda a indústria e actualidade musical. Podemos dar asas ao nosso sentido crítico (e até jornalístico, com a cedência de algumas entrevistas e notícias sobre música e eventos) e ainda explorar novos campos de divulgação de conteúdos musicais não só restringidos ao rock.
Em baixo deixamos o último artigo que produzimos para O Povo Do Cartaxo que foi para as bancas no dia 20 de Julho. O texto número 41, divido por André Beda e Carlos Montês, em sinal de despedida:
Até Breve E Boas Audições
Num país no qual se dá pouco valor à cultura, pode parecer idiota querer viver da música ou da escrita sobre ela.
Não digo que não. Está tudo certo com esse raciocínio e a vida real encarrega-se de o comprovar. Aliás, no meio de toda esta história essa é a única componente racional. Gostar de música não é, de facto, algo fácil de se explicar, dando alguma razão ao velho ditado “gostos não se discutem”. Na verdade discutem-se e é saudável que isso aconteça! Caso contrário este espaço do jornal O Povo do Cartaxo, que agora chega ao fim, nunca teria chegado a existir. De qualquer forma, não é fácil descrever as sensações que Roger Waters ao vivo em Berlim, o segundo disco dos Down e o documentário “Such Hawks Such Hounds” despertam nas minhas componentes psíquicas e até físicas. Ainda mais difícil de explicar é a necessidade de procurar mais música nova, especialmente quando a que tenho guardada no disco externo já deve chegar para sonorizar uma mão cheia de décadas.
Até consigo organizar as etapas para o desenvolvimento desta paixão pela música de forma cronológica: desde que comecei a ouvir rádio e a descobrir música para além daquela a que todos têm acesso, passando pelos primeiros concertos e por um mítico e-mail enviado a uma certa estação de rádio, até à concretização deste espaço ou do ansiado curso de jornalismo e crítica musical. A verdade é que hoje, quatro anos depois do tal e-mail, cada vez gosto mais do que faço na área da música, embora apenas o faça por pura carolice. E tenho consciência que há fortes possibilidades de nunca passar disso mesmo: carolice. O certo é que enquanto me der gozo ouvir música e pensa-la, vou fazê-lo com todo o gosto. Concluindo e adaptando uma frase do treinador de futebol Fernando Santos: “o que é que querem pá? Gosto de música!”.
por André Beda
Lembro-me vagamente como apaixonei pela música. Nos meus idos 14 anos, no esplendor da minha adolescência salpicada por algumas borbulhas, ouvi, por pura curiosidade, o disco “Toxicity” dos System Of A Down. Através do meu irmão mais velho, tinha lá por casa este álbum, gravado num CD escrito a tinta de acetato, e decidi ouvi-lo numa pequena aparelhagem que ainda tenho. Foi com aquele álbum de música que revia todas as “revoltas”, as “angústias” e as “amarguras” (tudo com muitas aspas) daquela minha idade. Foi com aquele álbum que me revi e apaixonei pela música. No entanto, aquele momento, aquele clique, já há muito que se fazia aguardar. Já tinha começado, cerca de dois anos antes, a gravar a música da rádio – a música da moda na altura – em cassetes velhas que os meus pais não ouviam no carro. Pegava em bocados de fita-cola, colocava-os nas cassetes de ‘Quins Barreiros’, ‘Tonys Carreiras’ e outras coisas do arco-da-velha, e lá me divertia a ouvir as músicas com as quais me identificava muito antes de as conseguir apreciar condignamente.
Hoje tenho quase 22 anos, e com o meu colega e grande amigo André Beda, estou prestes a terminar um projecto ambicioso (dentro dos nossos poderes e limites criativos actuais). O Ruído Alternativo foi um laboratório para as nossas experiências enquanto radialistas (Rádio Cartaxo), enquanto escritores/críticos/jornalistas musicais (O Povo Do Cartaxo/Blog), enquanto organizadores de eventos (festival/DJs) e, acima de tudo, como amantes de música – quer seja ela rock, pop, metal, hip hop, fado ou coisa que o valha. Um projecto ao qual agradeço a todos os que me apoiaram e ajudaram a desenvolver (infelizmente não consigo enumerar todos os nomes aqui). Um projecto do qual apenas irei guardar uma mágoa: saber de antemão que a cultura é um parente menor de todas as disciplinas em Portugal. Mas uma coisa é certa, tentarei contrariar e lutar contra essa ideia. Como desde de 6 de Setembro de 2008, no início do projecto Ruído Alternativo.
por Carlos Montês
Mais uma vez, deixamos aqui os nossos mais sinceros agradecimentos pela oportunidade que nos foi dada neste meio de comunicação.
Um especial agradecimento ao director Jorge Eusébio.
A equipa,
Ruído Alternativo

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