A Análise: Mosh - "Bastard"

Bastante interessantes têm sido os projectos dentro da área do heavy rock/metal nacional que têm aparecido nos últimos anos. Bastard dos Mosh é mais um disco que segue a linha do que os Miss Lava fizeram no ano passado, por exemplo. Infelizmente para a banda e para os apreciadores de música os Mosh são do tipo de bandas que vão ter muitas dificuldades em continuar. Para já a banda não tem qualquer concerto agendado. Bastard não fez muito burburinho pelo mundo da música, mas isso não nos impede de fazermos, aqui, uma análise ao que realmente interessa: a música.

Bastard são cerca de 35 minutos de puro rock n' roll, onde os Mosh viajam desde a sonoridade rock mais convencional ("Alone") até faixas incrivelmente pesadas ("Shame"), tendo sempre como base orientadora o stoner rock. Se precisam de referências, tentando não entrar em comparações, estes rapazes estão muito próximos daquilo que os Down fazem desde o início da sua carreira, mas com ainda mais peso adicionado. Instrumentalmente muito bem trabalhado pelos Mosh, Bastard contém alguns dos riffs mais entusiasmantes que ouvi nos últimos tempos. E quando digo entusiasmantes, não digo que me soam "porreiramente pá!" ao ouvido: estão neste disco algumas composições instrumentais a nível de guitarra bastante complexas, casos de "Liar", "Blow" e "Rage Within".

Alguém me explica porque só nos anos 2000 começamos a ouvir bandas stoner nacionais? Nós, portugueses, até somos bastante bons nisto! O problema é que poderemos não ter tantos ouvintes do género quanto isso. Mas se por outro lado pensarmos que os concertos dos Kyuss em solo nacional estarão lotados, que os Miss Lava e os Black Bombaim estão a fazer sucesso (lá fora inclusive), então não podemos assumir que esta "batalha" está perdida. Basta que bandas como os Mosh nos continuem a brindar com lançamentos deste nível para que, daqui a algum tempo, tenhamos um público criado. Bom trabalho rapazes!

André Beda