O próximo Ruído Alternativo chega em modo Colecção RA com dois álbuns para ouvir na íntegra por razões bem diferentes. Dão entrada nesta prateleira dos discos Spirit Of Eden dos Talk Talk, em jeito de homenagem ao recém-desaparecido Mark Hollis, e também The White Stripes dos White Stripes, trabalho que comemora em 2019 o seu vigésimo aniversário.
Esta é mais uma emissão a não perder com dois grandes discos em análise:
Esta é mais uma emissão a não perder com dois grandes discos em análise:
1ª parte:
(1988) Talk Talk - Spirit Of Eden
No início da década de 1980 os Talk Talk eram um força da synth-pop e da new wave, os géneros que por esta época dominavam os tops. A banda de Londres recolhia os proveitos dos seus dois primeiros álbuns The Party's Over (1982) e It's My Life (1984), com este último a destacar-se com o tema que lhe deu nome. "It's My Life" - a canção - é um incontornável êxito da década de '80 e deu mais orçamento para a banda de Mark Hollis. No entanto, na sua terra, no Reino Unido, as coisas não lhes corriam tão bem - excepto com este êxito: o álbum teimou em não ter o mesmo alcance e sucesso que o famoso single. E, revoltados com esta "sabotagem", os Talk Talk começam a sabotar o seu próprio sucesso no mainstream [basta ver o videoclip de "It's My Life", com um propositado mau playback de Hollis]... No disco seguinte, veio o sucesso dentro de portas, com The Colour Of Spring (1986): a banda começou a mudar o seu norte e deixou cair por terra, neste álbum, os tão afamados sintetizadores sintonizando-se com os caminhos alternativos da pop. E, ainda com mais dinheiro, há mais condições. O grupo encheu-se de convidados e, segundo reza a história, puderam finalmente colocar em prática o leque de influências que desde início tinham: com grande destaque para o jazz. O resultado foi um longo processo de gravações que resultou em muitas horas de experimentação e improvisação. Juntemos à equação o rock, o dub, a música clássica e a música ambiente, e está completa a nova constelação que guiou os últimos dois discos dos Talk Talk. Saíu Spirit Of Eden (1988) e, apesar de um inicial cepticismo perante a sua música, o tempo deu razão àquilo que haviam feito. Os Talk Talk tornaram-se num dos pioneiros do final da década e estiveram na génese do post-rock que só quase uma década depois é que começou a ser reconhecido como género musical. A editora não gostou, mas a banda fez finca-pé e manteve íntegra a sua criatividade. E assim se fez história sem o saber...
CM
2ª parte:
(1999) The White Stripes - The White Stripes
Em 1999, uma banda vestida de vermelho e branco, composta por dois supostos irmãos, estreava-se nos discos. Com todo um imaginário cuidadosamente trabalhado, os White Stripes tinham nascido no underground de Detroit, uma cidade com um importante passado ligado ao rock, e esse facto é mais notório neste seu primeiro LP. Jack White disse mesmo, em 2003, o ano em que o duo passou de grande a gigante com a edição de Elephant, que este era o álbum mais cru e ligado à motor city da sua carreira. Ao longo de The White Stripes a banda faz uma ostensiva homenagem aos blues do delta do Mississipi dos anos 30, 40 e 50, servida numa base sonora incrivelmente crua, dando o tiro de partida às comparações com os Led Zeppelin. De facto, esta paixão pela canção negra foi o que motivou os Zeppelin e inúmeras bandas a criar música e é curioso verificar que muitas vezes as sonoridades mais refrescantes nascem com um olhar ao início de tudo: os blues. Com este regresso ao passado, Jack e Meg White apontaram o caminho a seguir pelo rock no início do século XXI. E tudo começou em 1999 com um disco simples e despido de artifícios a nível sonoro.
AB
Ruído Alternativo: Domingo, 22h-24h na Tejo FM (emissão online aqui).
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