sexta-feira, outubro 26, 2018

Antevisão/Destaques: Programa 389

O regresso da rubrica Colecção RA dá-se este Domingo, 28 de Outubro. E, para esta emissão, trazemos mais dois clássicos para escutar na íntegra.

Em baixo falamos um pouco mais sobre estes dois discos, que entram agora na nossa colecção.

1ª parte:

(1993) Morphine - Cure For Pain

Tudo começa com o tema "Cherokee Dance" de Bob "Froggy" Landers. Esta canção fez com que Mark Sandman, futuro líder dos Morphine, começasse a experimentar diferentes set-ups de instrumentos - afinal nesse tema de 1956 eram usadas cordas de baixo numa guitarra eléctrica. Mas essas experiências não começaram com os Morphine, nascidos em 1989. Já nos Treat Her Right, o músico norte-americano usava uma auto-intitulada "low guitar" que tentava mimetizar um baixo, num grupo que em 1991 viria a terminar e onde Sandman deixou três discos de originais sem o sucesso que procurava. Na época, Mark Sandman tinha dezenas de projectos e bandas paralelas e colocou na linha da frente os Morphine. Sandman no baixo slide de apenas duas cordas e na voz, Dana Colley (com ligação aos Treat Her Right) no saxofone barítono e Jerome Deupree (que tocou com Mark nos Hypnosonics) na bateria. Guitarras eléctricas?, nem vê-las. Estava assim criada uma das bandas mais originais que o rock viu nascer e que juntava o blues e o jazz na sua identidade sonora. Só por volta dos 40 anos é que Sandman alcançou o sucesso feito à sua medida, num meio alternativo e com a independência artística que sempre procurou. Em 1992, os Morphine lançaram o seu disco de estreia, Good, bem aceite pela imprensa mas que se ficou pelo underground norte-americano, e só ao segundo trabalho é que o grupo deu um salto, mostrando todo o seu "poderio" musical. Cure For Pain saiu em Setembro de 1993 e nos meses seguintes atingiu um sucesso até então nunca vivido pelo trio. É certo que um sucesso comedido, mas mediático, que deu o tom para o resto da sua carreira: uma banda cool e com um som inusitado, que lhes permitiu tours nos E.U.A. e no resto do mundo. No meio deste processo, faz ainda parte Billy Conway (baterista dos Treat Her Right) que foi substituindo Jerome Deupree que sofrera de vários problemas de saúde. Nasceu, assim, uma banda única do universo rock, os Morphine.

CM

2ª parte:

(2009) Bizarra Locomotiva - Álbum Negro

Vinte e cinco anos a batalhar no underground nacional é algo que não deve ser tomado de ânimo leve. Cientes disso mesmo, em 2018 os Bizarra Locomotiva assinalaram a efeméride com uma tour que passou um pouco por todo o país e que ainda tem datas marcadas. Em 1993 começava assim uma viagem ferroviária que lhes traria um fiel e numeroso grupo de seguidores que serão, talvez, os mais fieis do público português - ainda que nem sempre os media lhes tenham prestado a devida atenção. É certo que o som da Locomotiva não é dos mais acessíveis às massas, mas o grupo é, sem sombra de dúvidas, o porta-estandarte da música industrial feita em Portugal. Depois de vários álbuns assumidamente conceptuais, em 2009, os Bizarra Locomotiva apresentaram Álbum Negro, o mais denso, pesado e bem sucedido trabalho da sua carreira - o qual lhes permitiu andar incessantemente na estrada durante seis anos, sem lançar qualquer novo disco. Apesar do ambiente quase apocalíptico de Álbum Negro, este acabou por se tornar no mais transversal álbum da discografia da banda entre público e imprensa: um marco para os Bizarra Locomotiva e para o rock industrial nacional que dissecamos neste próximo programa. 

AB

Ruído AlternativoDomingo22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui).

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