Faça-se a devida vénia ao trabalho que os Devil In Me têm feito ao longo da sua carreira. Podem não estar na televisão (também não abunda música na televisão, isso é certo) e ter um airplay nas rádios para lá de precário. O que é certo é que, em Portugal, os músicos não se podem deixar abater por isso, caso contrário teríamos muito pouca produção musical no nosso país. A força de querer continuar a produzir música fez dos Devil In Me uma das maiores bandas do underground nacional e abriu-lhes as portas a tours europeias e americanas.
Ao terceiro disco, o espírito é o mesmo que o do primeiro: os Devil In Me são uma banda de hardcore e tendem a não se desviar um milímetro dessa linha. Não há uma tentativa de fazer uma música mais comercial que abra outras portas ao grupo. A isto pode-se chamar lealdade aos fãs e seguidores, embora essa lealdade se possa tornar em repetição de ideias e melodias. A verdade é que não é fácil agradar aos fãs e aos que fazem este tipo de reviews aos discos: quer arrisquem, quer mantenham a sua sonoridade, é altamente provável que haja quem não goste. Mas isso faz parte da vida de quem escolhe ser músico.
The End (não se assustem, pois, segundo a banda, não é um presságio de nada de mau para os seus seguidores) é um digno sucessor dos lançamentos anteriores dos Devil In Me (Born To Lose de 2006 e Brothers In Arms de 2007). Na minha opinião, no conjunto, é o melhor lançamento da banda, por se notar uma maior maturidade e certeza nas suas músicas. O tema central deste disco é uma grande prova disso: embora hoje seja muito fácil falar e protestar contra o que está mal, isso não deixa de ser uma prova de eloquência por parte de quem escreve as músicas. Há quem diga que é populismo fácil (utilizando uma expressão repetida vezes sem conta nos meandros da política), eu prefiro não ser tão quadrado. Músicas como "The End", "Right My Wrongs" e "Doomsday" demonstram uma maturidade que, muitas vezes, é difícil de encontrar nas bandas de punk.
Os Devil In Me já tiveram o apoio de grandes marcas de roupa e acessórios (ou lá o que seja), mas para mim, o motivo pelo qual o seu trabalho é notável aos meus olhos é este The End, mais uma das provas que o rock nacional está bem vivo, apesar de todas as contrariedades. Se ainda não estão convencidos façam o favor de dar uma vista de olhos aos outros 14 discos nacionais presentes nesta análise.
André Beda
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