Em 1966 os Beach Boys criavam um capítulo da história do rock que ganhou contornos de imortalidade. Brian Wilson foi o génio por detrás desta obra, Pet Sounds, que ouviremos na primeira hora. Na segunda parte deste Ruído Alternativo, reunimos também nós a formação clássica dos Misfits (sim, Glenn Danzig incluído) com o álbum Walk Among Us (1982). Discos para conhecer ao longa da próxima emissão e também aqui em baixo.
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(1966) The Beach Boys - Pet Sounds
Depois de fazedores de canções sobre carros, praia, surf, miúdas e o amor, os Beach Boys encontravam-se num confronto com o seu líder, Brian Wilson, que queria algo mais. Em 1964 a complexidade começou a entrar nas linhas da música do grupo e nesse mesmo ano um ataque de pânico num avião arreda Wilson, por vontade própria, dos concertos ao vivo. Mentalmente devastado foca-se na escrita, na produção e na composição da melhor música rock possível. Pet Sounds foi o objecto desse objectivo e a obra maior de um génio a borbulhar entre drogas e inspirado em Phil Spector. O restante grupo dos Beach Boys quase só fez as harmonias para a gravação deste disco, pelo que é fácil de entender o porquê da crítica sempre apontar este trabalho como um disco a solo de Brian. Porém os próprios perceberam que ao serem o veículo das ideias de Brian que conseguiriam alcançar também uma fatia diferente do público, para além de fazerem história - houve conflitos mas sanaram-se. Brian juntou-se ao escritor Tony Asher e reuniu à sua volta cerca de 60 músicos de sessão, da música clássica a "discípulos" de Phil Spector, para construir uma obra conceptual e que sempre teve como objectivo ser ouvida como uma peça só, e não como um trabalho com músicas avulso e para "encher chouriços". O disco a seguir era Smile, um disco que queria superar este, mas que Brian não foi capaz de concretizar. Porém, Pet Sounds transformou-se com toda a certeza num dos capítulos mais inovadores do rock, um dos primeiros marcos da contracultura e do psicadelismo, um clássico também da pop, um dos primeiros pontapés para o prog, uma mescla de géneros musicais... incontornável. Um disco eclético e obrigatório.
CM
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Como qualquer boa banda de punk que se preze, a fama dos Misfits foi conquistada à custa de muito suor e paciência. As músicas escritas por Glenn Danzig entre 1978 e 1983 demoraram décadas a chegar aos ouvidos de muito boa gente que hoje rejubila com o regresso da banda. "Do It Yourself" é a máxima do punk, aplicada na totalidade pelos Misfts que saltaram de pequeno lançamento em pequeno lançamento de autor até, em 1982, editarem Walk Among Us. Até aquele que era para ser o seu primeiro álbum, Static Age, permaneceu na gaveta até 1997, fruto da falta de interesse das editoras. A Slash Records, por outro lado, viu em 1982 a oportunidade de assinar com uma banda de punk com a cabeça na ficção científica e um visual arrojado. Com Walk Among Us, a música dos Misfits deixava de ser punk rock e passava a chamar-se horror punk, um movimento que não tem tão poucos seguidores como se possa imaginar (vide a fase inicial da carreira dos The Horrors). Trinta e três anos depois de tocarem juntos pela última vez, Danzig, Only e Doyle já não são apenas uma sensação underground, mas sim uma reunião a pender para o enorme. Clássicos como "Hatebreeders", "All Hell Breaks Loose" ou "Vampiria" vão ser, pela primeira vez, tocados para uma grande audiência e obter o devido reconhecimento. Temas para ouvir também no próximo Ruído Alternativo em modo Colecção RA.
AB
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Tudo isto, e muito mais, a não perder Domingo à noite na Tejo FM. A partir das 22h nos 102.9 FM para ou Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online emwww.tejoradiojornal.pt.
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