Esta temporada de Ruído Alternativo está no ar há cerca de um mês e agora é chegado o momento do regresso de um clássico do último Domingo de cada mês. Colecção RA, este Domingo, dia 25 de Outubro, com os discos Fun House (1970) dos The Stooges e Demanufacture (1995) dos Fear Factory para ouvir na íntegra.
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Foram uma das bandas mais mal amadas - fala-se em concertos apáticos e hostis -; não tiveram um sucesso comercial que alguma vez pudesse esperar deles um marco na história do rock, mas, a verdade, é que marcaram a história como poucos. Os Stooges, de Iggy Pop, dos irmãos Ron e Scott Asheton e de Dave Alexander, quando tudo indicava tornarem-se apenas num apontamento da historia da música norte-americana, com o nascimento do punk, tornaram-se em lendas e um dos grandes destaques do rock com o desenvolvimento do género que colocou um ponto final à hegemonia do prog e que pôs a música acelerada na ordem do dia. Com The Stooges (o disco, 1969), Fun House (1970) e Raw Power (1973), os Stooges pouco se destacaram - quer na imprensa musical, quer no seio do grande público. Todavia, foram precisos uns fãs atentos à sua música e a popularização do punk rock para que fosse feita justiça - anos mais tarde - a uma banda decididamente à frente do seu tempo; uma banda que experimentou coisas novas quando na altura 'tudo pareciam imitações do blues'. E nem só o punk foi beber da música dos Stooges (ou dos MC5, seus contemporâneos), o heavy metal, o hard rock e a música experimental também muito devem às singularidades de uma música furiosa, e ou mesmo tempo exploratória, que os norte-americanos souberem criar. Se Raw Power é o disco que mais se aproxima daquilo a que depois foi desenvolvido e transformado em punk, com Fun House, e, principalmente, com a passagem fugaz do saxofonista Steve Mackay no grupo, novos territórios foram explorados e criados por um grupo selvagem e arruaceiro. Fun House em muito se deve a este saxofonista que, após a integração neste disco, apenas se tornaria membro a tempo inteiro dos Stooges em 2003 até à data da sua morte, no passado dia 10 de Outubro. E, para além de uma homenagem a um disco fora do seu tempo, nesta emissão fazer-se-á justiça a um músico que em pouco tempo moldou parte da rebeldia de outros quatro desordeiros e pioneiros.
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Maquinaria e futuro sempre foram os dois pontos fulcrais no imaginário dos Fear Factory. Ainda assim, a banda chega a 2015 a olhar para o passado e o futuro ao mesmo tempo: Demanufacture faz 20 anos que serão devidamente assinalados, mas ainda assim não deixaram de lançar um novo trabalho este ano, Genexus. Tantas disputas internas e altos e baixos depois, nem poderia ser de outra forma, pois afinal os Fear Factory estiveram um passo à frente das outras bandas dos anos 90 e, a certo momento, até gozaram de um alargado sucesso comercial. Ainda assim, como em tantos outros casos, foram o sucesso e as somas monetárias cada vez mais elevadas que precipitaram o final da banda. Mal ou bem, depois de um curto período afastados, os Fear Factory persistem até aos dias de hoje fiéis ao que sempre os caracterizou: lançar música futurista e ambiciosa. Agora, como referido, também é tempo de olhar para trás e da banda prestar a devida homenagem ao disco que definiu o seu som. Demanufacture faz 20 anos e será tocado na íntegra um pouco por toda a Europa, numa tour que chega a Portugal a 15 de Novembro para um concerto no Paradise Garage. Este é também o mote para a chegada deste disco a mais uma edição da rubrica Colecção RA.
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