Assinalando uma reedição e uma efeméride, chegamos ao final de Maio com mais dois discos proeminentes para ouvir na integra: The Rolling Stones e Joy Division para escutar e perceber neste Domingo de Ruído Alternativo a partir das 22h, na Tejo FM!
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Em 1971 os Rolling Stones contavam com nove anos de carreira e já oito discos de originais editados. Nesse mesmo ano preparavam-se para lançar Sticky Fingers (o nono na conta no que diz respeito a LPs), mais um passo certo para a afirmação como uma das maiores bandas do rock de sempre [algo mais do que confirmado chegados aos dias de hoje e passados 53 anos desde o nascimento do grupo]. Sticky Fingers é sinónimo de dois marcos: é o primeiro disco com a total liberdade do lado dos Stones, depois de terminados os contractos discográficos com a Decca Records e a London Records, o que lhes permitiu avançar para um disco na sua própria editora sem entraves e até para a criação de uma capa com a autoria do ícone pop Andy Warhol (uma imagem polémica com um volumoso pénis em destaque debaixo dos jeans, que foi censurada em Espanha, e com um fecho e um cinto reais); como segundo marco temos o logo dos Stones, o Tongue & Lips Design surge pela primeira vez neste disco sendo adoptado a partir daqui como logo oficial do grupo - hoje o mais reconhecido de sempre na indústria musical. Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, Bill Wyman e Charlie Watts são os obreiros do terceiro disco da época dourada dos Rolling Stones [depois de Beggars' Banquet (1968) e Let It Bleed (1969), ao qual se juntaria Exile On Main St. (1972) formando o quarteto desta era cheia de vendas e aplausos da crítica para os Stones]. Um Sticky Fingers que apresenta diversas influências, o habitual blues-rock ao qual se juntam uma boa dose country, inspiração soul e ainda alguns pós da música latina. Tudo dados que cimentaram ainda mais o estatuto dos Stones, num disco onde estão as grandes "Brown Sugar" e de "Wild Horses" - e que tem o grande Bobby Keys à espreita no saxofone (falecido no ano passado) -; um álbum alegre mas também negro, controverso, polémico e arrebatador. Os Rolling Stones em '71.
Carlos Montês
Já na segunda parte mergulhamos na densidade do som negro dos Joy Division, com o seu primeiro LP Unknown Pleasures, de 1979. Depois de um bem recebido EP (An Ideal For Living), a banda de Manchester entrou em estúdio com o produtor Martin Hannett para gravar este registo de estreia. No entanto, a banda não ficou totalmente satisfeita com o resultado final, por ter retirado a crueza do seu som ao vivo, mas Peter Hook viria a afirmar que Hannett era o "pai" do som dos Joy Division. Unknown Pleasures não chegou a entrar nos tops de vendas, mas acabou por permitir ao grupo dedicar-se à música a tempo inteiro. Mais importante que isso será a influencia e as sementes que o disco espalhou no universo do rock, que se estendem até à actualidade. No entanto, ao falar de Joy Division é difícil passar ao lado dos dramas pessoais de Ian Curtis ("um tipo normal como tu e eu", nas palavras de Stephen Morris): a sua luta contra a incurável epilepsia e o seu casamento arruinado com Deborah Curtis. Nas vésperas da primeira tour americana da banda, e já depois de uma primeira tentativa de suicídio, Curtis foi encontrado morto pela esposa, tendo-se enforcado na madrugada de 18 de Maio de 1980, a cerca de dois meses da edição de Closer. No mês que se completaram 35 anos sobre estes trágicos acontecimentos, pegamos em Unknown Pleasures para celebrar e apreciar a música da seminal estreia em longa-duração dos Joy Division.
André Beda
Tudo isto, e muito mais, a não perder hoje à noite. A partir das 22 horas na Tejo FM em 102.9 FM para o Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.
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